A Passagem do Guardião Christopher

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Olho pra trás e lá está ele, um lobo quase do tamanho de uma pessoa de pé. Correndo na nossa direção. Piso no acelerador de novo. E do nada, estou a 120 km por hora na estrada com mais curvas que posso contar.

— Todo mundo de cinto de segurança!

Bia grita.

Passo correndo por outra poça de água, e um barulho alto.

O carro desestabiliza.

Olho pra trás de novo, agora o lobo estava mais distante, mas ainda estava lá, correndo até nós.

— Lety... — Natasha diz — Cuidado....

Sim, o pneu furou e o carro estava desestabilizado.

Por sorte, só mais quatro curvas até a chegada de Paraibuna.

Natasha faz um sinal com as mãos. Ela estava estudando o poder dos sinais.

Olho pra trás pela última vez. E o lobo tinha sumido.

Respiro mais aliviada.

— O que que foi aquilo? — Bia pergunta, ainda olhando pra trás.

Estou tremendo ao volante quando vejo as luzes de Paraibuna se aproximando.

— Você tá bem, Lety? — Natasha pergunta.

Assinto com a cabeça, mesmo mentindo. Minha obrigação é passar segurança para as meninas. Não importa o que isso implique.

E depois das curvas, chegamos a Paraibuna, onde desacelero e paro o carro. Finalmente respiro com calma.

— Temos um pneu furado. — digo — E também preciso fazer o pedido de passagem para casa.

— Pelo amor de Shamah... O que aconteceu? — Natasha repete para si mesma. Ela sabe que eu não responderia, mesmo se tivesse a resposta.

— Obrigada pelo sinal... — digo a ela, notando que ela tem levado a sério as magias aprendidas nas escrituras antigas.

— Futura Sacerdotisa dos Sinais, ao seu dispor... — ela responde, tentando retirar a tensão da conversa. Seria impossível ela se tornar Sacerdotisa. Ela surtaria só em ter que usar o mesmo unifor todos os dias. — Boa sorte com o pedido da Passagem.

Se estiver se perguntando como funciona uma Passagem, eu já te explico. Quando você vê um portal de uma cidade, algo do tipo, existe um Guardião naquela região, nas divisas de Estado, temos os Guardiões mais poderosos. Paraibuna é a última vila antes do Estado de Minas Gerais. A passagem não é um portal, mas sim, uma ponte que cruza o Rio Paraibuna. As cidades e localidades são chamadas de Vilas.

Para solicitar a passagem como maga, devo chegar a entrada da ponte, juntar as mãos como uma oração e aguardar ouvir a voz do Guardião da Passagem. Em seguida o cumprimento e digo que desejo passar. Ele observará as intenções da pessoa que deseja passar e liberar a travessia.

Sou moradora da Vila do Centro de Simão. Minha intenção é voltar pra casa.

Desço do carro, com minha adaga em mãos.

A praça da cidade está vazia. Há um posto de combustível abandonado. Um playground de crianças. Uma Templo Espiritual. Uma quadra de esportes e a área embaixo da árvore matriz. Lá tem mesas de xadrez e damas. E bancos de concreto. E absolutamente ninguém.

— Esperem aí dentro mesmo. — digo, ao me dirigir ao porta-malas e abrir.

Sinto um arrepio nas costas ao encaixar a chave. Olho pros lados e não vejo ninguém. Seguro a adaga mais firme. Há um vento leve passando pela lateral do rio e por mim. E isso só piora o medo.

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⏰ Última atualização: Sep 14, 2020 ⏰

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