REVELAÇÕES

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     Quando Ella chegou na escola no outro dia de manhã, ela esperava tudo, menos o que aconteceu. As fotos dela e Becca se beijando estavam coladas pelos corredores do colégio. Fúria e vergonha lhe atingiram  e ela começou a arrancar as fotos das paredes. Todos os olhares dos outros alunos estavam sobre ela, a maioria era só curiosidade, mas havia aqueles que a julgavam e era esses olhares que Ella sentia em cada parte do seu pequeno corpo.
     Quando ela entrou na sala do coral, foi recebida por olhares de pena. E sua raiva só aumentou. Ella não queria a pena deles.

     Becca— Você está bem? — Becca perguntou assim que Ella se sentou ao seu lado.

     Ella—  Estou. — Becca percebeu que era apenas isso que ia conseguir dela.

     Val segurou a mão de Ella que olhou surpresa para a amiga. Ela soltou a mão dela e voltou a olhar para frente. Ela não queria demostrar o quanto estava assustada com aquilo tudo, ou melhor assustada com a possibilidade da mãe dela descobrir. Ella tinha que ser forte.
     Rachel entrou na sala sendo seguida por Sam e o New Directions.

    Rachel— Troubletones — Rachel cumprimentou as meninas assim que adentrou a sala. Ela olhou para Ella que olhava fixamente para frente sem realmente estar prestando atenção em alguma coisa.

      Molly—  Por que eles estão aqui?—  Apontou para os alunos que estavam na frente da sala.

    Rachel — Vamos trabalhar juntos essa semana — Ela se virou para os alunos— Podem se sentar.

    Então eles escolheram um lugar na sala e se sentaram. Quando Alec passou por Ella e Becca ele deu um sorrisinho malicioso, e Becca olhou feio para ele.

     Rachel—  Tivemos algumas revelações nesses últimos dias. — Ela conseguiu a atenção de Ella , que olhou para Rachel implorando com os olhos para quê não falasse sobre esse assunto, mas foi em vão. — Quando uma amiga minha se assumiu, todos nós do clube do coral cantamos músicas de mulheres feitas para mulheres...—Ella interrompeu Rachel quando percebeu onde ia dar.

      Ella—  Não, sem chance, eu estou bem. — Tudo o que Ella não precisava agora era um bando de pessoas cantando para ela, como se isso fosse fazer todos os problemas desaparecerem.

      Aimeh— É Sra. Berry  estamos em dois mil e vinte, uma em cada cinco pessoas são lésbicas e todas as outras tem vontade de experimentar ou já experimentou.

    Ashley—  Ela tem razão. — Todos os olhares caíram sobre Ashley, que apenas deu de ombros.

    Dez—  E você acha que por estarmos em dois mil e vinte, que ainda não sofremos homofobia? Que as pessoas não nos  julgam? — Aimeh abaixou os olhos.

    Becca—  Quando me assumi, eu consegui aguentar os comentários porque tinha minha família me apoiando e amigos que continuaram me amando. Acho que mostrar que estamos aqui por você vai ser bom — Ela falou olhando para Ella.

      O que machucou Ella naquela frase, foi perceber que nem em mil anos ela terá o apoio da família.

     Alec— Qual é,  duas meninas se pegando? Qual o problema disso?

     Jenny—  Pra você? Nenhum já que é uma sexta feira a noite pra você.

    Alec—  Você adoraria ser minha sexta feira a noite, não ?— Jenny revirou os olhos.

    Sam —  Estamos saindo do foco aqui.— os sorrisos e conversas paralelas pararam—  A tarefa dessa semana será cantar músicas que dizem que eles não estão sozinhos. — Falou se referindo a Dez , Becca e Ella. — Rachel e eu vamos ser os primeiros.

    Sam se sentou na cadeira com o violão e começou a tocar.

    Rachel— You're not alone
Together we stand
I'll be by your side
You know I'll take your hand

        Rachel andava pela sala, olhando para os alunos. Ela segurou a mão de Ella no último verso.

