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— E como foi o seu primeiro dia? — James sacudia o pacote de Doritos em frete a câmera enquanto ele comia.

— Foi... — bloqueie a cena da secretaria da minha cabeça — Interessante.

— Interessante,  é? E o que aconteceu de tão interessante?

— Hum... — meus dedos do pé se fecharam dentro do sapato — , o professor Lambert faleceu no início das férias.

— O que tinha urticária na bunda? — foi impossível não sorrir.

— Esse mesmo.

— É uma pena, mas isso não é um acontecimento interessante Emma.

— Bom, então não foi interessante, foi um dia normal.

— E é por isso que tá com essa cara de que roubaram o seu doce? — revirei os olhos e meu irmão gargalhou do outro lado da tela.

— Não, é só que... — mordi o lábio inferior, não gosto de falar sobre meus sentimentos,mas ele precisa saber — James, você está do outro lado da cidade, meu irmão está a kilómetros de distancia e você quer que eu fique bem? Não, por que estou com muitas saudades!

   Eu não queria deixá-lo triste,mas sua expressão dizia que ele sentia o mesmo.

— Eu sei macaquinha. Também sinto a sua falta. Mas eu vou está aí no natal, vamos poder matar a saudade.

— Vai demorar muito. 

— Vai não, logo eu tô aí estragando suas tintas.

— Não vem não, deixa minhas tintas fora disso, James! — ele gargalhou e eu só queria fazer sua risada durar mais um pouco.

— Meus amigos adoraram o que você fez com a minha apostila, alguns ofereceram dinheiro para ter um igual!

— Hum, até o Natal eles desistem. Você podia vir esse final de semana aí eu poderia pintar as apostilas dos seus amigos, o que acha? — ele riu novamente.

— Ah Emma, você é incrível sabia?

— Sabia sim. — me curvei de tanto rir.

— Tenho que ir macaquinha, posso te ligar amanhã no mesmo horário? — ele perguntou. Mordi o lábio inferior tentada a pedir que ele ligasse mais cedo,mas as aulas dele sempre iam até tarde.

— Sim, amanhã no mesmo horário. Beijos! — acenei para câmera.

— Tchau, macaquinha.

   Eu já estou desistindo. Faz mais de trinta minutos que estou esperando o professor Campbell e os outros assistentes e nada deles. Quer saber? Eu vou embora. Apanhei minhas coisas da mesa e me retirei da biblioteca.
   Os corredores da escola estão vazios,mas o som de risadas ecoam por eles.
   Um grupo de três pessoas estão a dar gargalhadas divertidas e entre eles o professor Campbell. Eu não acredito nisso.

— Emma! — o professor Campbell me avistou, e um gesto dele me fez ir até eles. — Onde estava? A reunião terminou faz uns dez minutos!

— Estava na biblioteca, esperando vocês a quase 40 minutos! — eu quase gritei, queria despejar minha incredulidade e minha raiva neles.

— Mas eu mandei mensagens — ele buscou o celular do bolso e me mostrou a tela. — Aqui, mandei mensagens para todos dizendo que a reunião seria no laboratório e não na biblioteca.

   Peguei o celular da mão dele a analisei as mensagens, minha raiva se dissipou quando eu vi o erro.

— Meu número está errado, — devolvi o celular a ele —  é um 5 no lugar do 4. Por isso não recebi a mensagem.

— Ah Emma, eu sinto muito, eu devia ter conferido uma segunda vez. — disse ele.

— Mas não tem problema, posso passar as informações para você por e-mail se quiser. — disse um garota morena e sorridente.

— Tá, tudo bem. — eu disse por fim.

   Fora eu, há mais dois assistente, uma menina chamada Laura e um rapaz muito bonito do primeiro ano chamado Carter. Eles foram rápidos em me passar os números deles antes de saírem. Eu ia os acompanhar mas...

— Preciso falar com você. — disse o Sr. Campbell. Meu estômago se revirou só de imaginar que estamos a sos.

— Algún problema, Sr. Campbell?

— Não, é só que como você está no último ano eu pensei que poderíamos fazer as coisas um pouco diferentes, você vai precisar de mais tempo para se inscrever nas faculdades então eu pensei que, em vez de fazer uma reunião com os outros assistentes durante os intervalos, poderíamos fazer depois da aula e eu poderia ajudá-la com o processo da faculdade, o que acha?

   Eu realmente iria precisar de ajuda com as redações e as entrevistas. James teve ajuda dos professores para passar em Yale, não é uma ideia ruim,mas ficar sozinha com ele...

— É uma ótima idéia,mas os encontros vai acontecer aqui não é? Digo, na escola.

— Sim, tem algum objeção a isso?

— Não, nenhuma. Você tem meu telefone, me mande uma mensagem me avisado quando será a próxima reunião, tudo bem?

— Sim, Emma. — ele disse, abriu a boca algumas vezes como se fosse acrescentar algo mais se conteve.

— Então eu ja vou indo, até mais Sr.Campbell. — me despedi rapidamente dele e não esperei ele fazer o mesmo, só quis sair o mais rápido possível dali.

   Ela sacudiu a faca no ar como se fosse uma varinha de condão.

— Yale é uma boa opção filha. — ela comentou. Entramos no assunto faculdade, quando falei para ela sobre os encontros com o professor Campbell.  — Mas você tem algo em mente? Algo diferente quero dizer?

— Vou me escrever em quantas em puder, para ter opções. — mordisquei um pedaço de cenoura crua.

— É uma boa tática. — ela disse mexendo na panela.

— Quer ajuda com o jantar , mamãe?

— Não, já está tudo pronto eu só preciso deixar o molho da carne espessar. Vá se trocar para o jantar.

   A cinco anos minha mãe, uma jornalista que estava no ápice de sua carreira, teve que largar tudo por causa da gravidez dos gêmeos, desde então ela se resume a cuidar da casa e fazer jantares deliciosos, mas às vezes quando ele está sozinha, consigo escutá-la ensaiar para uma reprise que ela não vai gravar. Sinto falta de vê-la na tv, sinto falta dos olhos brilhantes cor de caramelo.

  Ia dar sete da noite quando James me ligou.

— Acha que ela está infeliz? — perguntou ele.

— Não, acho que ela só está cansada. Os meninos estão piores, a casa vive de pernas pro ar e a bagunça não cede e o papai está trabalhando em dobro para pagar a escola deles.

— Pelo menos eles vão para escola logo.

— Mas até lá, são duas semanas de tormenta. — meu irmão riu do outro lado da linha.

— Eles puxaram a mamãe em tudo, acho que é por isso que ela cede, por que sabe que eles são parecidos com ela.

— Concordo com você, mas isso nao significa que eles estão livres para deixar a casa de cabeça para baixo.

— Livres ou não, eles conseguem o que querem.

— Sim, mas e como estão as coisas aí? — perguntei, a necessidade de mudar de assunto era óbvia.

— Muitas provas e trabalhos, Emma. — ele suspirou e o ruído deixou sua voz abafada — É uma loucura isso aqui,mas é tão bom. Eu me sinto independente e confiante, estou acabado mas estou tão contente, macaquinha!

— Fico feliz que esteja gostando, mas não vai gostar muito daí não, seu lar é aqui!

— Eu sei, macaquinha. Tenho que ir, mesmo horário amanhã? — sua voz parecia animada.

— Sim, mesmo horário. Beijos.

   Que falar eu sinto de brigar e brincar com meu irmão. Não vejo a hora do Natal chegar e eu poder bater nele por ter ido para tão longe.

Por Você ( Amostra )Onde histórias criam vida. Descubra agora