Última carta, último adeus.

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Querido Levi,

Sei que nunca lerá esta carta, estou ciente disso. Porém, tudo que vejo ao redor me causa dor e precisava dizer um último adeus à você. Um último adeus ao homem que mais amei e que nunca pude selar nosso amor.

Não me recordo a data, estou preso há meses nesta horrenda cela prestes a ser decapitado. Dizem que sua vida passa diante dos seus olhos. Agora poderei comprovar para você que essa frase é verdade. Relembro de cada palavra que saiu de minha boca, cada passo, cada paisagem, cada vez que olhei para você e me apaixonei novamente como se fosse a primeira vez.

Rezava para que tudo isso fosse apenas um de meus pesadelos rotineiros entretanto a cada dia que passa sinto meu fim se aproximando. Tenho cerca de duas horas antes de morrer e queria passá-las com você.

Pensei bastante em suicídio, não dar o gosto amargo da vitória para esses patifes. Se me conhece bem sabe que será exatamente isso que farei. Penso o que teria acontecido conosco se não tivesse morrido. O ódio me consome sempre que lembro de sua morte injusta, lembro do sangue escorrendo em sua testa. Suas últimas palavras saíram como um sussurro, não fui capaz de entender o significado de sua última frase, isso me frusta até hoje.

Se recorda do dia em que nos conhecemos? Estava procurando pelo seu cachecol que havia voado naquele inverno devastador de fim de ano. Pensei que era um adolescente pela sua baixa estatura e rosto infantil, que logo se mostrou assustador com a primeira vez em que vi sua bela carranca. É irônico pensar que nunca mais veria você e ter comemorado tanto com isso. Porém o universo é travesso e fez nos encontrarmos novamente na semana após o natal. Dessa vez não havia perdido nada, mas havia feito eu me perder em você. Era errado, era novo, era perigoso, era incrível, era apaixonante. E eu amei. Não entendi no começo o por que de eu ter me apegado a você, até hoje não entendo mas não sou eu que escolho mas sim meu coração.

Sinto saudades de ter você ao meu lado, de saírmos para colher flores como amava. Cada estação que passamos juntos me fez te admirar ainda mais. Na primavera me confessei. Sua reação foi estranha, todavia boa. Ah, por todos os deuses existentes, sonho em poder tocar seus lábios novamente. Já se passaram 11 meses desde a última vez que te vi.

O seu sorriso raro era algo contagiante e indescritível. Bastava você me comprimentar, ou me beijar, ou ao menos olhar para mim para todas as tristezas e dores se dissiparem no ar. Entretanto seu sorriso era comum quando saíamos escondidos para colher suas preciosas flores. Sei o quanto ama elas, e por esse motivo esse será meu último pedido, um lindo buquê para ter uma morte em que lembre de você, desse modo minha partida será mais calma.

Tudo que vejo faz-me contorcer em dor e saudades. Não vejo escapatória além do suicídio. Ao menos estarei ao teu lado para lhe fazer companhia no céu... Se eu for para este celestial lugar sagrado. Após tudo que disse e fiz não conto com esta sorte exorbitante que seria ir para o mesmo lugar que você. Mesmo se eu for ao inferno, não será de grande importância já que a dor imensa que sinto terá cessado.

Deve se perguntar por que escolhi escrever uma carta tão informal à ti. Veja, você sempre amou escrever cartas. Era mais uma de suas eternas paixões que perduraram até seu infeliz fim. Sempre que ouço esta palavra ou que escrevo uma dessas, me recordo de acordar na madrugada e encontrar você escrevendo uma carta para sua amada prima que estava de cama, Mikasa. Quando te perguntei o por que escrever cartas se poderia falar diretamente com sua parente, recebi uma resposta que nunca saiu de minha mente. Foi simples, porém me tocou após ter entendido.

"Eren, meu amado. Sempre digo que palavras são as armas mais poderosas que homens tem na mão. Entretanto uma arma não serve apenas para o mal. Ela pode curar, auxiliar e conter verdades que ditas jamais superarão as escritas."

Último adeus • Ereri One-shotOnde histórias criam vida. Descubra agora