     Sam—  When it gets cold
And it feels like the end
There's no place to go
You know I won't give in
No, I won't give in

       Os dois— Keep holding on
Cause you know we'll make it through,
We'll make it through
Just stay strong
Cause you know I'm here for you,
I'm here for you
 
      Rachel passava por entre os alunos , tocando na ou nos ombros deles.

There's nothing you can say
Nothing you can do
There's no other way when it comes to the true
So keep holding on
Cause you know we'll make it through,
We'll make it through

       Sam—  So far away
I wish you were here
Before it's too late
This could all disappear

   Rachel—  Before the doors close
And it comes to an end
With you by my side
I will fight and defend
I'll fight and defend

      
      Todos—  Keep holding on

       Os alunos começaram a cantar com eles. Becca abraçou Ella, que sorria e cantava junto.

Cause you know we'll make it through,
We'll make it through
Just stay strong
Cause you know I'm here for you,
I'm here for you
  
There's nothing you can say (nothing you can say)
Nothing you can do (nothing you can do)
There's no other way when it comes to the true
So keep holding on (keep holding on)
Cause you know we'll make it through,
We'll make it through 

                      ☆☆☆☆

        Ella caminhava pelos corredores do McKinley com a cabeça erguida. Por onde passava as pessoas a olhavam, algumas logo voltavam ao que estavam fazendo, já outras a olhavam até ela sumir de suas vistas. Quem a olhasse de fora não poderia imaginar que por dentro ela estava arrasada. Arrasada não, amedrontada.

      Aimeh—  Ei — Ella andava no piloto automático que nem percebeu que ia bater em Aimeh — Você está bem?

      Ella— Estou com raiva. Quando eu descobri a pessoa que postou aquelas malditas  fotos...— Ela deixou o final da frase no ar. Aimeh encaixou o braço de Ella no seu e começou a andar ao seu lado.

     Aimeh— Pelo menos vocês estão lindas nas fotos — Aimeh tentou aliviar a tensão, mas sem sucesso— O que essa pessoa fez foi horrível, mas agora não precisa mais se esconder. Pode ser quem você é, amar quem você quiser.

     Ella—  Quer que eu agradeça a essa pessoa?

     Aimeh—  Não, óbvio que não. Quero que você veja o lado positivo. Quando falavam do meu corpo eu me sentia péssima, mas eu usei todos os comentários como arma pra conseguir emagrecer, mostrar pra eles que eu conseguia ser magra, mas que eles jamais iriam conseguir ser pessoas do bem.

      Ella—  Acho que eu seria uma das pessoas que iriam fazer piadas de você. — Ella falou se sentindo culpada.

     Aimeh—  Ainda bem que você não foi, porque podemos ser amigas agora. — Aimeh sorriu para Ella que retribuiu.

     Ella—  Obrigada. — Aimeh colocou a cabeça no ombro de Ella enquanto sorria.

                   ☆☆☆☆

    Sam—  Tudo bem? — Sam perguntou para Rachel enquanto se sentava ao seu lado no meio do auditório.

    Rachel— A primeira vez que cantei aquela música foi com o Finn nesse mesmo palco. — Sam olhou para frente melancólico — Eu nem sei porque estou chorando.— Rachel tentava falhamente enxugar as lágrimas.

     Sam—  Por que você o ama — Ele falou triste, porque sabia que ela jamais iria ama-lo daquele jeito. Rachel percebeu a pontada de tristeza na voz de Sam e se virou para encara-lo.

    Rachel —  Sam eu...— Ela parou de falar. Não sabia o que dizer. Não sabia se o amava. Não sabia se era com ele que ela ia ficar. Não sabia se ele a amava.

    Sam—  Não precisa falar nada. — Ele tocou o ombro dela e depois se levantou e saiu. Rachel colocou as duas mãos na testa e chorou mais ainda.

                             ☆☆☆


        Rachel —  Okay, quem vai ser o primeiro? — Val levantou a mão e ela foi na frente na sala sendo acompanha por Alec, Jay e Alec.
   
