CAPÍTULO 3 - EMERY

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HARDIN

Estou levando Tessa para o hospital, ela disse que sentiu aquelas pontadas de novo. Fico apreensivo por qualquer coisa que envolva sua gravidez, mesmo estando na reta final, ainda existem riscos.
Estamos quase na metade do caminho quando ela me chama. "Hardin..." Quando tiro meus olhos da estrada rapidamente para olha-lá, não entendo o que ela quer me dizer, então volto os olhos para o trânsito, mas não antes de ver seus próprios olhos arregalados, vidrados no seu colo. Quando consigo voltar minha atenção novamente a ela, eu vejo a mancha enorme em seu vestido comprido, na parte abaixo da barriga. "Tess, o que é isso?" Porra, que merda tá acontecendo? Não pode ser... tudo de novo não... "Minha bolsa estourou, Hardin" Ela diz e instantaneamente as imagens do ano passado, quando entrei no banheiro e a vi com sangue entre as pernas sumiram da minha mente. "Nossa filha tá chegando" Ao ouvir essas palavras, eu piso mais fundo no acelerador, estamos quase chegando ao hospital.

TESSA

Depois da minha bolsa romper, eu ligo imediatamente para o Dr. Abel, que se tornou meu novo obstetra depois do último episódio que senti dores. Ele já está no hospital e diz que nos aguardará com tudo pronto. Há poucos quarteirões, mando uma mensagem de texto para todas as pessoas da minha vida, com a seguinte mensagem: "EMERY ESTÁ CHEGANDO!!!" É muito importante para mim ter todas essas pessoas conosco neste momento tão importante, pessoas que acompanharam minha trajetória com Hardin, todos os vai e vêm, todos os altos e baixos, essas pessoas que nunca nos negaram apoio e sempre acreditaram que nosso amor tinha salvação. Todos eles estavam certos, o resultado desse amor, tão conturbado no começo, está explicito na mudança de Hardin, em como ele usou isso como âncora para se tornar uma pessoa melhor, ele pôde perdoar seus pais e se livrar dos demônios que o assombravam desde a infância; o resultado desse amor está explicito no quanto eu amadureci como mulher, como me tornei independente e aprendi a lidar com as dores e as perdas sem me perder de mim mesma. O resultado desse amor está no meu ventre, há poucas horas de conhecer o mundo.
Chegamos ao hospital e o Dr. Abel já nos aguardava, só senti uma contração desde que cheguei. Uma enfermeira fez o exame de toque assim que estava acomodada em meu quarto, para o parto, e disse que ainda estava com dois centímetros de dilatação.
Entre os intervalos das contrações, que diminuía cada vez mais e se tornavam mais fortes, eu consegui falar com a minha mãe, Trish, Karen e Kim. Todas elas, exceto Trish, disseram estar indo para o hospital naquele exato momemto. E a mãe de Hardin me avisou estar indo pegar o próximo avião para os Estados Unidos, para conhecer sua neta.

HARDIN

As contrações de Tessa estão cada vez mais fortes e eu quero morrer a cada grito de dor dela, apesar dela sempre acabar sorrindo para mim. Eu sei que ela está feliz apesar de qualquer coisa. Eu também estou, finalmente vamos ter nossa filha. Os médicos disseram que eu poderia acompanhar Tessa e assistir ao parto, se quisesse, e claro que eu vou ficar com ela.
Depois de, mais ou menos, três horas desde que o Dr. Abel e as enfermeiras nos instalaram neste quarto, uma enfermeira enfia uma das mãos entre as pernas de Tessa e diz que está na hora. Puta que pariu!
Vejo como os olhos de Tessa se arregalam ao ouvir essas palavras, eu devo ter tido a mesma reação, mas acho que ninguém percebeu. A mesma enfermeira que fez o toque em Tessa, a coloca rapidamente em uma cadeira, com as pernas abertas apoiadas em suportes na frente dela. "Hardin, tá na hora. Eu não sei o que fazer" ela parece apavorada. . Me levanto o mais de pressa que consigo da cadeira onde estava, e seguro a mão da mulher da minha vida e antes que eu consiga pensar em dizer qualquer coisa, ela grita e joga o corpo para frente.
O Dr. Abel está sentado num banquinho entre as pernas da minha mulher "Vamos Sra. Scott, está na hora de empurrar. Faça força" E então Tessa agarra a minha mão e começa a fazer força, muita força. O Dr. Abel vai lhe dando instruções de quando descansar, respirar e empurrar. Eu estou ao lado dela, observando tudo em pânico, eu vejo as gotas de suor escorrendo pela sua testa, vejo a expressão de concentração do médico enquanto olha para o meio das pernas dela, vejo as enfermeiras atentas em volta, e eu não consigo dizer nem fazer nada. Mas então um som me puxa do transe, no mesmo momento que Tessa joga as costas na cadeira, exasta, um som alto e meio esganiçado, e então eu a vejo. O Dr. Abel está segurando o bebê nas mãos, mas logo o coloca na barriga de Tessa, para enfim termos o primeiro contato com a nossa filha. Tessa apoia as mãos nas costas pequenas daquele serzinho e chora descompassadamente. "A nossa filha, Hardin! É a nossa filha!" Ela diz em meio aos soluços. Eu quase não consigo reagir, meus olhos estão fixados naquele pequeno ser, ela ainda está coberta por aquela substância esbranquiçada e chora a plenos pulmões, o som não me incomoda nem um pouco, ela é tão linda, parece um anjo. Eu só desvio os olhos da minha filha quando sinto meus próprios soluços, as lágrimas quentes escorrem sem controle pelo meu rosto, então me viro para Tessa, que está no mesmo estado que eu. "É a nossa filha, Tess! É a nossa bebê. Eu te amo tanto, linda e juro cuidar de vocês até o último dia da minha vida." E então dou um beijo na mulher mais incrível do mundo, que me salvou de todas as formas imagináveis e me deu o melhor presente que eu poderia sonhar em ganhar.
Depois de tanta emoção, levam Emery para limpá-la e fazer coisas que fazem com recém-nascidos, como pesar e medir.

