Carta Aberta Para o Meu Amor

Capítulo 3: Ele não está sozinho

    O clima do quarto era de silêncio absoluto, apenas se escutava o barulho das máquinas. Os Akaashis entraram logo após a doutora Sakura. Ela os explicou novamente sobre o coma e que acreditava que ele não iria ficar nesse estado para sempre, já que seu corpo não sofreu tantas lesões, seu cérebro apenas achou que seria melhor travar por um tempo. Keiji estava sentado ao lado de Bokuto, segurava sua mão e não soltaria por nada. Finalmente estava ao seu lado.

"Eu estou aqui, Kotaro e jamais sairei do seu lado."

    Após um longo tempo olhando para o amigo, o moreno caiu no sono em seus braços. Suas mães, que estavam bastante cansadas, acharam melhor deixá-lo por ali mesmo e voltar para casa, já que tinham a certeza de que o jovem optaria por essa escolha. Ao saírem, depositaram um beijo na cabeça de seu filho e outro na bochecha de Bokuto.

- Bokuto, melhore logo! Você é muito importante para o meu filho... - disse Moon logo após o gesto de carinho. Akaashi nunca foi de ter muitos amigos, sua família conhecia apenas Kenma e Kuroo, foi muito bom descobrirem que o jovem tinha alguém especial em sua vida.

17 de março

6:32 a.m

- Co-com licença! - uma mulher dos cabelos brancos como a neve entrou ofegante no hospital acompanhada por seu marido. - E-eu estou estou procurando o meu filho! - lágrimas escorriam de seu rosto - O nome dele é Ko-kotaro Bokuto. E-ele sofreu um acidente de ônibus ontem e-e me falaram que ele veio para cá. Por favor, eu só quero encontrar o meu filho...

- Calma, senhora, deixa eu checar para você. - disse o recepcionista procurando pelo jovem no sistema do hospital. - ele está aqui sim! - essas palavras retiraram um peso das costas do casal. Finalmente estariam ao lado de seu amado filho. - Ele está no quarto 6F, na ala A do terceiro andar. Eu vou chamar a doutora Sakura para acompanhar vocês, foi ela que ficou responsável pelo jovem Bokuto. - pegou o pager, que estava no bolso de seu uniforme, e chamou pela rosada. - Enquanto isso, vocês podem esperar naqueles bancos - apontou para a sala de espera - jaja ela chega.

    O casal entrelaçou seus braços e foi em direção aos assentos. Apesar de ambos serem médicos renomados na Coréia e já terem tratados inúmeros casos de acidente automobilístico, sentiram-se inúteis e fragilizados nessa situação, afinal, agora os papéis foram invertidos, foram de cirurgiões para familiares de um paciente em questão de segundos. Não conseguiam acreditar que seu filho sofreu um acidente e eles não estavam na cidade para ajudá-lo. Não que eles pudessem fazer alguma coisa mesmo estando na cidade, já que existe um código no qual médicos não podem operar parentes. O sentimento de culpa habitava suas mentes. Questionaram seriamente os seus papeis como pais. Como deixaram isso acontecer?

- Dra. Jisoo, dr. Yunho, sou a dra. Sakura, muito prazer! - o casal se ergueu como um suricato no meio do deserto. Queriam novas notícias o mais rápido possível. A espera moia seus ossos cada vez mais.

- Como ele está doutora? - Jisoo Bokuto, uma das maiores cirurgiãs de trauma do país. Acompanhada de seu marido, Yunho Bokuto, especializado em cirurgia geral, formam uma incrível dupla na área da medicina. Autores de inúmeras pesquisas científicas e vencedores de grandes prêmios. Juntos viajam para diversas regiões do mundo, dando palestras e realizando cirurgias complicadas. Eis o motivo de Kotaro sempre estar sozinho em casa.

- Bom, apesar de ter sido um acidente de ônibus, a cirurgia foi um sucesso e não teves muitas complicações ou danos físicos no corpo, o que é um milagre. - o casal não esboçava nem um sorriso. Como trabalhavam na área, sabiam que a abordagem da doutora Sakura trazia uma notícia ruim no final. Estavam se segurando para não sofrerem por antecipação. - Porém, ele acabou entrando em coma...