Anjos E Will

17

-Vamo gente! Fala!
-Fi-começa meu pai, sendo logo interrompido por Pedro-...
-Will! O Will conta.
-Quem é Will?
-William. O namorado dela.
-Ele não é meu namorado!
-É sim.
-Concordo com o Pedro!
-Me mostre uma foto dele.
-A gente não namora, é só um lance...
-E... Quando vão começar a namorar?
-Não sei, tá. Não sei. Aliás... Por que a gente mudou de assunto? Hã?
(Telefone do Pedro toca)
-Aha! Falando nele...
E se levanta, em direção a porta do jardim.
-É o destino-provoca Amanda-...
-Pra que inimigos né?
-Alô! Estamos... Por q... TÔ INDO!!!
Pedro vem correndo em nossa direção.
-Aqui tem ônibus pro Rio?
-Tem filho...
-Vamos, gente! Não tenho tempo pra explicar pai, mas é sobre aquilo.
-Aquilo oque?
-Espera mulher!!!!
-Depois Me liga filho. Tchau meu amor...
-Tchau...?-digo um pouco confusa.
-Pedro espera!
Diz Amanda que estava sendo arrastada por Pedro junto comigo.
-NAAAAO DAAAAA!!!!!!
Um ônibus para no ponto e nós subimos.
-Pedro ou você me conta agora ou você me conta agora.
-Pode ser depois?
-Não te dei essa opção.
Ele fica em silêncio.
Eu sinto um formigamento nas pernas e parece que o ar está ficando mais difícil de respirar. Sinto uma tontura.
-Nossa...
-Que é?-Amanda pergunta
-Deu uma sensação ruim...
-O que você tá sentindo-pergunta Pedro-?
-Uma tontura... Parece que minha perna tá bamba... Tô com falta de ar...
-Laura?
-Pedro, a boca dela tá branquinha!
-Hã?
-Meu Deus, verdade!
Eu tombo para o lado.
Acordo numa sala, acho que é de hospital. A minha visão vai se desembaçando aos poucos e eu consigo ver Will na minha frente.
-Oi?
-Oi.
-A gente precisa... Ter uma conversa muito séria.
-Ta...
-Eu preciso da sua total confiança e sigilo. Eu tenho que te contar tudo. Tudo começou quando seu antigo anjo da guarda se aposentou e eu entrei no lugar dele. Só que eu acabei me apaixonando por você e eu insisti tanto para a mamãe Deus que me deixasse descer e ela acabou cedendo. Só que uma alma tem direito a ter somente dois anjos por vida. E no dia em que cheguei a Terra, deixei de ser seu anjo. Eu não tenho mais meus poderes, eu não tenho mais minhas asas. Eu não poderia mais curar você. Então me infiltrei na equipe dos médicos, adquiri conhecimento, fui pra Itália com informações da mamãe, conheci o Pedro e te conheci. Eu te toquei. Mas agora eu PRECISO te salvar. Seria lindo eu falar que um só toque, uma só vez com você basta. Mas não. Não adianta, pois eu não suportaria o fato de olhar todos os dias pro meu lado e você não estar lá. Não, não posso voltar a ser um anjo e não, eu não quero. Por mais que isso custe a sua vida. Eu quero te fazer feliz, o seu beijo, o seu abraço, o seu toque são dez milhões de vezes mais importantes que o ar que eu respiro.
Eu fico paralisada e em choque.
-Desculpa. Eu acabei de acordar devo estar delirando, repete por favor?
-Não. Você não está delirando, Laura.
-Mas e aquela história dos seus pais, do seu irmão, do racismo?
-É real. Eles são uma família adotiva. Adoção tardia.
-Ah...
-Laura?
-Hm.
Ele chega perto de mim e enxuga uma lágrima do meu rosto.
-Você confia em mim?
-Na verdade... Eu não sei mais. Eu confio, eu confio. Mas tenho medo de você estar mentindo pra mim de novo.
-Não menti. Só precisei esconder isso. Era pro seu bem, amor.
-Amor?
Eu sinto minha bochecha corar.
-Pode ser?
Eu balanço a cabeça. Ele se aproxima mais de mim e me dá um selinho rápido e suave.
-Mas o que eu tenho?
-Quando você caiu na piscina, fizemos uma tomografia, típico, só pra ver se tinha alguma sequela... Encontramos um aneurisma quase intratável, mas hoje achei algo que pode ser a sua cura.
-É informação de mais... Eu tô assustada.
-Não! Não fica. Olha... Olha pra mim. A gente vai sair daqui, vai entrar naquela sala, a cirurgia vai ser um sucesso, você vai ter uma ótima recuperação, depois nós vamos nos casar, adotar uma criança, um cachorro grande e ter um filho por gestação.
-Will? Você endoidou?
-Você confia em mim?
-Confio, Will.
Agora tudo Tá se encaixando, tudo, tudo mesmo! Até aquele dia em que ele chegou em mim e disse que era muito cedo para gente ficar junto. Era por isso, era para ele poder estar na equipe quando eu fosse operada!
-Senhorita Laura. Ah, você já me conhece! Sou a Yasmin.
-Oi!