Abri a porta e entrei naquele apê que eu tanto conhecia. Brusque como um bom soldado, veio correndo e pulou sobre mim, me cumprimentando.
— Bom parceiro! — Eu o enchi de beijos.
Coloquei meu cachorro no chão e limpei os pelos que ficaram sobre minha camisa, enquanto abria a geladeira á procura de algo para me refrescar, quando decido beber uma gelada.
Mando uma mensagem para a minha empregada, perguntando se ela poderia alimentar Brusque essa semana, até que minha irmã viesse, afinal eu não sabia quando retornaria ou se retornaria.
E não. Ninguém sabe sobre meu trabalho, há não ser minha empregada.
Todos ao meu redor, acreditam que eu trabalho para uma empresa grande, na área de comércio e por isso, estou sempre viajando. Meus familiares moram longe, exceto minha irmã que mora na cidade vizinha, mas não somos muito próximas. Ela é uma estudante de enfermagem, disposta a salvar vidas, qualquer uma que seja e eu, disposta a tirar de quem não as merece.
Avisto alguns arquivos sobre a minha mesa de canto e reviro meus olhos, sabendo que a viagem vai ser longa. Vejo minha mala pronta sobre minha cama, através do grande espelho na sala. Eu não preciso checá-la para saber que tudo que preciso, está exatamente ali. Maria tinha esse dom, me conhecia dos pés à cabeça há doze anos, afinal ela é a única que sabe do meu trabalho.
Pego minha mala e penduro sobre meu ombro, respiro aquele odor tão conhecido e acolhedor, tentando gravá-lo na minha mente, olho para Brusque e jogo alguns biscoitos que ele sempre adora e sempre ganha quando eu tenho que viajar, sem pensar duas vezes, fecho a porta atrás de mim em direção ao escuro daquela noite.
O táxi demorou um pouco para chegar ao destino, já que o trânsito de Nova York não é muito parado. Procuro pelo cartão de embarque e vejo que cheguei em cima da hora, atravesso o portão e entro na primeira classe.
— Assento 2B. — Falo baixinho para mim mesma, enquanto procuro.
Guardo minha pequena mala acima do assento, enquanto as demais malas já foram enviadas. Respiro fundo e prendo o cinto, eu detestava viajar de avião.
— Tudo bem? — Escuto uma voz masculina falar bem perto de mim.
Olho para o lado a tempo de ver um moreno alto, com características mexicanas, sorrir para mim.
—Tudo. — Continuo o encarando.
— Eu estou do seu lado. — Ele ri meio sem jeito e se senta do meu lado.
— Achei que eu viajaria sozinha. — Falei.
— Ai! Essa doeu! — Ele ri, do que achava que era uma piada e eu sorri amarelo de volta.
Só agora percebi que seu inglês tinha um sotaque meio engraçado, ou seja, ele não era daqui.
— De onde você é? — Perguntei.
— Fui pego, não é? — Ele sorriu, abrindo covinhas por baixo daquela barba — México. — Me encarou — Sou Ruanito, mas pode me chamar de Ruan.
— Sou Isabella, mas pode me chamar de Isa. — Sorrio de volta.
— E você? — Ele pega seu telefone — De onde é?
— Daqui mesmo, estou fazendo uma viagem ao Brasil, á negócios, e você?
— O mesmo. — Ele respirou fundo — Amo Minas Gerais e Rio de Janeiro! Vou para lá sempre. — Ele piscou mudando para um português perfeito — Você já viajou muito para lá?
— Eu não. — Respondi em um português embaralhado o fazendo gargalhar.
— Percebi. — Ele continuou rindo — Sotaque engraçado.
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Trono de Espinho
Misterio / SuspensoMccullen é uma agente séria da CIA, que levava uma vida sem muitas mudanças, até que em uma nova missão, ela conhece Ruan Smith, aparentemente um cara normal. Apesar de todos os esforços em mantê-lo longe de sua vida, os dois embarcarão nessa missão...