Capítulo 1 - EMERY

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Hardin
Estamos correndo para o hospital. Tessa começou a sentir algumas pontadas na barriga há quase 1h atrás, e elas só pioraram de lá pra cá. Estou tentando me manter forte por ela, pelo bebê. Há um ano perdemos nosso primeiro bebê. A dor me assombra a cada dia, mas a cada dia que nossa filha cresce dentro do corpo de Tessa é uma nova carga de esperança para nós.
Os riscos desta gravidez são tão grandes que, porra, eu quase morro quando penso que podemos passar por tudo aquilo de novo.
Eu tentei ligar para o hospital no caminho, mas cada vez que a chamada era encaminhada para a caixa de mensagem, minha frustração aumentava. Depois de três sinais vermelhos ignorados, Tessa me pede calma. Como ela pode me pedir calma uma hora dessas? Nossa filha ainda não completou nem oito meses.
"EU PRECISO DE AJUDA!!! MINHA MULHER ESTÁ GRAVIDA E ESTÁ PASSANDO MAL!!!" Grito a plenos pulmões na porta de entrada do hospital e logo um enfermeiro enorme aparece empurrando uma cadeira de rodas vazia. "Onde ela está senhor?" "Ela está no carro". Saímos correndo para o estacionamento, onde Tessa esperava. Logo o enfermeiro a acomoda na cadeira e a leva as pressas para dentro do hospital de novo. Enquanto corro atrás deles, consigo ouvir Tessa explicar sua situação em meio a gemidos de dor.
Quando tento entrar com ela e o enfermeiro gigante, sou barrado por outra enfermeira, essa com metade do meu tamanho, dizendo que aquela ala era restrita e que assim que pudesse me traria noticias das duas pessoas mais preciosas da minha vida.
Depois de 10 minutos esperando, começo a achar que vou pirar a qualquer momento, já mandei mensagens de texto para Landon, Karen, minha mãe e para Carol contando das dores da Tessa e que estamos no hospital. Landon não demorou muito para me responder perguntando qual hospital ela estava, e disse que chegaria em uma hora. Nossas mães, incluindo Karen que se tornou uma segunda mãe tanto para mim quanto para Tessa, demonstraram preocupação e eu as garanti que assim que tivesse noticias, contaria à elas.
Minutos antes de Landon entrar praticamente aos tropeços de desespero pela entrada principal, a mesma baixinha que antes me barrou, me chamou para que eu fizesse a ficha de entrada da Tessa. Aparentemente ela teria que passar algumas horas fazendo vários exames e poderia até ser internada para observação.
Tessa
Essas dores estão me matando, são como facadas no final da coluna até a extremidade da minha barriga. Seus intervalos estão diminuindo a cada minuto, mas eu sei que ainda não são as contrações. Ainda não está na hora da minha filha vir ao mundo.. Meu Deus, como ela está enorme, às vezes sinto que minha pele não vai aguentar e explodir a qualquer momento. Nunca pensei que poderia levar uma gestação táo adiante, apesar de todos os riscos, conseguimos cuidar do nosso bebê por quase oito meses sem levar grandes sustos no caminho. Porém, aqui estamos. Em um hospital de novo. O frio que sobe minha espinha quando me lembro de uma das últimas vezes que entrei em um me faz arrepiar.
A dor de perder meu filho no ano passado pesa sob meu peito, esmagando meu coração. No momento em que o médico me disse que meu corpo não tinha aguentado segurar o feto, meu chão desapareceu e o mundo caiu sobre mim. Hardin me ajudou a segurar as pontas. Apesar da dor da perca recair sobre os dois de forma tão impiedosa, eu senti que a culpa era minha e hoje vejo o quanto Hardin foi forte por nós dois naquela época. Ele tirou nossa afilhada dos meus braços quando comecei a chorar descontroladamente ao irmos visitar Sophia no hospital, um dia depois do pior dia da minha vida. Doía pensar que tinha perdido a chance de ter meu filho em meus braços algum dia. Landon e Sophia não entenderam o porquê de tanta emoção, só contamos para nossas famílias dias depois. Apesar de tanta dor e desilusão, hoje eu estou aqui, há poucos dias de ter minha princesa em meus braços e é por isso que não vou desistir e lutar para que nada aconteça e ela.
Mais um intervalo entre as pontadas e um médico com aparência bem jovem entrou no meu quarto.
"Boa noite, senhora Scott. Eu sou o Dr. Abel. Sabemos que está sentindo dor, por isso vou adiantar alguns exames básicos enquanto seu marido preenche sua ficha com a minha enfermeira. E já posso adiantar que há grandes possibilidades de você ficar internada em observação por, pelo menos uma noite, para garantirmos sua segurança e de seu filho." "É uma menina. Vai se chamar Emery." "Bom, então eu lhe garanto que farei de tudo para cuidar da sua Emery." Eu sorrio em agradecimento. "Vamos começar pelo ultrassom".
Alguns minutos depois, o Dr. Abel está com o aparelho de ultrassom escorrendo pela minha barriga enorme sob aquele famoso gelzinho gelado. Suas expressões de preocupação me enche de apreensão...

After - Depois da TranquilidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora