Perguntas falsas

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As perguntas falsas foram inventadas por Ana Maria Braga no ano de 1729 a.C, na época do Egito Antigo, em São Paulo. Naquela época, as perguntas ainda não haviam sido inventadas, então não poderia haver nem pergunta falsa, nem verdadeira. Mas, numa demonstração de extremo bom gosto, Ana (chamada de "Anium" na época, por conta do latim), começou primeiro pelas falsas, para aí depois inventarem as mais verdadeiras e sinceras.

Um cientista maluco, que anos depois se tornou o manipulador do boneco Louro José, ajudou Ana na sua empreitada. De fato, era necessário uma explicação mais precisa para o seu bordão "acorda, menina!", que ela entoava todas as manhãs. No vilarejo de Ana, poucos entendiam de onde vinha tanta alegria e disposição, já que tinham acabado de superar a era das trevas grega e agora reaprenderam a fazer arroz à grega. 

Para então dar uma explicação condizente com os fatos, o Cientista inventou uma máquina do tempo (estranhamente, dentro de um carro dos anos 80), viajou até alguns séculos no futuro, para a Grécia Antiga. Lá, sequestrou o jogador de futebol Sócrates, que entre uma e outra partida pelo Corinthians, atormentava os outros com perguntas inconvenientes. Como ainda não haviam inventado as perguntas, todos repudiavam a postura invasiva do Calcanhar de Ouro.

Sócrates, então, sequestrado, foi até a época de Ana, que bateu palminhas para o grogue jogador e disse: 

- Acorda, menina!

- Mas eu não sou menina... eu, eu...

Sócrates ainda não havia recobrado os sentidos.

E aí então, após um chá de erva-doce e capim-cidreira, Sócrates se sentia melhor e então falou:

- O que é a vida? Quem sou eu? O que é o "acordar"?

Uma explosão se viu nas dependências da casa de Ana Maria. Parece que, de alguma maneira, as perguntas instigantes do doutor eram capazes de produzir faíscas. A casa toda entrou em ebulição. Sem hesitar, e de maneira precisa, o Cientista então tirou o seu cálice de elixir da juventude, e derrubou pela garganta de Ana:

- Gulp, gulp. - Ana sorveu o líquido.

De repente, Ana agora era uma jovem de 22 anos. Estava seminua e realizava passos de samba. Um mulato brotou da terra e girou um pandeiro, olhando para a bunda generosa de Ana. Sócrates olhava estupefato e, ao mesmo tempo, orgulhoso de si mesmo, pois não só inventara a perguntação, como também inventou a filosofia e uma caralhada de coisa.

- Toda a civilização ocidental! Tremei!

Sócrates, então, havia fundado o próprio Oeste civilizado, que por séculos perduraria, até a invasão alienígena no século 24. 

Mas isso somente não bastou. Uma pergunta sincera, oriunda dos desejos profundos por conhecimentos (ou só pentelhação mesmo), não parecia ser uma coisa completa. Era preciso temperar a coisa. Sócrates, então, perguntou ao Cientista Maluco se poderia arrumar um encontro com o Diabo.

- Cientista, preciso ter uma conversa com o Capeta. Precisamos fazer um elogio da Mentira.

Sócrates, então, pegou a máquina do tempo do Cientista, que havia sido ajustada (só trocando um parafuso ou outro, coisa simples) para também ser uma máquina de viagens interdimensionais. Assim, o encontro com o Diabo estava marcado.

Foi aí que, então, entre um churrasquinho e outro, Magrão deu uma mudada no seu método perguntativo, acolhendo as sugestões construtivas do capiroto. Estava gestada a pergunta falsa, que também era uma maneira de pergunta hipócrita.

Até hoje, quando sua mãe lhe pergunta, "meu filho, você está bem?", e você responde com sinceridade (mas ela já parou de lhe ouvir), está usando dessa invenção milenar, que é a pergunta falsa. De fato, você deveria ter respondido somente que está bem, já que ninguém está interessado nos seus probleminhas de merda. Fica na sua, cara!

O mesmo dispositivo ainda também é usado em elevadores, comércios, na política e na economia, sendo então de larga utilidade para as mais diversas gerações. No fundo, qualquer pergunta cuja resposta não tenha a menor importância tem um pouquinho da invenção genial. 

Sócrates, após o grande feito, pegou novamente a máquina do tempo, apagou as provas e hoje é conhecido como um grande filósofo da corrente perguntadora, que só quer saber a verdade das coisas e encher o saco do pessoal. Mas o que pouco sabem é que Sócrates teve com o Diabo e contaminou as suas verdades com uma boa dose de hipocrisia. E também fazia belos gols. 

Explicações lendárias (para coisas do dia-a-dia)Onde histórias criam vida. Descubra agora