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ANY

Eu não fazia ideia de como eu tinha chegado ali, mas a única coisa que eu sabia era que eu estava andando de carro com Noah Urrea  num domingo, indo para lugar nenhum. Ele tinha me resgatado da festa e descido as escadas do prédio correndo comigo, o que me fez sentir como se eu estivesse em um filme. Era como se o galã tivesse salvado a mocinha do destino chato dela e a feito acreditar que coisas impossíveis podem acontecer.

Corremos até o carro dele e entramos depressa, como se estivéssemos em uma perseguição policial. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas pela forma como ele e o pai estavam discutindo antes da gente fugir, tudo o que Noah queria era se distanciar ao máximo daquela festa.

Ele saiu depressa com o carro e dirigiu por Nova York como se estivéssemos fugindo do país. O único som que podia ser ouvido dentro do carro eram nossas respirações ofegantes e o rádio dando as notícias da madrugada.

- Any... - começou ele, assim que paramos em um sinal - eu não devia ter feito isso. Você tava trabalhando. Vou te levar de volta... - disse, dando seta para pegar o primeiro retorno.

- Não! - falei, com uma voz mais alta do que eu queria - não, eu não quero. Agora que você me fez provar da liberdade, eu não quero voltar pra prisão.

Noah riu de leve, mas parecia um pouco incomodado.

- Eu geralmente não fujo dos meus problemas, mas hoje foi uma emergência - justificou-se ele, como se estivesse arrependido de estar dividindo aquela parte da vida com uma estranha - meu pai também não é sempre daquele jeito, então a situação toda foi bem atípica - explicou, querendo me convencer - a gente raramente briga assim. Hoje foi uma exceção. Acho que nunca aconteceu antes.

- Imagino... - falei, tendo certeza de que não era verdade. Noah estava ansioso de mais, passando a mão nos cabelos e batendo com os dedos no volante. Era como se precisasse conversar, mas não se sentisse confortável o suficiente para se abrir comigo - tá com fome? - perguntei, querendo mudar de assunto.

- Muita.

- A gente pode passar naquela lanchonete em formato de disco voador que abriu ao lado da loja da Apple para ver se os sanduíches são mesmo de outro mundo - falei, me referindo a propaganda que faziam na TV.

Noah riu, parecendo relaxar um pouco. Seguimos a caminho da lanchonete e a maneira como ele conversava foi se transformando. Em pouco tempo ele estava me contando das coisas absurdas que ele e os outros membros da banda haviam feito quando estudavam juntos na escola. A forma como ele conversava era tranquila, quase como se estivesse com sono.

***

- Sei... - Ele ria da historia e parecia ter esquecido como tínhamos chegado ali. Meu plano estava funcionando. Noah realmente já estava mais tranquilo quando chegamos na lanchonete - vou lá dentro comprar e trazer para o carro - disse ele, desligando o motor - parece que tem muita gente lá dentro e eu não queria chamar atenção.

- Sem problemas - falei, me aconchegando no banco do carro.

- Enquanto eu vou, pensa aí na coisa mais louca que você ja fez. Essa historia de só ter pegado uma borracha do chão não cola comigo.

Noah deu um leve sorriso e piscou para mim, saindo do carro e caminhando rapidamente até a lanchonete. Merda, ele era lindo... e eu não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo na minha vida. Tinha quase certeza de que eu havia batido a cabeça no Chikas Lokas e estava desmaiada no banheiro, sonhando com toda aquela situação. Como eu, Any, estava no carro caro e bonito de Noah Urrea esperando ele buscar a janta? Desde quando aquilo acontecia? Aproveitei que estava sozinha para enviar uma mensagem no grupo que eu tinha com Sav e Sabina.

A Vida é Dura Pra Quem é Any || Adaptação Noany Onde histórias criam vida. Descubra agora