Os olhos de Ian piscaram várias vezes, sem acreditar no que via. Se afastou um pouco mas sem desviar o olhar na cena que via. Estava bastante surpreso, já que ninguém ia para aquele lugar. Observava atentamente três das criaturas caminhando calmamente por aquele lugar.
O humano se encontrava pendurado no galho de uma árvore, ficou parado afim de não fazer barulho. Ficava se perguntando o que faziam alí e o porque.
— Será mesmo que o viram correndo para cá? Eles disseram que estava escuro, podem ter se confundido. — um deles falou enquanto parava de andar.
— é bem provável, não acho que alguém seria louco o suficiente para vir por aqui. — falou outro, o mesmo parecia um pouco nervoso e olhava para os lados o tempo todo. — esse lugar me dá arrepios...
— Não sejam tolos, é óbvio a razão pela qual o ladrão escolheria este local como refúgio. — o terceiro disseenquanto colocava mão no queixo e olhava para o chão. O mesmo aparentava ser o que comandava aquela busca, já que tinha suas ordens obedecidas pelos demais. — com certeza ele tinha conhecimento de que ninguém viria procurá-lo aqui, já que é proibido que alguém se aproxime dessa floresta sem a permissão do rei. — Ian ouvia atentamente toda a conversa, após aquela fala do outro, teve certeza de que era de si que estavam falando.
'Olha! Eles pensam! Que Gênios!' o Humano disse em seus pensamentos, enquanto os encarava de forma irônica.
Com o seu pé esquerdo, pisou em um galho que estava alguns metros abaixo e pôs um pouco de seu peso sobre ele com o intuito de ficar mais perto e escutar melhor a conversa. De repente, o galho se partiu ao meio, entrou em desespero e o medo de cair e ser visto o consumiu. Mas antes que caísse, Ian segurou em um galho acima de si, o que o impediu de cair. A árvore em que estava era muito alta, se caísse, além de ser visto obviamente iria adquirir uma lesão por conta da queda.
O som do galho se chocando contra o chão fez um barulho alto, os que o humano julgava serem alguma espécie de soldados ficaram em alerta ao ouvirem o ruído. Os três ficaram em posição de defesa, como se estivessem preparados caso qualquer coisa o atacassem.
— O que foi isso? — um deles questionou enquanto olhava para os todos os lados.
— Não sei, deve ser algum animal selvagem que habita essa área. Vamos, não podemos perder tempo. — o "líder" disse e os três seguiram em frente rumo a parte mais profunda da floresta. o jovem observador continuou parado vendo até onde eles iriam.
se sentiu-se levemente ofendido com a fala do "líder", mas não deu muita importância.Com cuidado para não ser visto, o garoto desceu da árvore onde estava e começou a segui-los. Sabia que estavam o procurando, mas não entendia como pretendiam o encontrar. Já que a floresta onde estavam era simplesmente enorme, tão grande que nem o próprio humano — que vive naquela área há muitos anos — conhece totalmente o lugar.
Andava lentamente com o intuito de não fazer barulho enquanto observava cada passo daqueles que deveriam o perseguir, o que na cabeça do garoto estava sendo totalmente o contrário.
— onde esse maldito está? Já estou ficando cansado de tanto procurá-lo. — um deles sussurrou em um tom quase inaudível. Quase por que o humano presente o escutou por estar bastante próximo daquele soldado. A distância que ambos estavam era assustadora, a única coisa que o impedia de ver Ian era o fato de que o garoto estava escondido atrás de um arbusto, mas se desse um passo para o lado, ficaria literalmente lado a lado com a criatura.
' espero que não demorem para ir embora.' pensou o humano se sentando no chão e encostando-se em um tronco de uma árvore. Pegou o capuz de sua roupa e o usou para tampar os seus olhos.
De repente, um dos soldados passou pelo arbusto, que era a única barreira que havia entre eles, o garoto se levantou de forma brusca e isso foi percebido pelo soldado que apontou para si e gritou;
— É ELE! — os outros dois se viraram na direção que havia apontado e correram para alcança-los.
O humano começou a correr o máximo que conseguia, o desespero quase o dominou por completo quando a mão da criatura quase o tocou. Correu, correu como se não houvesse amanhã. Nem sabia para a direção na qual estava indo, seu único objetivo naquele momento era os despistar.
Passou por um local totalmente coberto por folhas e plantas, corria enquanto ao mesmo tempo colocava uma das mãos em frente ao rosto para impedir que folhas e galhos batessem em sua face.
Só parou de correr quando se deparou com um enorme penhasco, os soldados saíram do meio das árvores e começaram a se aproximar. O humano os encarou e começou a andar para trás, mas parou quando quase caiu.O som das cachoeiras se faziam presente e o medo o dominou quando viu as criaturas o cercando, o deixando sem saída, o garoto olhava para todos os lados com o intuito de achar alguma forma de escapar. Seu medo só aumentou ao ver que não tinha outra alternativa.
—Renda-se! Não tens para onde fugir!!— o "líder" dele gritou, Ian olhou para trás e viu que havia um grande rio abaixo do penhasco. Naquele momento percebeu que só lhe restavam duas opções; se render a eles ou pular do penhasco e torcer para sair vivo dali.
O humano abaixou a cabeça e cruzou os braços.
— Finalmente decidiu se entregar? — por estar de cabeça baixa, às três criaturas obviamente não viram o largo sorriso se formando em seu rosto.— seria óbvio que mais cedo ou mais tarde o faria, está cercado e sem escapatória. — o humano mordeu os lábios, segurando a risada.
Eles deram mais um passo e o humano foi para a ponta do penhasco, abriu os braços e levantou a cabeça. Observou as criaturas uma última vez antes de se inclinar para trás, se jogou para trás e com isso acabou caindo.
Os soldados ficaram boquiabertos com aquela ação e correram naquela direção.Mas já era tarde de mais.
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O Último Humano
Romance14 de janeiro, esse foi o dia em que o mundo que conhecemos mudou para sempre. Criaturas sobrenaturais invadiram a terra e os humanos foram exterminados. Ian Davies era o último dos humanos. com apenas dezessete anos, tentava da forma que podia sobr...