Prólogo

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O salão de baile estava lotado. Havia tantas pessoas ali para celebrar o vigésimo segundo aniversário do príncipe, que Akaashi quase não conseguia espaço para apreciar a decoração do salão. Sentiu pena dos servos que passaram horas decorando todo o local, nem ao menos teriam seus merecidos reconhecimentos.

Mudando seu peso de um pé para o outro, Akaashi estava inquieto. Tentava ignorar o aperto que aquele espartilho estava fazendo em seus órgãos e a peruca que coçava. Pegou uma das taças que os vários garçons distribuam em suas bandejas, buscando no álcool uma distração.

Brincando com a taça vazia com seus longos dedos, Akaashi viu sua irmã no meio do salão, dançando com uma jovem. Era a quinta naquela noite. Akaashi imaginou como estariam seus pés no final da noite.

Bem, era muito mais fácil dançar usando botas, não aquelas coisas minúsculas de vidro que Akaashi foi obrigado a usar. O que lhe deu na cabeça quando aceitou aquilo? Trocar de lugar com sua irmã gêmea para enganar os servos no castelo era um coisa, trocar para enganar um reino inteiro era algo terrivelmente diferente.

Quando seus olhos se encontraram, Akaashi fez sua melhor cara de irritado, enquanto sua irmã ria, rodando sua parceira de dança.  

No fim, ele acabou rindo junto com Naomi. Sabia o quanto aquela noite estava sendo especial para sua irmã. Passara semanas falando do baile, o quanto estava animada. Queria dançar, beber a noite toda, aproveitar ao máximo. Porém, com liberdade. O que seria impossível para ela, ao menos que trocasse de lugar com seu irmão mais novo.

Sinceramente, Akaashi não ligava tanto para aquele baile, estava ali apenas para garantir que sua irmã não estragasse a imagem que ele possuía. Não que ele fosse alguém muito conhecido. O reino deles era pequeno, vizinho de algo tão grande quanto o reino Fukurodani os deixava cada vez menor.

Foi então que a música foi diminuindo, até começar uma nova sinfonia. Akaashi, como todos no salão, pararam o que estavam fazendo e olharam na direção das escadas.

A rainha foi a primeira a descer graciosamente cada degrau, parecia não se importar que todo o salão observava cada ato seu. Um sorriso contido brilhava em seus lábios, não direcionado a ninguém em particular. Seus olhos estavam sempre direcionados para frente.

Logo atrás dela, veio o rei. Este, mais animado, acenava para todos. O rei era conhecido por ser convidativo. Era fácil de conversar com ele, até o mais simple camponês se sentia à vontade a falar com seu rei sobre a coisa mais simples, como o tempo naquela tarde. O que muitos outros reis julgavam como uma fraqueza, o rei de Fukurodani chamava de amor pelo seu povo.

Akaashi sentiu sua irmã enlaçar seus braços antes do príncipe aniversariante descer as escadas.

‘’Preste atenção nele,’’ disse ela em seu ouvido, não desviando os olhos das escadas. ‘’Nunca o vi antes, mas dizem que ele é tão atraente quanto o pai, mas irritante como a rainha.’’

‘’Você não deveria usar a palavra ‘irritante’ para se dirigir alguém da realeza.’’ Akaashi a censurou. 

‘’Ah, Keiji, todos a chamam assim por aqui.’’ disse Naomi. ‘’Ela odeia quando o rei é amigável demais com os plebeus.’’

‘’Ela parece tão confiante, só deve ser alguém difícil de alcançar, diferente do marido.’’

‘’Prefiro acreditar que ela é arrogante porque quer.’’ Naomi deu de ombros. Akaashi revirou os olhos. Não iria sacrificar alguém que ele ainda não teve o prazer de conhecer, ia contra seus conceitos. Os de sua irmã também, mas ela preferia ignorar essa parte de seus ensinamentos.

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