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Lili p.o.v

Eu admito que estava com saudades do Rafael, faz tanto tempo que não nos falamos, ainda mais depois do nosso término, que foi tão confuso.
Gostaria de poder conversar com ele um dia sobre isso, talvez pedir desculpas pela forma que fui grosseira ao pensar apenas em mim, e omitindo os sentimentos dele não só comigo, mas com a Sofia também.

Também não posso negar que ele estava muito bonito com certeza, as roupas menos surradas, com os cabelos raspados, acredito que ao ir embora Rafael se reinventou, e agora esse é o novo ele, gostaria muito de saber se a forma que ele lida com relacionamentos também mudou, não que eu me importasse!

Por um instante me lembro da época em que estávamos juntos, era uma época boa, pois por mais conturbada que estivesse as vidas de todos, ainda era meramente feliz.
Hoje, é como se um ciclo novo tivesse começado, e junto com ele tanta desgraça, deixando todos nós completamente confusos sobre nossos sentimentos, sobre nós mesmos.

O meu namoro com o Rafael apesar de ter sido de curto prazo, foi prazeroso, teve muito companheirismo, e também muito feliz.

Acho que, mesmo que inconscientemente, eu sinto muita falta dessa época, do meu relacionamento com ele, saudade das boas memórias que compartilhamos juntos.

- Lili! Olha, eu sei que nos começamos da maneira errada, e que você deve estar chateada comigo... - alguém diz atrás de mim.

- Augusto! Claro que não, de forma alguma, não estou chateada com você - digo.

- então... nós... ainda estamos de pé? - ele diz enquanto coçava a cabeça timidamente.

- não foi isso que eu quis dizer.. - digo.

- não?

- olha Augusto... você tem sido muito bacana comigo, sempre foi super gentil e sincero, nós nos damos super bem, mas eu não quero assumir um relacionamento com você - digo.

- Ah.. me desculpe! Eu não queria ter parecido tão intrometido - ele diz.

- você não foi! É apenas uma questão minha, eu desejo muito que você encontre alguém que te faça bem Augusto, mas eu não sou essa pessoa, por mais que eu e você queiramos.

- tudo bem... aliás, eu irei voltar para Londres, acho que o meu lugar é lá mesmo - ele diz.

- É quando vai ser a sua viagem? - digo.

- hoje a noite... Bom, eu só queria me despedir, na verdade eu iria fazer o convite para você vir comigo, mas eu já entendi o recado, então... adeus! - ele diz.

- adeus Augusto! - digo.

Me aproximo e entrelaço minhas mãos em seu pescoço, ele coloca suas mãos em minhas costas, deito minha cabeça em seu ombro, o encaixando em um abraço apertado e aconchegante.

Logo ele se despede e sai em meio a multidão.
Eu não me arrependo de não ter aceitado assumir algo com Augusto, muito menos de ter recusado ir para Londres, afinal nos nao podemos forçar sentimento algum por alguém, e eu nunca iria conseguir conviver em um relacionamento onde não exista amor, apesar de ter vivido mais de vinte anos com o germano...ao menos isso ele me ensinou.

Arthur p.o.v

Não é preciso ser um gênio do sono, para saber que eu não dormi nada, minha cabeça estava a mil por hora sem sinal de que iria parar. Já tentei diversas posições para dormir, já levantei e voltei a deitar, já vi TV , já tentei ler minhas poesias para dar sono, e agora desisti de tentar e estou aqui sentado na varanda tomando um whisky para ver se acalma meus pensamentos.

Eu nem esperei a prova acabar para ir embora, não dei bola para Carolina que gritava atrás de mim, muito menos olhei para eliza, afinal ela já me disse tudo que precisava dizer, e eu já não tenho forças para tentar fazer com que ela acredite em mim.

Olho para a Lua e é inevitável não lembrar de todas as vezes que fazia isso com a Eliza, fosse na rua, na varanda de meu apartamento, era algo que nós dois apreciavamos. Será que ela ainda se acalma ao olhar para a Lua? Olho para o relógio na parede da sala, são quatro da manhã já e nada de dormir, marquei de encontrar Max e eliza na agência as dez horas. E aí me pergunto, como que irei olhar Eliza? Olhar para ela se tornou algo tão absurdo que não consigo nem explicar.

Eu fico feliz, preocupado, triste, curioso, intrigado, atraído... É muita coisa que uma só me pessoa me causa, mas não estou surpreso, pois se trata dela, a única pessoa que já deixei entrar totalmente pelas minhas barreiras, cuja qual eu fiz questão de abri-las, e jurei para mim mesmo que iria me transformar no príncipe dos seus sonhos, a única que me fez querer tentar o felizes para sempre.

Me inclino para frente e levanto, me apoiando na sacada da varanda e olhando a rua deserta de madrugada. Adoro a paz da noite, tudo parece mais calmo, mais fresco, como se respirar fosse mais fácil, olho pro céu, pra rua, pra lua e continuo sem sono.

Decido voltar para a cama tentar fechar os olhos
Mais uma vez, mas sempre que fecho parece que meu corpo ganha a habilidade de voltar no tempo, porque parece que a eliza está aqui, e sinto tudo que sentia quando a beijava, a pele arrepiar, o coração acelerar, a respiração ficar desregulada e sinto a necessidade de abrir os olhos para lembrar de que ela não está ali, merda, não vou dormir nem Mais um minuto hoje!

Olho minhas olheiras no espelho pela noite de duas horas dormidas, espero que Max não me encha de perguntas quanto a isso.

Quando acho que pareço um homem normal, e não um zumbi, vou para a agência ao chegar entro em minha sala, max já estava a minha espera, alguns minutos depois eliza chega, olhando para baixo, sem querer nossos olhares se cruzam.

Travamos uma batalha silenciosa ali, era nitido o constrangimento e raiva dentro de ambos, mas que nenhum dos dois queria demonstrar nada.

- Bom dia - Opto pelo seguro.

- Bom dia - ela responde rapidamente.

Totalmente Demais  - Uma Nova Vida Onde histórias criam vida. Descubra agora