cap 1- missão em família

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Capítulo 1. Jennie ~

10 anos atrás..
verão de 2010 -

- vamos tae, só mais uma vez. Eu preciso estar pronta! _ eu pedia vendo a cena dramática que meu irmão fazia jogado no tatame com os olhos fechados fingindo estar morto com a respiração pesada.
- Não posso, eu morri não está vendo? _ como podia um morto falar?
- Pare com isso e levanta logo, eu tenho que treinar! _ bufando ele levantou-se pegando o bastão ao lado.
- Mas jennie o papai paga treinadores que é pra isso.
- Eles não são o suficiente, parecem até que me deixam ganhar! Não tem graça lutar com alguém que não resiste. _ ele revirou os olhos dando-se por vencido.

Continuamos por mais uma hora de treinamento, ouvindo as lamúrias e reclamações do meu irmão, eu sei que as vezes era chato e cansativo, mas meu teste para entrar na sociedade era em menos de dois meses, eu tinha a obrigação de ser a melhor, dar orgulho ao nosso pai e honrar o nome da nossa família, do meu bisavô.

Após um banho quente para relaxar, desci as escadas e o cheiro daquela deliciosa comida da mamãe fez meu estômago roncar, meu irmão já estava na mesa posicionado em seu lugar.
- o almoço está quase pronto, sente-se querida. _ minha mãe disse colocando um vaso de flores ao centro da mesa, ela era sempre tão doce e atenciosa.

nos dias de hoje..

Eu ainda podia sentir o cheiro de seu perfume doce, seu toque macio e quente, da sua risada. Eu me lembrava de cada detalhe seu, de sua adoração por moda, ela sempre estava tão impecável, sempre em movimento, odiava ficar parada, lembro-me de cada momento, estava tudo gravado em minha mente. Eu sentia saudades dela, e como.

- bom dia irmão, está com fome? _ o vejo descendo as escadas vindo em direção a cozinha. ele apenas assente secando seus cabelos com uma toalha. - dois ovos mexidos e três fatias de bacon saindo, quer café ou leite?
- café. e para de me tratar como criança! _ rimos. tá, confesso que as vezes o tratava com infantilidade.
- tá bem! até parece que te trato o tempo todo assim.. _ ele me olhou incrédulo.
- quase sempre né, você quis dizer. _ revirou os olhos enquanto levava o garfo a boca.
- vou fingir que esse revirar de olhos foi pela minha culinária estar fantástica. _ ele riu de lado.
- meio que foi também. _ ficamos assim pela manhã toda, resolvemos por fim aceitar o convite de nossos primos para almoçar, ajudei-o lavar a louça e subi para fazer uns trabalhos da faculdade até dar a hora marcada.

a hora passou muito rápido, e só faltavam meia hora pro almoço, corri para tomar um banho e vesti a primeira roupa que vi.
depois de uma discussão de quase quinze minutos, para finalmente ele ceder que eu dirigiria, aliás, eu tinha dito primeiro, ele perdeu em cara ou coroa e jokenpo, e eu era mais velha, isso não bastava?

o restaurante que Jin escolheu era extravagantemente elegante, a cara dele. mas não fazia muito o meu estilo, preferia algo mais simples como comer em quiosques na rua da liberdade.
adentramos o local e podíamos ver pessoas mais velhas em reuniões/almoço, fazíamos muito disso na sociedade, conversas importantes em público era sempre arriscado mas certeiro.
eles escolheram um lugar mais afastado da clientela e eu agradeci mentalmente por isso, e tae por outro lado preferia sentar-se no centro, onde todos pudessem admira-lo.

- primos! que bom ver vocês, eu não me aguentava de saudades. _ jin foi o primeiro a levantar e me abraçar.
- eu não senti muito a falta de você nesse último.. mês! _ levei um leve soco no ombro do mesmo.
- venha cá seu garoto, como você cresceu rápido né? _ a cara de dramático que ele fazia, fez tae revirar os olhos pela segunda vez hoje.
- oi jisoo, como aguenta seu irmão? _ perguntou enquanto abraçava a prima preferida e jin colocou a mão no coração se sentindo ofendido.
- eu me faço essa mesma pergunta a vinte e cinco anos. _ rimos.
- jin sempre foi assim dramático demais, empolgado demais, ansioso demais mas.. _ fui interrompida.
- tá bem, viemos aqui almoçar ou para vocês me atacarem? que não é novidade alguma.. _ um bico enorme se formou em seus lábios.
- mas.. como eu ia dizendo, também se importa demais, é carinhoso demais, e nos ama demais também. porém não sei se é bom ou ruim né.. _ bebi um gole do champanhe recém servido.
- claro que é bom, se não fosse por mim, cada um de vocês estariam em um canto do mundo ou do universo sei lá, eu mantenho nosso clubinho unido, nossa família. _ ele deu uma pausa pra um gole. - e sou o mais velho e exijo respeito. _ cruzou os braços na intenção de mostrar-se bravo.
- você tem toda razão primo. _ eu disse me controlando pra não rir de mais uma cena dramática.
- chega de drama irmão, vamos ao que interessa. _ o clima mudou totalmente com essas palavras de jisoo. - é o seguinte primos, chegou uma carta ontem à noite da sociedade e eles querem que fazemos _ ela apontou o dedo para jin e depois para si mesma. - um trabalho bem orquestrado podemos dizer, e no mais absoluto sigilo. como vocês bem sabem, eu sou a melhor nesse ramo. mas vou precisar de uma equipe e vocês serão ela. _ ela apontou para nós.
- calma aí, tudo bem esse lance todo secreto _ mais uma revira de olhos, e como aquilo me irritava - mas você dizer que é a melhor no ramo tá bem equivocado não acha? _ zombou meu irmão.
- eu poderia fazer um discurso e por fim ceder, mas vamos para parte boa, diz que vai ser em um país com praias belíssimas e águas cristalinas?! _ sorri enorme.
- o que você acha das filipinas? _ ela disse simplista.
- eu já separei os óculos de sol! _ jin disse todo exibido, sol anima qualquer um, mesmo em tais circunstâncias.
- to dentro. _ falei, e todos nós olhamos uníssonos para o tae.
- tá! eu vou, apesar de não.. vocês sabem. vou pelas praias. _ sabíamos que de nos quatro ele era o que menos fazia questão de qualquer coisa que venha da sociedade, e eu o entendia perfeitamente, por isso me certificarei que ele fique apenas por conta de nos guiar tecnologicamente a distância.

