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Jimin era todo nervos. 

De frente para a casa onde vira Jungkook no dia anterior, do outro lado da calçada, tinha um parque cheio de espaços verdes e, no centro, um pequeno espaço infantil. Jimin estava sentado num dos bancos, espreitando por cima do ombro a todo momento, tentando perceber se Jungkook sairia da casa. 

Tinha chegado cedo, parecia um pouco perdido, ali sozinho. Tinha o capuz pelos cabelos, mas sabia que Jungkook o veria caso saísse e que também o reconheceria. Quando começaram a passar minutos pela marca das quatro horas Jimin começou a ficar ainda mais nervoso. Se não visse Jungkook era capaz de ir àquela mesma casa e bater na porta, exigindo explicações. 

Quando o seu pé começou a batucar no chão de forma involuntária, Jimin só o viu parar quando o barulho do outro lado da calçada o despertou. Estava um pouco de calor, mas Jungkook ainda trazia a mesma camisa axadrezada do dia anterior pelos braços, cobrindo-os.  O bebé do dia anterior tropeçava pelo chão e Jungkook o segurava por uma mão. 

O moreno não procurou por Jimin, atravessando a rua e indo direto para o parque infantil. Sem saber se podia ir encontrá-lo já, Jimin ficou quieto no banco, vendo o namorado pousar o bebê na caixa de areia. Depois de olhar em volta, ele começou a se dirigir para junto de Jimin. 

Assim que chegou ao seu encontro, Jimin o olhou, sem saber muito bem como as coisas podiam ir. Jungkook lhe estendeu uma mão, puxando-o para cima e abraçando-o de rompante depois. 

Antes de lhe beijar no canto da mandíbula com calma, Jungkook sussurrou para o menor: 

"Isso é o máximo que posso te dar." E logo depois, olhando-o como quem lamenta. "Me desculpe." 

"O que está acontecendo?" Jimin perguntou em um sussurro. 

Jungkook sentou-se no banco de forma a poder ver a criança a uns metros deles e Jimin o acompanhou. 

"A minha mãe está querendo a minha guarda." Jungkook contou, certificando-se de que as mangas estavam cobrindo tudo até os seus pulsos. "A minha mãe biológica, quero dizer." 

"Mas você é maior de idade." Jimin apontou de primeira, estreitando as sobrancelhas para ele. 

Embora Jungkook já estivesse ali, ele ainda estava nervoso. 

"Mas ainda estou estudando." Ele sacudiu os ombros, como se não fosse nada. "Ela é só uma viciada qualquer que está fingindo me querer de volta por causa de uma conta no banco." 

"O q-quê?" Foi pego de surpresa, sem saber como realmente responder àquilo. 

Jungkook sorriu de canto, suspirando em seguida. 

"Me adotaram porque a minha mãe não consegue... fazer bebés." Ele tentou explicar, os olhos longe na criança sozinha na caixa de areia, entretida. "Tinham umas poupanças no banco para o futuro filho deles, para quando conseguissem adotar. E agora ela é minha." 

Jimin queria se agarrar a ele, segurar-lhe a mão, tocar-lhe o braço ou as bochechas. Queria que ele não estivesse cobrindo as suas tatuagens ou tivesse tirado o piercing do lábio e da orelha. 

"E você tem a certeza que é isso o que a sua mãe biológica está atrás? Porque ela-"

"Não, Jimin." Ele riu em desdém. "É mesmo só isso que ela quer." 

"Porque você está aqui?" Ele perguntou de repente. "Só porque a sua mãe decidiu que te quer de volta não quer dizer que ela possa simplesmente te tirar da sua família." 

"Você tem razão. Normalmente, como uma antiga viciada em heroína, ela não teria chances algumas." Ele continuou a explicar, passando a mão pela testa suada. "Mas aparentemente ela está sóbria há um par de anos e tem uma grande jogada contra nós." 

"O quê?"

"Eu." 

"Você?" Jimin não entendia o que aquilo queria dizer. "Você quer... deixar a sua família?" 

"Não." Jungkook riu de novo, mas era um riso sádico. "É engraçado porque... Meus pais foram no centro de adoção procurando por um bebé, mas eles me escolheram a mim... o miúdo quieto no canto, um miúdo grande que a cada dia que passava tinha menos chances de ser levado dali para fora. É engraçado porque... Eles fizeram isso por mim e agora, por minha causa, eles estão sendo acusados de má parentalidade." 

"Jun, isso não é sua culpa." Jimin tentava, sem entender porque o moreno dizia aquilo. "Você não fez nada e..." 

"Eu dei uma surra em Yugyeom." Ele relembrou, negando com a cabeça ao lembrar-se. "Ela vai usar isso. Ela vai dizer que eles me deixaram fazer desenhos no meu corpo aos quinze anos e isso é tão mal visto por... por essas pessoas com ideias da idade da pedra que o nosso país está cheio." 

"Por isso está escondendo elas?" 

"Estou escondendo-as porque a minha família de acolhimento as odeia." Jungkook ria, ele quase podia gargalhar, como se aquela fosse uma situação habitual. "A filha mais nova deles diz que tem medo delas." 

"Jun, eu lamento." Sem se conter, Jimin passou um braço pelos ombros do moreno, esfregando a sua mão com calma contra a flanela da camisa. "Lamento que tenham te mandado para aqui e que esteja passando por isto." 

"Como você me encontrou?" Ele mudou de assunto, se curvando um pouco perante as próprias pernas e afastando assim o braço de Jimin. "Porque você não deveria..." 

"Yugyeom me levou ao centro de acolhimento e eles me disseram." Contou rápido, guardando as mãos para si. 

"Você tem o seu celular com você?" Ele perguntou de repente, vendo uma hipótese ali.

Jimin acenou, puxando-o do bolso e estendendo-o ao menor. 

"E você pode ir até minha casa? Encontrar a minha mãe?" Ele pegou o objeto para si, desbloqueando-o enquanto perguntava. 

"Sim, claro que sim." 

Jungkook escreveu algumas instruções numa nota do celular. Dirigia-se à sua mãe, pedindo-lhe que procurasse por Yugyeom, sabendo que ele faria um depoimento a seu favor se a mesma lhe pedisse. Talvez ele pudesse dizer que tinha provocado o amigo, contar que eles ainda eram amigos depois daquilo e talvez isso tirasse a briga da mesa. Jungkook não tinha muitos amigos que pudessem depor sobre ele, dizer que ele não tinha realmente nenhum traço agressivo, mas ele não tinha e isso o deixava um pouco em maus lençóis. 

Quando Jungkook entregou o celular de novo para o menor, tinha um sorriso pequeno no rosto. 

"É muito bom te ver." Ele admitiu, respirando fundo. "Não sei em que ponto estamos, mas..." 

"Estamos no ponto em que é bom que você volte para casa." Jimin o interrompeu, sorrindo também. "Porque vou estar lá te esperando."

Over mY HeaD [Jikook / Kookmin]Onde histórias criam vida. Descubra agora