Já passavam de 4 da tarde quando eu recebi uma ligação do tão formoso Chris Evans, eu estou puta de ódio, sei que fui um pouco egoísta em dizer que não teria o bebê.
Isto foi por que a vida toda pensei mais nas outras pessoas ao invés de preocupar apenas com meus problemas.
— Alô?
Respondi com uma voz de sono, não era manhã nem nada, mas não tinha coisa melhor do que um cochilo da tarde.
— Eu estou aqui.
Ouvi ele dizer e esfreguei meus olhos.
— Aqui aonde?
Perguntei.
— Aqui no aeroporto, porém eu não entendo nada que estão falando.
Ri para mim mesma.
— Bem vindo ao Brasil, que foi? Nem todas pessoas sabem inglês, o básico, verbo to be, e isso sequer ajuda pessoas a sobreviverem lá fora.
Coloquei o celular no alto falante e o joguei na cama.
— Como eu peço para o motorista me levar aonde você mora?
Respirei fundo. Fui até o guarda roupa para conseguir trocar de camisa, eu havia mesmo suado bastante enquanto dormia.
— Repete comigo, Complexo da Maré.
— Complexo da Maré.
Apesar do sotaque ridículo e estranho ele havia conseguido falar até bem.
— Isso, quando você chegar você me dá um toque.
— Um Toque? Como eu vou tocar você?
Eu ri. Essas gírias brasileiras ainda vão matar alguém.
— Desculpa, me manda uma mensagem, não sobe sozinho.
— Subir? Tem escada?
Concentrei toda minha paciência pela última vez.
— Olha, subir é um modo de dizer caralho, se é ladeira tu não tá né subindo não?
— Ah sim, entendi. Certo, quando eu chegar nesse lugar eu te ligo.
Ele desligou.
Tentei procurar uma roupa certa para vestir e apenas coloquei alguns casacos e moletons.
— Calor ou frio? Se decide corpo humano.
Disse para que apenas eu conseguisse ouvir.
Me sentei na cama e peguei meu celular tentando procurar algo para me distrair quando recebi um turbilhão de mensagens da Fernanda.
— "Os polícia tão subindo, avisa o Davi antes que sobre pra gente."
Me levantei da cama no pulo assim que li a mensagem em voz alta.
— Caralho.
Peguei a chave da casa na escrivaninha e me levantei correndo, não daria tempo colocar um sapato então apenas coloquei meu chinelo e saí.
Era uma luta diária, eu não costumo me envolver com bandidos, mas é um jogo de 2 cartas.
Já tem quase 4 anos que eu salvei uma mulher e uma bebezinha no meio de um tiroteio, eu sempre fui ingênua achava que ela estava em perigo.
Muito mais do que isso, a danada era esposa do dono do morro, ele ficou tão grato que me salvou de um monte de encrenca até hoje, e como eu fiquei? Devendo mais que pobre para o banco.
— Toda semana isso, toda semana, os caras vem tentam invadir, plano frustado, criança ferida. Por que eles não desistem logo? Quem será o estrategista dessa polícia?
— Fala Jenni.
Eu me deparei com o Igor, de traficante mirim a braço direito. De melhor amigo ao perigo da comunidade.
— Avisa lá que os policiais tão vindo, olha eu não vou mais estar me arriscando, não estou em condição.
— Tá com problema cardíaco?
Ele perguntou com ironia e me apoiei nos joelhos para recuperar a respiração.
— Eu tô grávida.
Igor ficou em silêncio me olhando diretamente e começou a rir.
— Grávida de quem se você é virgem? Você não tinha terminado com o Oliver?
Olhei para ele confusa.
— Como você sabe disso?
Assim que perguntei Igor desviou o olhar.
— Um pássaro azul me contou.
Eu dei um soco forte no braço dele.
— Não vai me dizer que o Oliver te engravidou e deu no pé? Dá um sinal e a gente leva ele.
Balancei a cabeça em negação.
— Não, o pai é bem mais responsável.
Igor sorriu.
— Se você está grávida, sobe pra casa da Jéssica, fica lá com as mulheres e as crianças, é um lugar seguro enquanto o tiroteio estiver rolando.
— Que mané subir o que, o pai do bebê está vindo aí, ele não sabe andar nesses lugares sozinho. Caramba melhor eu descer, se ele levar um tiro eu vou ser fuzilada por maníacas depois.
Respirei fundo antes de voltar a correr ladeira a baixo, eu estava indo rápido, no entanto não era a única.
Muitas pessoas já haviam visto a polícia pelas ruas do nosso bairro.
— Esses lados da Maré estão mais perigosos do que a própria Rocinha.
Assim que olhei para a entrada do complexo ouvi um tiro e me abaixei por reflexo.
— MEU DEUS JÁ COMEÇOU.
De duas um medo, ou era pisada por outras pessoas, ou baleada.
— Corre, corre.
Disse a mim mesma voltando a correr. Desviei as pessoas que deu e finalmente cheguei a saída, Chris já estava entrando, será que ele havia mesmo me ouvido?
— DÁ MEIA VOLTA MANÉ, MEIA VOLTA.
Eu gritei em português e ele não parecia entender.
Quando ele já estava dentro as pessoas começaram a empurrar ele e eu já não tinha escolha, eu comecei a puxa—lo pela rua em desespero.
Entrei no primeiro beco que vi e voltei a respirar fundo, eu já corri uma maratona inteira em menos de 30 minutos.
— Tem alguma coisa acontecendo?
Ele perguntou.
— É um tiroteio, Polícia Vs. Traficantes.
Chris não falou nada.
— Ah Deus.
Respirei fundo.
— Chris, não fica na vista dos outros, você é famoso, anda.
Puxei ele para mais adentro do beco.
— Eu não esperava ir para um lugar vazio e escuro com você tão cedo, mas estou grato da mesma forma.
Franzi meu cenho.
— Como é que é?
Ele sorriu.
— Você está mais linda do que da última vez que eu te vi.
Ri com sarcasmo.
— Então antes eu estava feia?
Cruzei meus braços.
— Não, estava maravilhosa, e conseguiu ficar mais ainda, superou o impossível.
Parei olhando para ele por alguns segundos.
— Você está dando em cima de mim no meio de um tiroteio?
Ele deu um sorriso fraco.
— Sim.
— Caralho Macho.
Respondi em português.
— Como?
É tão difícil se comunicar com ele em inglês todas as vezes, logo eu quem não conseguirei entender o português.
— Vamos subir.
Quando tentei pegar sua mala Chris a afastou de mim.
— Está pesada, eu mesmo a levo.
Dei de ombros e comecei a andar me esgueirando pelas beiras enquanto o Chris sequer se importava, era impossível disfarçar com ele andando tão tranquilo atrás de mim, quase no automático.
— Vamos ficar na casa da Fernanda até segunda ordem, é perto.
Ele assentiu.
Viramos algumas ruas e quanto mais eu andava mais altos os tiros estavam, eu estava andando direto na boca do jacaré.
Assim que cheguei a casa da Fernanda ela abriu a porta e puxou eu e o Chris para dentro.
— Você já estava me esperando?
Perguntei para ela enquanto me jogava no sofá. Chris por outro lado parecia deslumbrado pelo ambiente.
— Sim, conheço você desde quando éramos bebês, eu reconheço a sua loucura a metros de distância.
Dei um sorriso para ela. Fernanda parou ao meu lado olhando para o Chris Evans.
— Caramba, o verdadeiro gostosão, vou até sentar aqui.
Ela puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado.
— Ele não entende português.
Falei.
— Por favor se sente moço.
Ouvi Fernanda dizer em inglês.
— Obrigado.
Chris sentou no sofá um pouco longe do meu e ficou me olhando.
— Vou fazer um café, enquanto isso conversem um pouco.
Assim que Fernanda saiu da sala tudo se tornou um silêncio sem fim.
— Precisamos conversar sobre o bebê.
Joguei meus braços sobre o sofá e me fiz de morta, essa será a conversa mais séria da minha vida.(Nota Da Autora: Vamos ter mais um capítulo ainda hoje, mas eu não podia deixar a ideia escapar então já lancei esse).
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Heya, It's Your Baby
FanfictionJennifer Gonzalez nasceu no rio de Janeiro e desde pequena sonhava em se tornar médica, depois de 3 tentativas ela consegue passar na Federal e ganha de seus pais 2 passagens para Miami. Indo com seu namorado e ainda virgem, Jenni volta grávida, so...