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   Eu não queria levantar, eu não queria nem tentar. Será que é pedir muitos não ir para a escola hoje? E se eu inventasse está doente? Minha mãe iria sentir o cheiro da mentira assim que ela entrasse em meu quarto. Bom, é ir para a escola ou ficar em casa com os gêmeos.
   Hoje é o primeiro dia do último ano escolar, eu devia pular de alegria por finalmente ter chegado ao fim,mas  ainda é uma chance para que eu aproveite o ensino médio em quanto eu ainda posso. Meus pensamentos conturbados são lavados pela água quente do chuveiro.
  
   Na cozinha, os gêmeos disputam o que sobrou do cereal, ignorando a existência da outra caixa cheia ao lado dos dois. Meu pai está lendo o jornal como todas as manhãs enquanto o seu café esfria e a mamãe está uma pilha de nervos, com seus cabelos castanhos claros bagunçados. Seria uma típica manhã em casa,se não fosse pela notável ausência do meu irmão mais velho.
   James foi para a faculdade a menos de mês e a falta que ele me faz sentir me faz querer esmurra-lo.

— Bom dia queria. — disse minha mãe, ela manteve seus olhos fixos na frigideira quando falou.

— Bom dia.

— Você comeu todo da última vez!

— Não , quem comeu foi você!

— Meninos! — quase gritei — Não é hora para brigas! — peguei a caixa de cereal esquecida e a abri — Não importa quem foi o último que comeu. — os gêmeos me mostraram a linguagem e depois correram cozinha a fora.

— Eles são fogo. — comentou meu pai.

— Eles são uma catástrofe natural, tipo um tsunami de 40 metros. — meu pai riu do meu comentário, ele soltou um suspiro antes de voltar para sua leitura matinal.

— Você pode ir a pé? O carro está na oficina...

— Sem problemas, mãe.

   Andar nunca foi um problema, eu gosto de ver as pessoas saírem de casa para o trabalho,para a escola e para correr, todos são iguais mais são tão diferentes. Gosto principalmente de observar a família Morrison sair de mãos dadas com o filho mais novo enquanto o mais velho segura o Husky de estimação. Um dia eu os pintei em segredo,mas nada se compara em ver de perto. Ver o real.

   Anna estava atracada ao pescoço de Matt quando eu cheguei. Minha melhor amiga com o meu ex, eu deveria me importa?

— Emma! — Anna gritou assim que notou minha presença. Foram longos cinco minutos.

— Oi sumidos! — disse animada. Matt se virou para mim com um olhar indiferente.

— Você não vai acreditar! — ela disse gesticulando rápido, não consegui acompanhar ela estava eufórica. — Sabe o professor Lambert?

— O que tem ele? — a imagem de um senhor coçando a bunda me veio a mente. Eu nunca entendi o por que ele fazia isso.

— Bateu as botas! — meu queixo caiu, em parte pela notícia, em parte por estar espantada pela alegria em que minha amiga conta os fatos.

— Nossa, eu não sabia.

— Foi no início das férias, o enterro foi fechado, mas o boato que tá circulando é que os filhos nem se quer apareceram no enterro do velho. — foi a vez de Matt.

— Hum , isso é triste.

— Para eles, aquele homem me odiava, quem sabe agora eu tenho chances de passar em biologia!

   As vezes me pergunto se eu deviria ou não manter minha amizade com Anna,ela é legal e divertida,mas não tem um parafuso no lugar.

   Eu fiquei em choque pela notícia do Sr.Lambert, não que eu gostasse dele,mas por que ele esteve na minha vida desde que ingressei na Blake High School, é difícil imaginar que ele não vai mais passear pelos corredores da escola como fazia, ou reclamar dos meus desenhos nos trabalhos escolares.

Por Você ( Amostra )Onde histórias criam vida. Descubra agora