Ela estava sentada, fitando o cesto de lixo, um ótimo jeito de começar o dia. Estava inquieta batendo os dedos na mesa da coordenadora, seu estômago embrulhando. Ser novata era uma coisa tão comum em sua vida, que nem deveria deixa-la naquele estado. Mas alguma coisa lhe dizia que daquela vez, ia ser diferente.
Uma mulher rechonchuda entrou pela porta com um papel na mão, ela olhou a garota magrela com desdém e disse:
- Você deve ser Evelyn Colares Brito, pode vir comigo, por favor.
Evelyn seguiu a mulher por um corredor estreito cheio de portas, até que na frente de uma, com a escritura "2-C" bem acima dela, pararam. A mulher disse, sem olhar pra ela:
- Aqui é sua sala, qualquer coisa pode falar comigo, você sabe onde me encontrar. E bem-vinda Evelyn!
-Muito obrigada.
Ela espiou pelo vidro da porta alguns adolescentes conversando com um professor, outros bagunçando e sentiu aquele frio na barriga, ela se encolheu, respirou fundo e abriu a porta.
Todos os olhares se viraram para vê-la, Evelyn podia sentir o peso deles. Ela foi direito ao professor, alguns alunos abriram espaço para que ela passasse, explicou sua situação a ele, que logo pediu para que todos se sentassem, inclusive ela, na terceira cadeira perto da parede. Ele avisou à todos:
- Pessoal, hoje temos o prazer de receber uma nova aluna. Você poderia nos dizer seu nome?
- Evelyn Colares - Sentada mesmo ela disse seu nome, suas pernas bambas não lhe serviam pra nada, os rostos a sua frente estavam borrados. Por que ela estaria se sentindo assim?
O professor deu as boas vinda para ela, e disse que lecionava Literatura, e que seu nome era Hélio, ele parecia mais simpático agora.
Conforme o tempo foi passando ela pode ver os rostos de seus colegas, um garoto sentado na primeira cadeira era muito branco e tinha cabelo loiro-branco, devia ser o nerd da sala. Do outro lado, uma garota com longos cabelos vermelhos, não ruivos, vermelhos. Ficou secando ela com um olhar de superioridade implacável com seus olhos negros. E a primeira pessoa que ela reparou foi um garoto de casaco preto na diagonal esquerda dela, ele estava sem dúvidas dormindo, nem devia ter visto a chegada dela.
Na cadeira a sua frente sentava uma garota pequena, com óculos grandes demais para seu rostinho branco. Ela foi a primeira pessoa a falar com Evelyn:
- Oi! - Disse ela com um largo sorriso. - Meu nome é Lívia, mas pode me chamar de Lia. Você é tão bonita!
O elogio a deixou boba e feliz, Lia parecia ser a aquelas pessoas que queremos ter amizade logo de cara.
- Obrigada, você que é linda, toda pequenina, parece uma flor.
- Valeu mesmo - Ela continuava com o sorriso. - Você veio de onde?
Mas antes de Evelyn ter tempo de responder, ela viu o professor jogar um pincel de quadro em cima do garoto que estava dormindo perto de dela. Quando ele foi atingido pela arma do professor deu um pulo, levantou a cabeça rápido. Eve viu o quanto aquele menino era aaah, ficou sem palavras para qualquer coisa. Ele parecia aqueles astros do rock que vemos na Tv, casaco preto, cabelo preto bagunçado, ele tinha lindos olhos castanhos, que no momento estavam em um misto de medo e sono. Ela sentiu algo, e seu pé sentiu o pincel que terminou seu longo trajeto ali no chão. O professor pediu desapontado:
- Gostaria de um pouco mais de atenção, Felipe. - Hélio olhou em volta. - Alguém viu meu pincel?
Fora do transe de alguns segundos atrás, Evelyn pegou o objeto e o arremessou para o professor de literatura a sua frente. Ela sentiu um leve olhar às suas costas, se virou já sabendo a quem ele pertencia. Felipe a olhava de uma maneira que ela não pode descifrar. A garota virou-se num movimento rápido, sabendo que cor estava seu rosto.
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Mais Uma Vez
RomanceEla não sabia o que fazer, estava sozinha em um ambiente desconhecido, só queria fazer amizade rápido para sobreviver à aquele inferno.