TESSA

Eu nem acredito que estou vivendo isso. Acabei de dar a luz a minha filha, depois de ouvir dos médicos que isso seria quase impossível. Uma filha que tive com Hardin, do homem que várias pessoas me disseram que não deveria perder meu tempo, pois ele nunca mudaria e melhoraria. Todos estavam enganados.
"Como você está se sentido, linda?" Hardin diz me fazendo olhar em seu rosto. Ele chorou tanto quando viu Emery, eu também, mas nunca vi Hardin tão emocionado, seus olhos estão inchados e vermelhos, mas ele está com um olhar que é possível sentir a felicidade a metros de distância. "Estou exausta, mas ao mesmo tempo me sinto inquieta e animada. Isso faz sentido?" "Eu acho que sim" Estamos rindo um para o outro quando a enfermeira entra no quarto com um pacotinho cor de rosa nos braços. Ela me entrega Emery com um sorriso, me avisa que posso chama-lá quando quiser. Eu a agradeço e ela nos deixa sozinhos com nossa filha.
"Ela se parece mais comigo" Hardin diz sentado ao meu lado na maca. "Não parece nada, ela é a minha cara." E ficamos ali, admirando aquele pequeno milagre por uns instantes quando ele diz. "Nunca vamos brigar na frente dela. Não quero que ela nos veja com raiva ou gritando com o outro." Me viro para olha-lo, ele está sério e concentrado na nossa filha. Então eu me lembro de como me sentia quando presenciava as brigas dos meus pais, os gritos e pratos atirados nas paredes e do meu refúgio, a estufa e a companhia de Noah. A infância do meu marido também não arruinada por conta dos erros dos seus pais. "Combinado!".

HARDIN

Landon e Sophia foram os primeiros a conhecer Emery, eles chegaram antes mesmo dela nascer e ficaram esperando por notícias por quase duas horas. Landon deixou escapar algumas lágrimas quando a segurou nos braços "Eu estou tão feliz por vocês, esse bebê é um presente por todas as coisas que vocês dois já enfrentaram. Vocês merecem muito toda a felicidade que essa criança vai trazer na vida de vocês." Meu irmão diz, tirando os olhos do bebê e os voltando para mim e para Tessa. Ouvir essas palavras vindas de alguém tão importa para nós, fez com que Tessa e eu derrubássemos mais lágrimas.
Karen e Kim foram nos visitar no hospital também, mas fizeram uma visita rápida, pois já estava tarde e Tessa estava muito cansada. Elas disseram que iriam aproveitar melhor quando estivéssemos em casa.
No outro dia, Tessa e Emery tiveram alta logo cedo. Chegamos em casa e fomos recebidos por Carol, David, Ken, Karen, Vance, Smith, Kim, Landon, Sophia, a pequena Addy, minha mãe e Mike . Todos haviam superado aquele assunto entre o triângulo amoroso entre meus pais, e ter todas essas pessoas nesse momento tão importante, é incrível.
Depois de termos recebidos todos os abraços e parabéns, eu me peguei observando aquele cômodo, com todas aquelas pessoas. Eu passei de um filho da puta fodido para o cara mais sortudo do mundo. Tudo graças aquela mulher loira sentada na poltrona, segurando nossa bebê enquanto todos os outros as observavam.
Aquela mulher loira, que entrou na minha vida tão sorrateiramente, me olha nos olhos e da o sorriso mais lindo do mundo e eu percebo, mais uma vez, que não importa do que nossas almas são feitas, a minha e a dela são a mesma.

FIM

After - Depois da TranquilidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora