Terceira Parte

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Desde quando tinha voltado da casa de Eren para a sua, uma sensação esquisita tinha tomado conta do seu peito. 

Havia ligado para os seus amigos, marcando uma hora em específico para dar uma surra no mamute loiro depois de localizar o mesmo, mas desde que pisou o pé em casa e viu a sua coberta amarela dobrada delicadamente em cima de um dos bancos do balcão, um arrepio frio estava o incomodando na nuca. 

Não saberia dizer o que estava causando aquilo, era um sentimento quase imperceptível se estivesse ocupado com alguma coisa, mas não estava.

E era exatamente aquilo que o incomodava. 

Bom, se fosse considerar que Eren havia caído feito uma bomba na sua vida, fazendo seus sentimentos ficarem confusos de uma hora para a outra, nem deveria questionar. Porque na questão de um dia e meio, aquele garoto o fez sentir coisas que nunca havia sentindo em todos esses anos. 

Era certo que sempre lutou pelos ômegas e seus direitos, e sempre deixou bem claro o que acontecia se algo saísse do controle durante as rachas, mas porque que com aquele ômega tinha sido diferente? Por que o cheiro dele foi agradável de ter por perto? 

Por que se sentiu tão protetor com ele?  

Por que o seu corpo o empurrava para voltar à casa de Eren e ficar com ele, mesmo que todas as coisas já tivessem acabado? Talvez agora ele entendesse o sentimento de desconforto. 

Estava tão acostumado a ser decisivo e certo do que queria e... aquele garoto chegou e bagunçou tudo isso de uma hora para outra a ponto de se preocupar com um desconhecido. 

Levi lentamente sentou-se no balcão da cozinha, coberta amarela o tentando-o a pegá-la. Seus olhos varreram toda a extensão do cobertor, mordendo o lábio inferior sem se dar conta. E como se fosse um imã, sua mão foi ao encontro da manta, deslizando os dedos pálidos sobre o tecido.

Pegou-a e o observou mais de perto, um cheiro tênue de baunilha e mel misturados. 

Aquele cheiro estava quase impregnado no tecido, e sua consciência dizia que deveria estar pelo seu quarto também; isso fez um segundo arrepio tomar seu corpo, desejando ter mais daquele cheiro, e sem que notasse, levou até seu nariz. Respirando tudo o que tinha de Eren nele. 

Por que eu tenho a sensação de que esse cheiro virou o meu preferido? A mente dele se questionava sozinha, enquanto se deliciava com o cheiro que o ômega havia deixado em abundância. 

— Um cheiro bem diferente de ontem. — Levi murmurou a si mesmo, enquanto ponderava a diferença entre o cheiro angustiado que havia sentindo e agora. Aquele cheiro era de alguém que se sentia protegido. Protegido por mim. Seu lobo uivou de satisfação. 

Uivou por saber que havia protegido seu ômega tão bem. Nós o protegemos tão bem.

Então por que você não está com ele agora?

Levi que ainda continuava com o nariz encostado à manta, se assustou com os próprios pensamentos, tanto que a forma brusca que se levantou e se afastou – literalmente do nada –, o fez tropeçar e cair de bunda no tapete fofinho da sala. Seu cenho se franziu sozinho e ele continuou olhando para a coberta amarela, como se ela fosse lhe dar as respostas que sua mente precisava. 

— Desde quando penso coisas assim? Devo estar maluco. É isso…

Levi não queria admitir, mas estava mais assustado do que queria aparentar e isso o deixou com um sentimento desconfortável dentro do seu estômago, um frio na barriga e arrepios pela nuca. 

Meu ômega? 

A cabeça do alfa praticamente girava em confusão. 

Nunca sequer havia pensado em procurar por um ômega, então por que agora estaria se ligando diretamente à um? Um ômega desconhecido ainda por cima, um ômega que mal tinha trocado palavras.

Cheiro de Casa | Ereri - RirenOnde histórias criam vida. Descubra agora