Prologue

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AVISANDO QUE NÃO É UMA HISTÓRIA CRISTÃ E NÃO ABORDA NADA SOBRE DEUS OU BÍBLIA

Eu não me lembro, não me lembro de nada, não me lembro nem de como morri, só de meu nome e de uma criança.

Cabelos loiros e meio longos, olhos escuros e pele clara, um garoto de aproximadamente 8 ou 9 anos, não sei ao certo.

Ele é a única coisa que me lembro, não sei porquê, não sei quem. Só lembro de sua aparência e do que ele me disse.

"Como está vivo, hyung?" disse com o rosto inchado e molhado pelas lágrimas que a pouco jorraram de seus olhos "Eu o vi morrer" seus olhos mudaram para um vermelho sangue profundo e tudo sumiu, eu apaguei e agora estou acordado e acorrentado em frente a portões negros enormes.

Os portões do inferno.

Morto, era a conclusão que eu havia chego. Minha pele estava translúcida, minhas roupas rasgadas e ensanguentadas, como se eu houvesse sido atropelado por algo enorme, como um caminhão ou algo parecido.

— Lim Jaebeom, 26 anos, morreu por causas desconhecidas — uma voz grossa e entediada anunciou e os portões se abriram.

Não obtive reação para o que meus olhos captaram.

O inferno era diferente do que muitos achavam, era so um corredor branco, não tinha nada.

Acho que muitas pessoas enlouquecem no nada, poderia ser uma boa punição.

— A punição dele não está anotada aqui — a voz invisível aparentemente conversava — Devemos chamar o chefe?

— Chame logo, Lee, antes que sobre para nós — outra voz, dessa vez fina e aguda mas melodiosa, disse.

— Você poderia ser mais amigável, Kim — a voz grossa tornou a falar.

— Estamos no inferno, você sabe que nada aqui é amigável.

Tive o senso de ficar parado sem mexer um músculo enquanto as vozes se silenciaram, aparentemente me observando.

— Vocês não sabem fazer nada sozinhos? — a voz da criança, só que mais velha e mais madura, disse.

Obriguei-me a procurar por algo naquela branquidão sem fim, curioso e amedrontado.

— A língua Hwang, ainda sou mais velho que você — a voz fina bradou afiada.

— E eu ainda sou seu superior, priminho — a criança, agora não tão criança, debochou.

A voz fina murmurou algo como "Só porque estava na linha de sucessão" que não passou despercebido por mim.

— Se contenha, Yugyeom, ou da próxima vez não irei só arrancar suas asas — a criança disse e algo como o afiar de garras surgiu claridade além — A sorte sua é que seu maridinho anjo é um bom curandeiro e você recuperou elas — riu com escárnio.

Três figuras surgiram, uma alta, outra mais baixa e outra mais baixa ainda, porém todas muito ameaçadoras.

— Qual o problema, Felix? — a figura do meio, a criança, perguntou.

— Não tem nada na ficha dele sobre a punição — a figura mais baixa e de voz grossa folheou o papel que estava em suas mãos.

— Interessante — a criança se aproximou e segurou o meu rosto, me obrigando a olhá-lo nos olhos — Se lembra de mim, hyung?

Curioso e amedrontado, analisei cada detalhe de seu rosto, os cabelos longos e loiros caindo no rosto, os olhos vermelhos sangue, a boca bem desenhada e o nariz perfeitinho.

— Não vai dizer nada? — apertou com força o meu queixo e não respondi — Ótimo. Yugyeom, faça o seu pior.

Ele saiu de perto de mim e sumiu, levando o mais baixo junto, me deixando sozinho com o tal Yugyeom, que tinha os olhos brilhantes,
azuis e pareciam ter chamas de mesma cor crepitando furiosamente sobre ele.

Aquele olhar parecia ler tudo na minha alma, todos os erros que não lembro, todos os pecados que cometi, tudo ele via, lia e se deleitava.

— Lim Jaebeom, certo? — sorriu ladino e me encolhi, com medo — Iremos nos divertir — se aproximou, com facas que surgiram do nada.

Dali para a frente foram longas horas de tortura. Ele me rasgava com as facas que estavam extremamente quentes, fazia desenhos de olhos pelo meu corpo com elas, acho que uma hora ele cogitou arrancar meus olhos novamente, apenas para vê-los voltando ao lugar pela terceira vez.

E eu esqueci de dizer, independente do quanto ele me cortar, me torturar, e fazer o que quiser comigo, eu sempre me curo, e ele volta a se divertir.

A cada corte, a cada grito de agonia meu, ele ria, estava realmente se divertindo. Talvez aquele fosse o passatempo dele. Tortura.

Uma hora alguém surgiu, não sei quem pois não estava apto para ver quem ou o que era, naquele momento estava sem meus olhos.

Era uma voz diferente, calma, serena, e baixa, como se devesse sussurrar o tempo inteiro.

"Yugyeom, deixe ele em paz um pouco" a nova voz disse calma.

"E por que eu deveria?" Yugyeom riu com escárnio mas ainda assim parei de sentir as facas sobre mim e senti meus cortes se fechando mais rapidamente do que antes.

"Você nem sabe se ele fez algo" a voz estava mais próxima agora, como se estivesse se aproximando com cautela, ou devesse andar assim.

"Mas ele está no inferno, tem que ter feito algo".

"A não ser que esteja aqui por causa dele" a voz estava ao meu lado, e senti uma brisa serena, e calma se espalhou pelo meu corpo, como se finalmente sentisse paz.

"Impossível. Não mandam ninguém atrás dele a milênios" Yugyeom soltou as facas, e por instantes a calma sumiu de meu corpo, como se a voz também estivesse com medo, mas logo retornou.

"Pode ser parte do plano Dele" a voz ponderou.

"Continua sendo impossível, nunca conseguiram achá-lo. Não depois do que aconteceu" Yugyeom disse tenso.

"Não encoste mais nele, sou o anjo dele e fui enviado aqui para protegê-lo. Ele ainda tem uma missão a cumprir" a voz disse e logo após toda a onda de calmaria em mim sumiu, ela havia ido embora.

Agora Yugyeom andava tenso de um lado pro outro, as vestes negras, que não tinha reparado, farfalhando logo atrás.

— Por que você não está torturando o Lim? — a figura de voz grossa, Lee Felix, retornou.

— Recebi ordens de cima — apontou para branquidão acima.

— Jackson veio aqui? — Yugyeom assentiu e o Lee bufou — Ele acha que manda em tudo só porque é o escolhido.

— Se Hyunjin descobrir que ele veio aqui estamos todos mortos — O Kim estremeceu.

— O que está acontecendo? — permiti falar pela primeira vez desde que cheguei — Por que não me lembro de nada? Por que estou aqui?

— Não se lembra de nada de sua vida? — Felix perguntou e eu neguei — O que exatamente Jackson lhe disse? — se voltou para Yugyeom.

— Que ele — apontou para mim com o queixo — foi enviado pra trazer ele de volta.

— Está no plano Dele? — Yugyeom deu de ombros — Então temos problemas. Precisamos do Park.

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⏰ Última atualização: Sep 19, 2020 ⏰

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