Capítulo 10

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31 de julho de 2020,  Lisboa

A brisa vinda do Rio Tejo causava pequenos arrepios a Giulia, que estava sentada na calçada da margem do rio, perto do Padrão dos Descobrimentos. Pouco faltava para a meia-noite e a noite estava até agradável, apesar do vento que se fazia sentir. Estava também tudo muito calmo, visto que não havia muitas pessoas ao seu redor, apesar de ser sexta-feira à noite.

Giulia tinha aproveitado aquela noite, em que não tinha nada combinado, para colocar as suas letras das músicas em dia, e procurar um pouco de paz e sossego para abrandar o rebuliço dos últimos dias, com a chegada das suas amigas, que ao que parece gostavam de viver a vida sempre no redline. Por isso, deixou Letícia e Gabriela em casa, e foi fazer algo que ainda não tinha feito como dever ser, desde a chegada das amigas.

A jovem, sentada com as pernas encolhidas e de papel e caneta na mão, olhava descontraídamente para aquela bela paisagem que era o Tejo à noite, em busca de inspiração, para escrever algo. Algo que não estava fácil, já que Giulia não parava de pensar na noite anterior, que apesar de não ter acontecido nada de especial, Giulia gostara muito. E em particular, da companhia de Nuno, que lhe fizera companhia durante uma boa parte do tempo, dado ao "assédio" das suas amigas a Jota. Giulia gostou tanto da noite, que tinha vontade de combinar algo para esta noite com o amigo, mas não quis  ser ela a tomar a iniciativa para não dar parte fraca. Coisas de mulheres...

A noite ter com Giulia e Nuno a expressarem um "podemos combinar algo num dia destes". Apesar de Letícia e Gabriela estarem "ocupadas" com Jota, o pequeno momento a sós de Giulia e Nuno não passara despercebido às amigas, que como já era de esperar foi tema de conversa durante o dia de hoje. Giulia passou o dia a dizer às amigas que não se tinham passado nada entre eles, e Gabriela e Letícia sabiam que era verdade mas continuavam a tentar convencer a amiga a avançar com algo. No princípio, Giulia tentava não ligar ao que as amigas diziam, mas parece que agora era mais difícil. Ao que parece acontecera algo que Giulia não estava à espera, sentir algo diferente por outra pessoa. E isso estava a acontecer com Nuno, embora a brasileira ainda não tivesse a certeza de que sentimento era esse.

"Ai Giulia, tá pensando em quê? Concentra-te!" - pensava Giulia, dando uma pequena pancada com a mão na cabeça.

Giulia passara então uns bons minutos sentada na margem do rio, apreciando a vista, e tomando algumas notas de ideias que lhe vinham à cabeça, mas nada muito concreto e conclusivo.

"Está ficando frio" - pensou Giulia depois de um pequeno arrepio.

A brisa vinda do rio continuava a dar-lhe pequenos arrepios, começando a sentir frio. Giulia vestia uns calções de ganga curtos, uma pequena blusa branca e um casaco bege fino de seda, algo que não ajudava nada com o frio. Devido à falta de concentração e de ideias decide então abandonar o local.

Giulia ergue-se do chão e caminha calmamente à beira-rio em direção ao seu carro, que estava poucos metros à frente, num parque de estacionamento. 

Poucos minutos depois chegava ao parque de estacionamento onde, ainda antes de chegar ao seu Toyota Yaris 2020, a brasileira repara num sujeito encostado a um carro mais ou menos próximo do seu. A postura do sujeito deixou Giulia desconfiada, tal como deixaria qualquer pessoa àquela hora da noite. Giulia apressou-se então a entrar no seu carro discretamente.

Giulia inicia a marcha a caminho de casa saindo do parque de estacionamento, mas reparou que o homem que tinha visto entrara também num carro e seguia agora atrás de si. Por uns momentos Giulia desvalorizou a situação, pensando que fosse alguém que por coincidência seguia o mesmo trajeto. 

Giulia no entanto, continuou o seu caminho com tranquilidade estando sempre alerta e a olhar constantemente pelo retrovisor. Só que a desconfiança de Giulia depressa passou a apreensão, visto que depois de várias mudanças de direção suas o carro continuava atrás de si. Giulia começou a ficar nervosa e com medo que podesse acontecer-lhe alguma coisa.

(não) era amor | GIULIA BE & Nuno SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora