capítulo único.

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A única coisa que Alex queria, era liberdade.

Quando estava a ponto de tomar a maior decisão de sua vida, ele estava mais do que decidido. Nem seus pais e nem ninguém poderia mudar sua cabeça. Então ele pegou seu celular e ligou para mim, Nicholas, seu namorado. Me contou todo o plano e eu, também cansado de tudo, concordei.

Pegamos o carro da mãe dele. Eu estava com muito medo, mas a animação e a alegria dele me contagiou e fez o medo evaporar.

Nós estávamos indo para uma cidade próxima. Alex me disse que sua tia maluca morava lá, ela iria nos abrigar até ele completar dezoito anos, oque seria daqui alguns dias, assim não iríamos mais temer por seus pais ou por qualquer outra pessoa. Seríamos maiores de idade, seríamos livres.

Até que o pior aconteceu.

Não estava uma noite bonita. Naquele dia o céu estava de uma cor cinza, nuvens por todos os lados, estrela nenhuma. Minutos depois de entrar no carro com ele, senti uma sensação estranha. Foi quando vi a primeira gota de chuva molhar meu casaco graças a janela aberta. Olhei para Alex e vi seu cabelo escuro balançar por causa da ventania. Ele olhou para mim e sorriu. Encarei aqueles lindos olhos azuis e tive que sorrir também. Ele me acalmava, bastava um olhar e eu sabia que mesmo se o pior acontecesse, estando do lado dele tudo ficaria bem.

A pista começou a ficar escorregadia, eu sentia o frio penetrando minha pele por baixo do tecido fino da minha roupa. Aconteceu tudo muito rápido. Não sei se Alex perdeu o controle do volante, se dormiu por estar tarde da noite ou se algum outro carro fez ele perder a concentração, mas antes de apagar, a única coisa que consegui ver foi ele ao meu lado, ensanguentado e com um pedaço enorme de vidro cravado em seu pescoço.

A partir daí as coisas pioraram ainda mais.

Quando acordei, eu estava em uma cama de hospital. Me lembrei de tudo no momento em que vi os pais de Alex abrindo a porta de meu quarto e me encararem com o pior dos olhares.

Graças a minha mãe o pai de Alex não me espancou. Meu corpo todo doía e eu sentia que nunca conseguiria sair daquela cama. Foi então que me dei conta de que ninguém me falara sobre Alex. Eu perguntei a todos sobre ele, mas não consegui arrancar de ninguém uma só palavra. Aquela foi a noite em que mais chorei em toda a minha vida, pnsando que tivesse acontecido o pior com meu namorado.

Dois dias depois eu melhorei da dor. Não me machuquei tão gravemente mas precisei fazer uma cirurgia abdominal. Ganhei alguns arranhões dos vidros da janela e um braço torcido por conta da posição em que fiquei. Sabia que Alex não podia ter morrido, se fosse tão grave assim eu saberia. Quando chegou a noite, levantei da cama hospitalar e saí do quarto. Descalço e vestindo somente uma camisola, eu andei quase pelo hospital todo, olhando em todas as alas á procura de Alex. Tinha a eperança de que ele estivesse lá também.

Foi quando eu estava quase desistindo e voltando para o meu quarto que eu o vi. Pelo vidro da porta, eu vi seu cabelo despenteado, vi suas lindas e delicadas mãos pálidas, vi seu pescoço com um corte suturado. Mas infelizmente não consegui ver o azul dos seu olhos, pois eles estavam fechados, e eu não sabia por quanto tempo ficariam assim.

Naquele mometo eu quis chorar por ver Alex daquele jeito, com fios e mais fios ao seu redor. Entrei em silêncio no quarto, me sentei no chão ao lado da cama e segurei a mão dele. Me permiti chorar enquanto alisava sua pele macia.

Depois daquele dia eu voltava para Alex todas as noites. Enquanto minhas feridas cicatrizavam, eu observava as dele também indo embora. Nós estávamos nos curando juntos. Eu sentia que não podia perder as esperanças em relação a ele, sentia que precisava ficar ao seu lado. Ele merecia um namorado que não o abandonaria só porque as coisas ficaram difíceis, e eu estava lá por ele.

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