A cerimônia

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Respirou fundo, soltando o ar dos pulmões, numa tentativa de se manter calmo.

Akaashi estava prestes a subir no altar. Não tinha como não surtar.

Estava se sentindo como no dia em que decidiu que pediria Bokuto em casamento. Só que oito mil vezes pior. Suas mãos suavam, o coração estava batendo um ritmo mais acelerado que o normal. Mal conseguia se manter em pé, suas pernas tremiam, e os dedos se mexiam inquietos dentro do sapato.

Voltou a respirar fundo, soltando o ar. Repetindo o processo até que se sentisse mais relaxado.

Estava tudo perfeito. A festa estava linda, Kozume não mediu esforços. Quem diria que ele se tornaria um mestre de cerimônia tão eficiente — Keiji sabia que ele estava usando aquilo como uma desculpa pelo que ele tinha feito com o vídeo da despedida de solteiro. Não chegou na Netflix, mas podia ser facilmente encontrado no YouTube. Akaashi quase o perdoou, quase.

Voltou a respirar fundo, agora com mais força. Não estava funcionando.

— Tudo certo ai? — Sugawara apareceu, dando batidas na porta aberta.

— Eu acho que vou vomitar — foi sua resposta.

— Melhor agora do que quando subir no altar — diz Sugawara.

— Não tá ajudando.

— Desculpa, desculpa — ele ergueu as mãos, se rendendo. — O que eu tava tentando dizer é que tudo bem surtar agora. Você está prestes a tomar o queridinho da seleção japonesa pra você, as fãs dele vão te odiar.

— Sério mesmo, quem deixou você entrar?

— Tá, deixa eu tentar de novo — Sugawara riu. — Quando esse surto passar, você vai estar casado com o homem da sua vida, aquele quem você escolheu para viver os restos dos seus dias. Esse desespero de agora vai se tornar a piada interna de vocês amanhã. Por isso chore, grite e vomite se quiser.

Akaashi abriu os braços, convidando Sugawara para um abraço. Enquanto chorava em seu ombro.

— Obrigado — disse ele, fungando.

Houve outra batida na porta, e logo Oikawa invadiu o momento.

— Como assim tá rolando um abraço sem mim?

Akaashi e Sugawara riram, abrindo espaço para que Oikawa também se juntasse a eles.

— Já está tudo pronto — Tooru segurou o rosto do noivo, limpando suas lágrimas —, estamos apenas esperando por você. Agora pare de chorar, vai estragar a minha maquiagem.

— Você já decorou seus votos? — Koushi perguntou.

— Eu não consegui escrever nada — Keiji voltou a se desesperar. — Eu tentei a semana inteira, mas simplesmente não saia nada.

— Você escreveu um livro de setecentas páginas em três meses, e não consegue escrever votos de casamento? — Oikawa o cutucou.

— É diferente, tá legal? — Akaashi suspirou. — Não é que eu seja ruim em expressar minhas próprias palavras, eu só... não consigo encontrar palavras para descrever o que eu sinto pelo Koutarou. Sinto como se o vocabulário atual fosse insuficiente.

— Akaashi, isso é tão lindo... Mas ainda precisamos dos seus votos.

— Você vai sair bem no improviso — disse Sugawara. — Agora vai, já tá tudo pronto para vocês entrarem.

— Vamos entrar juntos?

— Sim — responderam Sugawara e Oikawa ao mesmo tempo.

O nervosismo de Akaashi voltou a bater com tudo na boca do seu estômago. Ele estava preparando para encontrar com Bokuto no altar, não para caminhar com ele até lá.

Say I DoOnde histórias criam vida. Descubra agora