Capítulo IV

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Quis me calar, pensar pra dentro

Conhecer minhas perguntas

Te perder pra me encontrar

Jeongguk sempre pensou que quando fizesse uma faculdade só teriam duas opções que ele pudesse escolher: dança ou design. Mas lá estava ele no terceiro semestre da faculdade de fotografia. Ele não se arrependia nem um pouco de ter escolhido aquele curso.

Depois de perder alguém muito importante para si há quatro anos atrás, Jeongguk foi perdendo o gosto pelas coisas que fazia. Ele sentia que nada seria tão bom agora que aquela pessoa não estava mais ali. Mas com ajuda de Jimin e Yugyeom, seus dois grandes amigos, ele foi se recuperando aos poucos, porém o que realmente o fez se reerguer foi a fotografia.

Seus amigos o tinham levado a uma exposição de fotos com o intuito de distraí-lo. Naquela época, ia completar um ano e meio desde que Taehyung tinha ido embora. No início, ele não conseguia realmente se interessar pelas fotos que viam. Até que uma em específico chamou sua atenção. A foto não tinha nada demais, era uma garota de perfil no meio da água olhando para baixo de forma que só dava para ver do seu peitoral para cima, não dava para ver seu rosto nem nada, parecia que ela tinha sido pintada, em cima daquele céu amanhecido sendo refletido na água. Mas o que realmente pegou Jeongguk é que aquela garota, ali parada, parecia estar entregando às águas alguma coisa de dentro de si, Jeongguk tinha a impressão de que quando ela saiu dali deixou alguma coisa para trás, alguma coisa que ela queria deixar, alguma parte de sua alma.

Na hora, a fotógrafa da foto estava ao lado respondendo a clássica pergunta: Por que você escolheu a fotografia? Jeongguk nunca se esqueceu da resposta que ela deu.

"-Eu já ouvi muitas pessoas dizendo que não tem nada demais em uma foto, que era só um momento congelado e nada mais. Eu não penso isso. Para mim quando eu tiro uma foto, não capturando somente um momento, mas também um sentimento. O sentimento que aquele momento transpassa. E o que eu gosto de ver é quais são os sentimentos que aquele sentimento capturando produz nas pessoas que estão vendo aquela foto. Eu escolhi a fotografia por isso, para guardar a lembrança dos sentimentos."

Dali em diante, Jeongguk começou a dar muita atenção em cada foto que via. Queria absorver tudo o que ela foto passava para ele, queria entender qual o sentimento que ela estava guardando e mais que isso, ele passou a querer fazer aquilo também. Passou a querer guardar a lembrança dos sentimentos de forma que qualquer um poderia acessar e então ver o aquilo causava nas pessoas ao redor.

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Jeongguk tinha contado aos seus pais sobre seu relacionamento com Taehyung. Esperava que eles pudessem ajudá-lo a encontrar uma solução para que Taehyung não tivesse de ir embora, mas o que aconteceu não era bem o que JK esperava.

-O quê?! - sua voz era incrédula, Jeongguk realmente não conseguia acreditar no que seus pais diziam.

-Bem, é que eu nunca vi um casal entre pessoas do mesmo gênero. - dizia sua mãe ômega - Digo, não sei se isso daria certo, sabe.

-O tempo todo, desde que eu era pequeno, vocês sempre me disseram e ensinaram que não importava o que eu fizesse desde que não machucasse ninguém não teria problemas. Vocês me apoiariam no que quer que fosse. E agora vocês me dizem isso? - o Jeon mais novo realmente não conseguia acreditar naquilo.

-E nós apoiaremos. - disse sua mãe alfa. - Se você estivesse se relacionando com um beta seria mais fácil. Mas agora um relacionamento entre dois alfas? Como isso poderia dar certo? Os cios, por exemplo, como seriam? E você sabe que o instinto de um alfa é marcar alguém. Com um beta isso seria possível, só teria que ficar renovando a marca com mais frequência, mas não acho que daria para um alfa marcar outro alfa.

Jeongguk se levantou irritado. Não. Chateado era uma palavra melhor. Não conseguia acreditar que suas mães, que sempre defenderam a igualdade entre os gêneros, a quebra de estereótipos e diversidade de casais estavam falando isso para ele agora.

-Eu contei porque achei que vocês me apoiariam e tentariam me ajudar, levando em conta o que vocês duas sempre defenderam. Mas pelo jeito eu estava errado. - a voz dele era magoada.

Jeongguk apenas se levantou e saiu de casa sem esperar uma resposta de suas mães. Se ele não teria nenhum modo de mudar aquilo, então queria aproveitar cada segundo que lhe restava com seu hyung.

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Conhecer Taehyung tinha mudado completamente a vida de Jeongguk. Perder ele também. Olhando para trás, Jeongguk conseguia perceber como ele tinha mudado ao longo desses anos, como ele cresceu depois de suas perdas e ganhos.

Conhecer Taehyung lhe trouxera a experiência de um amor jovem, dois ótimos amigos e lembranças maravilhosas. Perder Taehyung, apesar de ter sido horrível, lhe trouxe o ensinamento de que nem suas mães eram perfeitas, lhe ensinou a lidar com a dor e lhe trouxe a fotografia, mas também carregava os piores momentos de sua vida.

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Jeongguk aproveitava o cheiro de menta de Taehyung que a proximidade o permitia sentir. Amava aquele cheiro. Eles estavam sentados atrás da arquibancada da escola, o lugar deles, com Jeongguk encostado na parede tendo Taehyung entre seus braços, este estava deitado entre as pernas do moreno com as costas encostada no peitoral dele.

Nos últimos dias eles tem estado mais grudados do que nunca. Aproveitando cada momento juntos, guardando cada pedaço do corpo um do outro na memória. Eles queriam ter a certeza de não esqueceriam de nenhum detalhe do outro. Em certos momentos, como aquele, eles nem conversavam, apenas aproveitavam a presença um do outro e tentavam se marcar com seus cheiros na esperança de que pudessem sempre carregar aquele gostoso chocomenta mesmo depois que se separassem.

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