        Jay—  You shout it loud
But I can't hear a word you say
I'm talking loud, not saying much
I'm criticized, but all your bullets ricochet
You shoot me down, but I get up

      Val—  I'm bulletproof, nothing to lose
Fire away, fire away
Ricochet, you take your aim
Fire away, fire away
 
     Alec, Val e Jay—   You shoot me down but I won't fall
I am titanium
You shoot me down but I won't fall
I am titanium

     Alec—  Cut me down
But it's you who'd have further to fall
Ghost town, haunted love
Raise your voice, sticks and stones may break my bones
I'm talking loud not saying much

    Val e Jay—  Stone-hard, machine gun
Firing at the ones who run
Stone-hard, that bulletproof glass

     Alec e Jay—  You shoot me down but I won't fall
I am titanium

     Alec e Val—  You shoot me down but I won't fall
I am titanium

     Todos aplaudiram, enquanto eles voltavam para seus lugares. Sam se levantou e quando Rachel foi fazer o mesmo ela se sentou tonta. Sam segurou ela.

     Sam—  Tudo bem?

    Rachel — Sim, eu só não comi nada hoje. — Ela passou por Sam e foi para a frente da sala— Parabéns meninos era isso que queríamos de vocês. — Sam se juntou ao seu lado.

    Sam—  Mais alguém?

    Eles negaram com a cabeça, então Sam dispensou todo mundo. Rachel segurou o braço de Ella.

    Rachel— Tenho mais uma música pra você.

    Ella sorriu e foi se sentar novamente.

    Ella—  Tudo isso é um exagero.

    Rachel—  Talvez.

    Rachel sentou no banquinho de frente para Ella e fez um sinal com a cabeça para Brad, o pianista, e para a banda.
  
    Rachel—  If you ever find yourself stuck in the middle of the sea
I'll sail the world to find you
If you ever find yourself lost in the dark and you can't see
I'll be the light to guide you
Find out what we're made of
When we are called to help our friends in need

You can count on me like one, two, three
I'll be there
And I know when I need it
I can count on you like four, three, two
You'll be there
'Cause that's what friends are suppose to do
Oh, yeah

(Ooh, ooh, ooh, uh, uh)
(Ooh, ooh, ooh, uh, uh)
(Yeah, yeah)

If you tossing and you turning and you just can't fall asleep
I'll sing a song beside you
And if you ever forget how much you really mean to me
Everyday I will remind you
Oh
Find out what we're made of
When we are called to help our friends in need

       Rachel olhava no fundo dos olhos de Ella é parecia que ela podia ver toda a dor que ela estava sentindo. Ella não aguentou e derrubou algumas lágrimas.

You can count on me like one, two, three
I'll be there
And I know when I need it
I can count on you like four, three, two
You'll be there
'Cause that's what friends are suppose to do
Oh, yeah

You'll always have my shoulder when you cry
I'll never let go, never say good bye

You know you can count on me like one, two, three
I'll be there
And I know when I need it
I can count on you like four, three, two
And you'll be there
'Cause that's what friends are suppose to do
Oh, yeah
(Ooh, ooh, ooh, uh, uh)
(Ooh, ooh, ooh, uh, uh)

You can count on me
'Cause I can count on you

      Rachel levantou e foi abraçar Ella, que nesse momento estava desmoronando.

     Rachel— Calma, vai ficar tudo bem.

     Ella— Não, não vai— ela levantou a cabeça e encarou Rachel. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar — Você não conhece minha mãe.

    Rachel —  Ela te ama e vai te aceitar do jeito que você é

    Ella— Se ela me ama, Por que ela nunca me disse? Se ela me ama porque ela nunca me chamou de filha? — Mais lágrimas escorreram pelo rosto de Ella. Rachel não tinha resposta para aquela pergunta. — Você sabia que nossas vizinhas são lésbicas? E  que minha mãe atravessa a rua para não passar por elas, como se elas tivessem uma doença contagiosa? — Os olhos de Rachel começaram a marejar.

