A garota que não posso ter

Vamos começar pelo fim

Ela está chorando.

Estou tentando ser forte por nós dois, mas se os nossos olhos se encontrarem vou perder o controle. Vê-la triste me fere mais do que qualquer coisa. Queria ter todas as respostas, queria poder dizer que vai ficar tudo bem e que podemos dar um jeito. Queria que tivesse muito mais possibilidades do que realmente tenho.

Se ao menos o tempo parasse agora. Não quero que ela vá.

– Julie...

– Só preciso um pouco mais de tempo.

Ela me aperta, me puxando cada vez mais perto. Posso sentir seu coração batendo através de mim.

– Julie... Você...

– Por favor, eu só... – ela balbucia – Eu só quero ficar aqui com você. Um pouco mais.

– Não podemos.

– Eu sei, mas...

Eu a afasto devagar e seguro seu rosto entre as mãos. Tentando limpar suas lágrimas. Só aí percebo que também estou chorando.

–Eu te amo Julie. Mais do que achei que seria possível amar alguém. – ela balança a cabeça como se tentasse afastar o que vem em seguida. – Se as coisas fossem diferentes, eu...Nossa eu.... Não tem como ter um futuro normal comigo.

– E se eu não quiser uma vida normal? E se esse for o nosso normal?

– Julie...

– Luke eu... Eu não posso. – a voz falha. – O que a gente tem é maior do que isso.

– Eu sei. Mas não podemos. Não tem como. Eu...

– Mas a gente nem tentou! Que droga Luke.

Seu rosto escapa de mim. Ela o esconde no meu peito, agarrando o meu casaco e abafando soluços. Podíamos tentar, mas seria só mais doloroso. O mundo às vezes não é justo. Pego ela pelos ombros e trago os seus olhos marejados de volta.

– Eu preciso te deixar ir, Julie. – colo nossas testas uma na outra. – Você tem que ir.

– Luke, eu te amo... Eu não...

– Ei, ei. Tá tudo bem – sorrio. – Ainda vamos ter um ao outro. Sempre.

Ela assente e, relutante, vai se afastando. A falta do seu toque me torna ainda mais leve. Me lembrando da minha própria falta de existência no mundo. Abaixo os olhos, pois não quero vê-la partir.

Os passos dela param de repente e se transformam em uma corrida na minha direção. Quando dou por mim, nossos lábios se encontram. Sinto seu calor me invadindo de todos os lados. Sinto seu perfume. Ah, como ela é perfeita.

Julie se afasta. Queria que tivessemos mais.

– Eu precisava saber como seria.

– Muito "ventoso"? – brinco.

– Não. Mágico. – ela sorri e vai embora de vez.

Não olha para trás.
E eu tento me convencer que é melhor assim.