era começo de ano, e portanto ainda estávamos de férias da faculdade. fazia exatas duas semanas que nós mudamos para seoul na coréia do sul, para ficarmos mais perto da "família", fizemos nossa transferência da faculdade de paris, e retomaremos em três semanas, tempo o suficiente para acabarmos de nos instalar na grande mansão que nossos pais nos deixaram só aqui nessa cidade. fazia cinco meses desde a noite em que recebi um telefonema de meu tio avisando sobre o acidente, no mundo em que vivemos haveria tantas outras maneiras deles morreram, e o que os matou foi um simples acidente, um idiota do outro lado da pista encharcado de álcool e drogas. foi tão difícil no começo para todo mundo, especialmente ao tae, por isso me mantive forte e a frente, por ele. ele só tinha a mim, eu não poderia me dar ao luxo de ficar de luto, a vida tinha que seguir, e eu me certifiquei que aquilo aconteceria.

a semana passou rápido, e já era dia de viajar a negócios. com as malas já prontas e todos os equipamentos necessários arrumados, pegamos a pista até a cidade vizinha onde ficava um pequeno aeroporto particular da família.
durante a viagem toda tae se manteve quieto olhando pela janelinha do jatinho com os fones de ouvido, vez ou outra olhava o celular ou folheava uma das revistas de moda. jin aproveitou para tirar um cochilo antes do jantar, jisoo e eu resolvemos passar o plano e rever tudo pela terceira vez em uma semana, nada podia dar errado, tinha que ser um serviço perfeito.
a viagem durou três horas e quarenta e cinco minutos, tempo suficiente para terminar os detalhes da missão. assim que pousamos, carros já estavam a nossa espera e partimos para o hotel, que ficava no litoral.

- bom gente eu vou tomar um banho e descansar um pouco. _ eu disse checando os números dos quartos procurando pelo meu.
- ah eu pensei em tomarmos um vinho, eles tem um bar incrível. _ jin sugeriu.
- eu topo maninho! _ jisoo deu pulinhos.
- eu também to meio cansado, mas só uma taça não faz mal a ninguém né, além do mais vai me ajudar a dormir, então.. _ tae disse passando o cartão pra abrir a sua porta. - vejo vocês em meia hora no bar.
- vamos jennie, só um pouquinho! _ minha prima dizia segurando minha mão direita com os olhos pidões.
- tá! mas não é para ninguém exagerar, porque amanhã bem cedo temos que dar início. _ eles concordaram depressa com a cabeça e foram para seus quartos.

como de costume o jin exagerou no álcool, cantou e dançou horrores na presença de outros hóspedes. jisoo ria alto como uma hiena sendo estrangulada e capturava cada cena. tae quase morreu de tanto dar risada na presença daqueles dois idiotas, e eu apenas os observava sorrindo. tentando gravar cada detalhe daquele momento tão real, puro e feliz.
tivemos que praticamente carregar jin até o quarto, após todos estarem em seus devidos lugares eu desmaiei sentindo a brisa leve do mar adentrar a janela semi aberta.

o dia começou mal, uma dor de cabeça horrível se fez presente. apressei em me arrumar e tomar logo duas pílulas de remédio. nada poderia dar errado naquele dia e não iria. assim como eu já esperava, os bonitos se atrasaram, mas por sorte estávamos dentro do horário programado.

- da pra vocês colaborarem? eu preciso de total atenção. _ jisoo já estava impaciente com as brincadeiras fora de hora de seu irmão e primo.
- desculpa mana. mas nós já entendemos, você já falou três vezes a mesma coisa. a minha dor de cabeça está voltando por sua causa. _ apesar de jin ter dito a verdade, seria uma pessoa morta em poucos segundos.
- eu não me importo em repetir vinte vezes se necessário, se você for baleado ou fazer algum de nós correr perigo, eu espero que esteja bem morto por que se não eu mesmo o matarei. _ ela lançou um olhar de fúria sobre o irmão.
- credo, que cruel. _ tae se pronunciou debochado.
- você será o próximo priminho. _ deu uma piscadela.
- minha irmã não deixaria. _ meu irmão sorriu quadrado e confiante. como se fosse a maior certeza do mundo. e realmente era.
- chega de conversinha, todos vão para seus postos e que o show comece! _ dei uma última olhada pro taetae e aqueles olhinhos inocentes e sorriso infantil movendo em um "vou ficar bem" foi tudo até eu me virar e sumir de sua vista.

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⏰ Última atualização: Dec 31, 2020 ⏰

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