Às vezes, quando Jimin estava cansado, gostava de se deitar na sua cama, por cima das cobertas, com as cortinas para trás e o sol de domingo a bater-lhe no rosto até que incomodasse. Quando estava cansado, de forma controvérsia, gostava de ficar a existir e como um ser que existe... pensava. Gostava de pensar, gostava de contar nos dedos a ordem pela qual queria pensar nas coisas.
Naquela manhã mais cedo tinha saído para correr pelo parque da vizinhança quando encontrou Jeon Jungkook. Queria pensar nisso primeiro.
Queria guardar na mente a memória de ver o garoto de longe, deitado na grama sem nada que o protegesse da sujidade da natureza húmida. As mangas da camisola puxadas até os cotovelos, mostrando de um lado a pela lisa e clara e do outro a pele tatuada. Queria lembrar-se disso, de como fora obrigado a travar os pés no caminho de terra batida e a cerrar o olhar, certificando-se de aquele era o seu Jungkook, deitado ali, sem nada que o pudesse atrapalhar. Não haviam fones em seus ouvidos e os braços estavam abertos para o lado, o sol na face e o cabelo caído nos olhos.
Jimin foi pelo relvado com calma, com medo de que a sua visão estivesse lhe pregando partidas. A coincidência fora grande, na verdade. Tinha o cabelo preso em um pequeno carrapito de forma engraçada, o que ajudou quando parou do lado do moreno, as mãos na cintura e a sombra do corpo cobrindo parte do rosto do maior.
A segunda coisa que queria pensar (e nunca esquecer) era a feição de Jungkook ao abrir apenas um olho para sorrir de forma genuína ao ver o mais velho ali, lhe cobrindo o sol e lhe dando uma visão muito mais realista da que imaginava antes, quando tinha os olhos fechados. O sorriso nos lábios era bobo, brincalhão. Não, não era triste, porque Jungkook suspeitava que depois daquele dia não estaria mais triste.
O braço tatuado subiu, naquela manhã de domingo, até a testa, ainda deitado, sem mexer mais um músculo.
''Me dê razões para não me namorar, hyung.''
A terceira coisa que queria pensar era, definitivamente, o nervoso que sentira. Porque não podia namorar Jungkook? Porquê que sabia, desde o início, que aquela era uma pergunta sem resposta alguma?
''Porque não me diz razões para o fazer?'' Jimin contornou a questão, sentado-se ao lado dele e sorrindo com a cara para o outro lado. Que babado! ''E frases de Facebook não contam!''
Jungkook gargalhou, porque para além de não usar a rede social, não sabia o que fazia de uma frase ''uma frase de facebook''.
Deitado na sua cama, Jimin fechou os olhos, gargalhando ao relembrar os motivos que Jeon Jungkook enumerara de forma tão preparada naquela manhã. Queria pensar em todos, o que tornava os dedos da sua mão insuficientes para contar as coisas em que queria pensar.
Motivos para namorar com Jeon Jungkook:
1. Será correspondido.
2. Jungkook jura nunca mais tirar o piercing do lábio.
3. Companhia para o brunch.
4. Nunca mais ter de caminhar sozinho para a escola.
5. Nunca se sentir sozinho, não importe o quê.
6. Nunca mais passar frio.
7. Encontros fenomenais garantidos.
8. Ter alguém com quem chorar.
9. Ter alguém com quem sor(rir).
10. Receber elogios todos os dias.Dez. Dez dedos e não chegavam mais. Devia usar os dos pés? Devia contá-los com riscos na parede, feito um prisioneiro com mãos sujas de giz? Prisioneiro do amor de Jeon Jungkook?
Jimin estava convencido, mas nada disso era obra do moreno tatuado. O que movia o loiro também já o fazia por um longo tempo, nada era de agora. Fora tocado por um pensamento que o consumia pela primeira vez, como nunca antes, e agarrou-se a ele com unha e dentes, com tudo o que o podia ajudar: os dedos sujos de giz, os pés que não usou para contar.
Era apaixonado por Jeon Jungkook e tinha certeza disso por um único motivo. Era apaixonado por Jeon Jungkook porque nunca pensara nisso. Não é uma daquelas histórias clichés em que quando se deu conta estava enamorado e não sabia como. Era mais uma daquelas em que sabia que estava apaixonado, podia enumerar algumas razões pelo quê (mas nunca todas), mas nunca se questionou se... se realmente estava. Não precisou, não precisou de pensar se realmente gostava de Jungkook, se realmente estava ou era apaixonado por ele, se o amava.
