Prólogo

32 9 8
                                    

Gritei em plenos pulmões quando o metal gelado se fincou na minha pele e a rasgou em um único movimento.

Eu desejei escapar, mas minhas mãos e pés estavam presos com correntes que machucavam meus pulsos tamanha a força que faziam. Não, de novo não. A única coisa que consegui ver ao abrir meus olhos foram névoas cinza e vermelha. O cheiro de enxofre subiu no ar e contorci minha cara em pleno horror.

E então, eu comecei a rezar. Não sei para o quê ou quem, eu apenas desejava ser tirada daquele lugar.

Fui impedida de sentir frio porque meu sangue cobria todo meu corpo, o líquido viscoso foi expelido do meu nariz e em seguida da minha boca. Senti o gosto ferroso na ponta da língua. Isso não poderia ser nada menos que a porra de um dos meus inúmeros pesadelos.

E depois eu os vi. O dono de olhos tão azuis e claros quanto um oceano. A única coisa que era capaz de me acalmar no meio de todo aquele inferno. Mas ele não fazia nada, apenas me encarava enquanto eles enfiavam agulhas e facas na minha carne. Deixavam dilacerado meu espírito e a minha alma, que agora jazia junto com os mortos.

Eu morri.”

Acordei em um solavanco e com a respiração falhada. Meus olhos estavam marejados e segurei firmemente a vontade de chorar.

Tentei respirar, mas não saiu ar nenhum dos meus pulmões. Droga, droga, droga. O que merda havia acabado de acontecer?

Puxei meu cabelo para trás e enxuguei as lágrimas do meu rosto com o dorso da mão, processando tudo o que havia acontecido. Mais um dia sou atormentada pela minha própria mente, e mais um dia acordo em desespero e sem saber o que fazer.

Resisti ao medo e coloquei meus pés para fora da cama, sentindo o chão de madeira acolher meus pés gelados de suor. Calcei meus chinelos e caminhei um pouco da sala até a cozinha.

Me joguei no sofá, cansada. Aquilo não melhorou nada, ao contrário.

Senti constantemente como se algo me observasse por detrás, e eu sei que não deveria, mas eu estava em pânico.

E então eu tremi quando sua respiração pesada e quente bateu contra meu pescoço, e então tive certeza de que não estava só.

Blood Water - SupernaturalOnde histórias criam vida. Descubra agora