Um Coração Frágil

Capítulo 6 - A Verdade

(Na imagem acima são: Krystian Wang, Josh Beauchamp e Corbyn Besson)

Josh: Bem, eu e Corbyn nunca nos demos bem. Na verdade eu, que não me dou muito bem com ele, como você pôde notar. Ele tenta ter uma relação de irmãos comigo, porém eu não consigo. - Começa a acariciar minhas costas com as pontas dos dedos - Ele é meu irmão por parte de pai apenas, e... quando minha mãe descobriu que havia sido traída e que meu pai teria um filho fora do casamento, foi um caos total! Eu tinha apenas 1 ano e alguns meses, não me lembro desse momento exato, minha mãe que me contou. - Sentia seu coração bater forte - Eram brigas atrás de brigas, minha mãe não o quis mais em casa, porém, ela não podia trabalhar, pois eu ainda era um bebê, e pagar alguém para me olhar, muito menos! - Coçou a testa - Nisso, meu pai foi morar com a sua "nova" família e mandava a pensão pra minha mãe, sendo que o dinheiro era pouco e não dava pra pagar todas as despesas: aluguel, comida, gás, água, energia... - Me levantei e o olhei.

Clara: Se não quiser mais contar, eu enten...

Josh: Tá tudo bem, relaxa. - Me puxa pro seu abraço novamente. Solta meu cabelo e começa a me fazer cafuné. - Minha mãe começou a passar dificuldades comigo pequeno. Foi uma época difícil, lembro-me que meu pai dava as caras pra me ver, às vezes, mas quase sempre eles tinham que brigar. Fui crescendo e entendendo mais, minha mãe nunca escondeu nada de mim, desde muito pequeno eu sempre soube que tinha um meio irmão mais novo, e já entendia que era por causa dele que esse reboliço todo em minha família acontecia. - Se remexeu na cama se ajeitando - Tenho alguns flash de lembranças, de eu perguntando pra minha mãe onde estava o papai, e ela me respondia dizendo que estava com meu irmão, que agora a casa dele era lá. E eu não entendia bem o porquê de meu pai poder morar com meu irmão, mas comigo não, sabe...? De ele ficar mais tempo com ele e não comigo... - Eu podia imaginar com clareza cada cena que Josh descrevia. Sentia meu peito apertado ao escutar sua história. - Lembro-me de algumas vezes minha mãe chorando no banheiro, ela não queria chorar na minha frente, eu a perguntava o que ela tinha e ela sempre inventava alguma coisa, não queria dizer que estava mal e me preocupar. Eu sabia que estava mentindo, mas não sabia exatamente a verdade... hoje entendo, eram tantas coisas, tantas dificuldades que a deixavam angustiada. Desde então, precisamente por volta dos 5... 6 anos, eu não conseguia vê-lo como irmão, como alguém com quem eu pudesse brincar, conversar e me divertir. Meu pai, poucas vezes me buscava para irmos ao parquinho ou coisa assim e o levava junto, ele percebia o nosso distanciamento e queria nos aproximar. Corbyn sempre queria comunicação, ele não me via como eu o via, e até hoje, ele mesmo sabendo da história, ainda tenta comunicação... talvez pelo fato de a família que foi destruída não ter sido a dele... então ele não passou pelo o que eu passei. - Esfregou os olhos - E sempre foi assim, ele sempre tendo mais do eu, recebendo mais do que eu. Ele teve uma família, ele teve mais afeto dos dois pais, ele viveu com os dois pais juntos, ele não passou dificuldades, ele teve uma educação boa, ele te...

Clara: Mas nós estudamos em um bom colégio, amor. - O olhei.

Josh: Sim, porém, antes de eu conseguir entrar nesse colégio, eu vim de escola pública, escola precária, e sem contar que me atrasei um ano na escola por conta dele. Nunca repeti de ano, sempre fui um aluno esforçado e agarro os estudos com unhas e dentes até hoje, você sabe, porém em vez de eu começar aos 6 anos eu comecei aos 7. Você vê, ele é um ano mais novo do que eu e terminou o colegial ano passado, e eu, com quase 20 anos na cara, ainda estou no terceiro ano! - Expirou forte - Aos 4 anos minha mãe arrumou um emprego e começou a me levar para o seu trabalho. Passávamos o dia todo lá praticamente. Era difícil se eu entrasse na escola com essa idade, pois não havia períodos integrais e ela não teria quem me buscasse e nem poderia sair do trabalho para me buscar, nisso eu só entrei aos 7 anos quando já sabia ir e vir sozinho, embora ainda fosse pequeno pra ir e vir só, aí depois de um tempo, fiz amizades e comecei a ir e vir com a mãe de um amigo da minha sala deixando minha mãe menos preocupada. Nisso eu saía da escola e ia pro trabalho dela, pra não ficar só em casa... - A voz de Josh e o cantar dos grilos eram os únicos barulhos que haviam naquela noite. Ele continua - Então... eu não consigo tê-lo como irmão, eu nunca vou conseguir! O culpo, pois foi ele que destruiu a minha família e tirou tudo de mim! Ele só atrapalhou a minha vida! Por isso eu digo, que você é a unica coisa boa que eu tenho na vida, Clara. - A cortina fina e branca da janela balançava levemente com a brisa que entrava. Já passavam das 2 da manhã.