Não era daquele tipo de amor corriqueiro que sabemos e juramos que não vai desaparecer, porque esse realmente não existe, existe? É aquele tipo de amor que se formos traídos, em termos de confiança, ou se formos deixados para trás, num tipo de passado em que fomos esquecidos e deixados como um saco de lixo do qual não necessitamos mais, ainda vamos amar, ainda vamos chorar e lembrar de como o sentimento foi verdadeiro.
Chamamos a um amor falso aquele que se fez passar por alguém que não era? Afinal, a farsa também estava dentro dele, então porquê que é uma questão tão elaborada e complicada se parece tão simples?
Jimin sabia, provavelmente trataria aquele amor como um dos corriqueiros que jura a pés juntos que pode durar mil anos e irá durar milhões. Jimin podia dizer isso, podia até gritar para o ouvirem em outra dimensão qualquer, mas ele não sentia isso. Ele e Jungkook não eram isso, não eram um amor corriqueiro.
Jungkook e Jimin eram algum tipo de coisa que ainda não existe e por não existir não tem nome (porque afinal nem tudo precisa de ter um).
Quando Jimin se sentara do lado de Jungkook naquela manhã, disposto a ouvir todos os motivos que Jungkook tinha para lhe dar, e que obviamente perdeu a conta, alguns tão sinceros e outros tão bobos, já sabia que não precisava deles. No entanto, depois de tudo, Jimin lhe disse com carinho que deviam falar depois, como se fosse uma decisão tão difícil.
Queria cumprir a promessa, por isso, quando se levantou da cama e saiu pela casa, saiu com pressa, porque o desejo era tanto e ele era tão idiota que doía. Saberia mais tarde que, se queremos tanto uma coisa e temos a oportunidade de tê-la, não devemos esperar, não devemos agir de forma boba e ignorante. Devia ter feito o que quis, devia ter pensado mais, devia...
Foi a pé até a casa do Jeon, mas foi rápido. Não correu, mas o passo era tão rápido que chegou a parecer. Todo ansioso, batucou os dedos na porta. Não sabia o que ia dizer, mas sentia que ia correr bem, finalmente ficaria com Jungkook, finalmente.
Quem lhe abriu a porta tinha o rosto caído e, ao contrário do costume, não perguntou o que queria Jimin, não perguntou por quem ele estava ali. Parecia triste, segurava a porta de forma desolada e espreitou por cima do ombro antes de olhar Jimin e lhe dizer:
''O menino Jeon não está.''
Jimin sentiu fosse o que fosse cortar-lhe as asas, a esperança toda que tinha.
''Oh...'' A mão subiu para os cabelos, sem saber o que fazer agora. ''Pode dizer que eu estive aqui? Quando ele voltar?''
Novamente a olhada por cima do ombro, para dentro de casa, mas Jimin nem se atreveu a espreitar. Preparando-se para fechar a porta, segurando-a com as duas mãos a empregada disse:
''Pode demorar um pouco, mas se eu tiver a chance eu lhe direi.''
]n/a[
Hello...
Eu sei que passou muito tempo, para ser exata passaram cinco meses, e eu realmente odeio demorar para atualizar. Algumas pessoas me perguntaram se eu iria voltar a fazê-lo e eu sempre respondi que sim, no entanto, peço desculpa se na altura eu fiz parecer que seria em breve e não foi.
Quando eu comecei a escrever esse capítulo eu pretendia terminar a história, porque eu me recuso a deixar histórias por terminar, mas ela não ia ter um fim legal, provavelmente não faria muito sentido, seria uma coisa feita à pressa, mas quando voltei hoje, a meio do capítulo, as ideias vieram. Não digo que o fim dela não esteja por perto, mas pelo menos todos os pontos abordados na história terão uma explicação e bom... um fim.
Ah, também peço desculpa a quem sempre tem de ir reler os últimos capítulos para entender o que raio está se passando na história, porque afinal as atualizações demoram tanto que eu nem censuro kkkk
Resumindo: essa história ainda NÃO ACABOU, ainda haverá mais capítulos
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Over mY HeaD [Jikook / Kookmin]
FanfictionTatuado e rebelde, Jungkook nunca passou por muito mais do que isso para qualquer pessoa que o olhasse, felizmente Jimin tendia a olhar duas vezes.