Os pombos sabem de tudo

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O resto do final de semana passou voando, fiquei a maior parte dele dentro do quarto fazendo alguns trabalhos da escola e pensando num jeito de ganhar dinheiro rápido pra ir embora desse apartamento. Joan ficou na dela e não me incomodou, e pro bem dela se tivesse incomodado a coisa ia ficar feia.

Cheguei a conclusão de que essa mulher não vai me explicar ou contar nada sobre o motivo de estarmos aqui, então terei eu mesma que descobrir qual o tamanho da merda que ela se meteu, pois ninguém foge do nada se não tiver acontecido algo.

Sai do quarto indo pra cozinha onde me sentei diante da velha que tomou seu café da manhã em absoluto silêncio, quando terminou apenas fez sinal com os dedos para sua marmita e olhou pra mim, logo em seguida saiu do local e fiz o mesmo tempos depois.

Mal prestei atenção na aula porque meus pensamentos foram tomados por perguntas sobre joan, ela esta tramando alguma coisa por trás dos panos, ela esta calma e silenciosa e pelo nosso histórico de convivência, isso não é normal. Fui trazida para realidade quando escuto uma voz familiar enquanto passava pela avenida de acesso ao bairro da mansão 

Senhorinha: olá minha jovem! Como estavam os biscoitos? - indagou chamando a minha atenção 

Ariana: o-oi, eles estavam ótimos - digo ainda um pouco avoada 

Senhorinha: que bom, fico feliz que tenha gostado deles - fala me dando aquele sorriso caloroso que só alguns idosos possuem 

Ariana: acho que estou te dando trabalho demais, se precisar de alguma ajuda pode me pedir, ficarei feliz em te retribuir de alguma forma - falei e ela começou a jogar pão pros pombos e da uma risada 

Senhorinha: não precisa se preocupar com isso, eu gosto de ajudar o próximo e assim como jesus cristo, não espero nada em troca - fala me deixando um pouco chocada, nunca encontrei uma pessoa religiosa que faz mais do que fala porque normalmente e o contrário - você me parece um pouco pensativa hoje, o que esta te acomentando? - indaga, essa mulher repara em tudo puts 

Ariana: minha mãe, acho que ela esta arrumando problemas mas por algum motivo não me conta nada - falo e sinceramente acho que seja isso que esteja acontecendo, joan parece estar mergulhada em um mar de segredos onde cabe a mim nadar até o fundo para descobri-los e creio que não tem problema em contar isso a essa senhorinha inofensiva 

Senhorinha: adultos são assim, eles criam problemas e podem querer ou não compartilhar, mas esqueça isso se não vai acabar ficando sobrecarregada com coisas que não são suas - diz e pra falar a verdade ela esta certa, acho que por enquanto vou deixar um pouco de lado isso tentar relaxar um pouco, afinal não vai ser todo dia que joan vai me deixar em paz não é mesmo? 

Ariana: você tem razão, irei focar mais em mim e deixar ela com as coisas dela pra lá - falo ela se vira pra mim 

Senhorinha: que bom minha jovem que bom, sabe essa história da sua mãe me lembrou do meu neto, ele vive triste pelos cantos murmurando coisas sem sentido, parece sempre querer contar algo mais acaba se calando e guardando pra si - fala, nossa não esperava por essa, temos algo em comum mais não sei se isso é bom ou ruim porque ela acabou como um senhora que conversa com os pombos da avenida 

Ariana: talvez ele só esteja tomando coragem para contar algo, apenas de um pouco de tempo pra ele - digo 

Senhorinha: eu já dei tempo, tem quatro meses que frankie esta assim. Tenho fé que ele ainda irá melhorar e me contar algo - ao ouvir aquilo fiquei confusa e curiosa e deveras assustada 

Ariana: o nome do seu n-neto e frankie? Tem certeza? - indaguei sem esconder meu nevorsismo aparente 

Senhorinha: sim e frankie, e tenho certeza pois o nome foi de escolha minha em homenagem ao falecido marido - diz e olha para os pombos - eu preciso ir embora, os pombos me disseram que meu programa de TV vai começar, os pombos sabem de tudo, até mais minha jovem - disse atravessando a rua e me deixando com uma possível cara de assustada, calma ariana e só uma coincidência o nome ser igual e impossível dela estar falando do seu irmão sua doida.

I hate you, I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora