Only Chapter.

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— Por favor, hyung! — A voz manhosa e um pouco mais alta se espalhou pelo quarto. — Deixa vai! Eu prometo que vai ficar lindoooo!

— Puta merda... — Em uma bufada seguida de olhos revirando, o mais velho apenas assentiu e desistiu de negar. — Tá, tá, tá! Faz o que quiser, Joong. — Ele sempre dizia sim para Hongjoong, provavelmente era por ele ser extremamente teimoso ou talvez apenas por aquele jeito de criança mimada que o Kim sabia carregar muito bem para um adulto.

— OBA! — O rapaz deu pulinhos animados, rodopiando em seguida. — Eu vou pegar meus pincéis e tintas, fique parado! Quer dizer... Parado na cama! Na cama e sem camisa! — Seonghwa riu em um som mais nasal. Ele era realmente adorável.

Park fez assim como solicitado e retirou a blusa de algodão – que rapidamente caiu pelo chão, consequentemente amassando o tecido. – e se deitou de bruços sobre o colchão nem tão macio da cama alheia, deixando seu tronco sobre um dos travesseiros do rapaz. Olhou em volta. Pequenas faixas de luz solar entravam pela janela, ultrapassando pelos pequenos espaços que a cortina branca do quarto não cobria totalmente o vidro. As paredes tinham pinturas lindas, algumas no próprio gesso e outras em quadros; Quase cobrindo toda, mas por sorte não escondendo o tom amarelo forte, quase como a pétala de um girassol, que era a real pintura do local. O carpete tinha alguns desenhos que definitivamente eram manchas de tinta estilizadas. Era realmente o quarto de Hongjoong, tudo parecia gritar seu nome e seu jeitinho criativo.

Barulhos podiam ser ouvidos do pequeno armário de bagunças, as madeiras dos pincéis se batendo suavemente e as gavetas abrindo em busca das tintas. Era o rapaz energético mexendo em tudo com seus dedos inquietos e animados, fuçando cada lugar para achar o melhor que podia de seus materias para o seu melhor modelo, até mesmo colocando uma playlist para que o clima ficasse melhor. Quando tudo estava pronto, ele fez seu caminho, mais para uma corrida, diga-se de passagem, até a sua cama onde se sentou sobre as nádegas do mais alto. Este que quase deu um grito de susto, já que havia se distraído em seu celular.

— Exagerado... — O Kim sussurrou, rindo baixinho em seguida. Estava colocando as tintas sobre a paleta suavemente, apertando o tubo e vendo aos poucos as cores formarem quase um arco íris em volta do pedaço de madeira.

Com as cerdas do primeiro pincel bem preenchidas com aquela tinta, lá se foi a primeira pincelada nas costas de seu hyung. A cor amarela ficava ainda mais bonita quando estava se destacando na pele um pouco bronzeada do rapaz que estava abaixo de si, criando o que seria a base para seu desenho. Pintar era sua paixão, na verdade, toda forma de arte poderia ser considerada como a sua paixão. Mas aquelas artes que podia fazer com suas próprias mãos, as pinturas em suas paredes, as roupas costumizadas que fazia, as roupas que costurava, as músicas que escrevia silenciosamente para aqueles que amavam... Não era qualquer arte, era a sua arte.
Para Seonghwa, aquilo fazia cócegas, mas era uma sensação também relaxante, o trazia calma. Era assim que o Kim era para si, mesmo com as teimosias e tudo mais, todo momento com ele era um momento de calma e sossego. As pinceladas o acalmavam tanto que sentia que poderia dormir ali mesmo.

A cada movimento suave do pincel, as cores tomavam forma e se tornavam uma bela paisagem na derme do garoto. O azul se tornou um pequeno riacho, que foi feito com um pincel mais macio, misturando o ciano com um pouco do branco, se movendo em um padrão ondulado para adicionar certo movimento a pintura (o que fez o de cabelos escuros gargalhar baixinho pelas cócegas que aquilo o fazia);
A cor verde se tornou a grama, com um pincel mais fino e movimentos mais fortes e rapidos, criando várias formas e os fazendo ir em vários sentidos;
O laranja e rosa se tornaram o céu, aquele ao pôr do sol, que também o fez adicionar um pouco do reflexo naquelas cores.
E, o amarelo, sua cor favorita, se tornou o lindo e vívido sol dando o seu "até logo" e sumindo como se entrasse na água. Ali estava mais uma de suas artes. Estava totalmente orgulhoso daquilo, era uma de suas obras mais bonitas e podia garantir aquilo. Com toda a certeza, o Park era sua tela favorita e tudo ficava mais bonito com o contraste do seu tom de pele e as cores da pintura.
Rapidamente, teve seu celular em mãos e tirou uma foto da sua arte, olhando as imagens do celular com um sorriso no rosto.

— Hm? Acabou? — Seong perguntou, com uma voz mais baixa e calma, quase que sonolenta de tão relaxado que ele rinha ficado.

— Uhum! — Hongjoong murmurou e se deitou ao lado dele na cama, o entregando o celular para que ele pudesse ver a pintura. Seus olhinhos curiosos percorrendo o rosto em procura de uma reação. — E aí, o que achou?

Um sorriso apareceu nos lábios do Park, este que virou seu rosto na direção do outro rapaz e o observou com os olhos que diziam claramente uma palavra: orgulho.

— Está lindo, meu amor. Eu amei, foi mais relaxante do que eu pensei. — Se inclinou um pouco para o lado e o deu um beijo na bochecha claramente corada de um Kim totalmente sem graça e um pouco tímido.

Ficaram alguns segundos se olhando, mas não durou muito até o pintor se deitar propriamente, olhando para o teto e balançando os pés. Seonghwa apenas começou a murmurar a batida da música e voltar a cochilar.

— Hyung?

— Hm? — O despertar e olhar do mais velho foram até o rosto daquele que havia quebrado o silêncio dos dois, que estavam a alguns minutos apenas ouvindo as músicas da playlist que ainda rolava.

— Da próxima vez, eu vou pintar a noite estrelada em você... Aquela de Van Gogh...

— Sério? — Perguntou animado, ajeitando sua postura e se apoiando nos ombros. — Por quê?

Hongjoong se colocou na mesma posição que ele, de barriga para baixo e apoiando o peso do tronco nos cotovelos. Se aproximou bem dele, quase que perto de sua orelha e sussurrou suavemente:

— Porque você é a minha estrela...

E assim, uniu seus lábios em um beijo. Um beijo silencioso e calmo. Não era a primeira vez que um daqueles acontecia, e nem tinha malícia entre aquele ato. Foi em um dia aleatório onde os dois estavam ouvindo música na cama de Seonghwa. E foi bom, então acabava se repetindo. Não tinha uma explicação boa, eles apenas precisavam daquilo, do carinho, de sentir aquele frio na barriga, de saberem que era algo que apenas eles podiam descrever propriamente, então o faziam.
Com um pequeno estalo, os lábios se separaram e o selar se substituiu por dois lindos sorrisos. E, talvez fossem sorrisos um pouco apaixonados, mas isso é história pra uma próxima...

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