      Rachel naquele momento queria pegá-la no colo e nunca mais soltar. Ella estava tão diferente da menina que Rachel conheceu, sem a sua pose de dona do mundo ou sem o seu muro envolta dos seus sentimentos. Pela primeira vez Rachel estava vendo a verdadeira Ella. Uma Ella que só queria saber como é ser amada. Uma Ella que tem tanta raiva e tanta dor dentro de si. E Rachel não sabia lidar com aquilo, a única coisa que fez foi abraçá-la.

   Rachel—  Eu estarei aqui com você — Ela levantou o rosto de Ella e fez ela encara-la — Okay?

    Ella—  Okay— Rachel sorriu e voltou a abraçá-la.

                             ☆☆☆☆

       Estavam todos sentados na mesa do refeitório, quando um trio de amigas passaram pela mesa deles e uma delas falou “lésbicas”. Aquilo foi o suficiente para a raiva que Ella estava sentindo explodisse.

     Ella—  O que disse?

     A menina não respondeu nada apenas olhou para ela e sorriu torto. Aimeh e os demais alunos ficaram chocados quando Ella subiu em cima da mesa deles.

    Ella—  Estou ouvindo muitas fofocas correndo sobre mim nesse colégio nesses últimos dias— Ela falava alto para que todos que estavam ali escutassem— Vamos esclarecer algumas coisas. Primeiro: eu não sou lésbica, sou bissexual, se você ainda não sabe é a letra B de LGBT+, pesquisem. Segundo: Eu ser bissexual não faz você melhor que eu, ainda sou a capitã das cherrios e ainda posso destruir qualquer um que ousar falar de mim. Estamos entendidos? — O refeitório ficou em completo silêncio — Vou aceitar isso como um sim. — então ela desceu da mesa e saiu balançando seu rabo de cavalo perfeito.
    
                         ☆☆☆

       Ella chegou em casa decidida a se assumir para a sua mãe. Quando abriu a porta de entrada ela viu uma mala arrumada.

      Ella—  Mãe, está indo viajar?— Ela perguntou quando sua mãe apareceu.

     Alisson— Ela não é minha— O tom de voz de Alisson era de decepção. O coração de Ella parou quando se deu conta do que aquilo significava.

    Ella— Mãe — Ela correu até sua mãe, que se afastou — Eu sou sua filha, você não pode estar falando sério.

   Alisson—  Minha filha? — Havia sarcasmo na voz dela e os olhos de Ella já estavam cheios de lágrimas. — Minha filha não entra em clube de coral, minha filha não beija outras meninas.

    Ella—  Mãe ...— Ella se aproximou e segurou a mão de sua mãe que se negava a olhar no seu rosto — ...olha pra mim, sou eu. Sou a mesma de hoje de manhã, a mesma que te deu bom dia, a mesma que sempre fez de tudo para que fosse se sentisse orgulhosa por me ter. — Ela pediu— Mãe... Por favor— Ela implorou e todos sabem que Ella não implorava, e quando sua mãe a olhou nos olhos ela só  enxergou ódio.

    Alisson—  Você não é mais minha filha, você é uma vergonha e quero que vá embora. — Dito isso ela de se afastou de Ella e abriu a porta, Ella pegou a sua mala e olhou novamente para a mãe, ela implorava com os olhos, mas de nada adiantou, então ela saiu de lá e quando a porta se fechou ela caiu sentada no chão e desabou.

                        ☆☆☆

     Rachel estava sentada no sofá do seu apartamento quando ouviu alguém batendo na porta, ela se levantou e quando abriu encontrou Ella com uma mala na mão e com olhos vermelhos e inchados.

     Ella—  Ela me expulsou, e eu não tinha pra onde ir. — Rachel abriu mais a porta para que Ella entrasse, e quando ela o fez, ela a abraçou e deixou que Ella chorasse mais uma vez nos seus braços. 

      

    
    

Glee 2.0Onde histórias criam vida. Descubra agora