capítulo 1

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Deus me livre! Esta seria a maior infelicidade de todas! Achar
agradável um homem que decidimos odiar! Não me deseje esse mal.

-Jane Austen, Orgulho e Preconceito

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A balada não foi das melhores naquela noite. Não compensou todo o trabalho que tive para sair às escondidas de Vô Jisung, que me proibiu mais uma vez de sair durante a semana. Cheguei em casa mais cedo que de costume, por volta das quatro da manhã, louca para cair na cama.

Nuvens pesadas cobriam a lua, deixando a casa muito sombria. Sempre achei a mansão meio assustadora ao cair da noite, mais vovô adorava - tinha boas recordações incrustadas nas paredes cor de creme. Para não atrair atenção, subi sorrateiramente os degraus da escada dos fundos que ligava a cozinha ao
andar de cima, mas que obrigatoriamente me fazia passar pelo corredor do quarto de meu avô.

Prendi a respiração, tentando fazer o mínimo de ruído possível ao passar pela porta branca com entalhes delicados.
Meu esforço foi inútil, claro.

-Joohyun ! - chamou vovô, numa voz baixa, porém firme.

Suspirei pesadamente, soltando os ombros antes de abrir a porta e enfiar a cabeça por uma fresta no quarto iluminado apenas pela luz do abajur.Vovô estava sentado na enorme cama, um livro nas mãos, o rosto desapontado.

- Você achou mesmo que eu não notaria sua escapadinha? Não acha que é um pouco tarde para estar indo para a cama? - quis saber vô Jisung, me observando por sobre os óculos.

- Tecnicamente é cedo, já que tá quase amanhecendo...

- Entre, Joohyun - ele ordenou.

Grunhi, tudo que eu queria era ir para minha cama, de preferência sem levar bronca. Contudo, eu sabia
que vovô correria trás de mim até soltar todos os cachorros. Era inútil tentar escapar.

Arrastando-me bravamente, como um condenado à cadeira elétrica, me sentei no pé da cama.

- Onde você estava? - ele indagou, a testa enrugada, os cabelos grisalhos ligeiramente desarrumados.

- Com a Wendy. Era aniversário dela. - Wendy era minha melhor amiga desde... bom, desde que eu me
lembrava. Nós nos conhecemos no maternal e, depois que ela me salvou de um monstro horrível no
parquinho do colégio, nunca mais nos afastamos. Éramos inseparáveis.

-Claro. Ela está com quantos anos agora? Cento e três? Porque nos últimos dois meses você foi a pelo
menos oito festas de aniversário da sua melhor amiga.

Droga!

- Eu disse aniversário? Eu quis dizer despedida de solteira.

Vovô suspirou.

- Joohyun, eu já sou velho o bastante para saber quando estão querendo me enganar - ele fechou o livro com
um movimento brusco e tirou os óculos de leitura. - Eu não entendo. Sempre dei tudo a você, nunca lhe faltou nada. Acho que o problema foi exatamente esse, não é? Acabei mimando você demais. Você é uma mulher adulta há algum tempo. Tem vinte e quatro anos, mas ainda age como uma adolescente irresponsável. Quando vai criar juízo, querida?

-Vovô, eu... +

- Isso não é hora de voltar pra casa, ainda mais numa terça-feira. Já se deu conta de que você passa todas as noites e madrugadas na rua, só Deus sabe fazendo o quê?

- Eu não estava fazendo nada errado. Eu nunca faço nada errado - me defendi.

Seus olhos castanhos, exatamente da cor dos meus, se estreitaram, as rugas ao redor tornaram tudo mais
ameaçador.

Procura-se um marido - Seulrene VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora