◇Two◇

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Dou um suspiro longo e me deito na cama, pegando no sono.
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Acordo no meio da noite e lembro do que meu pai me disse mais cedo, eu teria que me acostumar com toques, e era algo que eu sabia que não seria fácil, eu começo a chorar lembrando de tudo o que me ocorreu nos últimos anos e do motivo de eu ter medo de pessoas. Começo a sentir uma vontade incontrolável de engolir uma cartela inteira de antidepressivos
Eu havia escondido algumas caixinhas de remédio em algum lugar, mas não conseguia achar e nem me lembrar.

-Meu Deus, eu burra eu sou! -Digo enquanto lembro que só tem um lugar onde eu guardo esse tipo de coisas, de baixo da minha cama, em uma caixa cheia de tralhas -Era tão óbvio!

Eu puxo a caixa e abro

-Eu preciso arrumar essa caixa, nunca vi tanta porcaria junta -Digo enquanto tento achas meus remédios no meio daquela bagunça -Ahá! -Digo levantando a caixinha de remédios

Eu desço sorrateiramente até a cozinha e pego um copo d'água, volto correndo na ponta dos pés para o meu quarto. Não sei quantos comprimidos eu tomei, mas tenho certeza que foram muitos, porque assim que eu me deitei, dormi, fora a dor de cabeça no dia seguinte.

Meu despertador começa a tocar. Sério, quem coloca essa merda pra tocar????

-Aaah, que porcaria! -Digo me levantando e logo levo minhas mãos à minha testa em uma Tentativa falha de parar minha dor de cabeça. Me olhei no espelho e, nossa! Eu estava destruída -Espera, ontem eu tive consulta, então..... MERDA, HOJE EU TENHO AULA!

Eu corro para o banheiro e tomo um banho rápido, sem lavar meu cabelo. Coloco um moletom que vinha até minha coxa, uma calça jeans e meu tênis preto da Vans. Desço as escadas correndo e vejo a Renata na cozinha

-Bom dia, senhorita Emma

-Renata, eu já te disse que você pode me chamar só que Emma

-Ok, Emma. Está com fome?

-Sim! Onde estão meus pais e a Júlia?

-Eles saíram para ver sua matrícula

-Ah, e a Júlia?

-Foi com eles, você devia ver, ela fez a maior birra para ir junto! -Ela me diz me entregando um prato com panquecas

-Entendi....

Eu estava comendo, até que ouço o telefone fixo tocar, eu mesma fui atender, a Amanda estava no mercado, e a Renata estava ocupada arrumando a casa.

-Alô?

-Olá

-Com quem deseja falar?

-Com a senhorita Emma

-Sou eu mesma, pode falar

-Seus pais sofreram um acidente de carro essa manhã

-O quê???? Eles estão bem????

-Infelizmente não houveram sobreviventes, o carro deles bateu contra um caminhão

A ligação é encerrada e eu coloco o telefone de volta no gancho, olhando fixamente para a parede com os olhos cheios de lágrima.

Eu não pude fazer nada, apenas chorar, eu chorei até meus olhos incharem, até meu rosto ficar vermelho, até não conseguir mais respirar com o meu nariz estando entupido. Eu não sabia o que ia ser de mim, eu ainda era menor de idade, e eu era a única da minha família, eu não tinha com quem ficar, eu estava sozinha em um mundo gigante.

Eu me entupi de remédios, tomei uma cartela inteira de antidepressivos e mais alguns para dor de cabeça, não sei como não morri de overdose.

Eu acordo com batidas na minha porta, olho rapidamente no meu relógio e são 15:057

Pronta para partirOnde histórias criam vida. Descubra agora