Capítulo 5

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Daily levantou-se e saiu dali. Não sabia ao certo para onde ir, só tinha certeza de que não queria mais ver aquela cena. Ninguém a entendia. E seu coração doía ao ver o Rei Pollo morto por seu pai. Ela não sabia mais quem era o certo e quem era errado naquela batalha entre os Kasenkinos e o reino de Machia.

Ela foi puxada bruscamente pelo braço, sendo obrigada a parar. Era Burt.

- O que você quer? – perguntou ela.

- Daily, você precisa voltar. Não quero que percebam sua falta... Não quero que seja castigada. Ahau ou Ahua podem dar sua falta. Sabe que quando o líder Kasenkino fala, todos devem estar lá... Não se pode dar as costas para ele.

Burt tinha razão. Ela precisava estar com todo seu povo ou poderia sofrer alguma punição por estar desrespeitando e não dando atenção à palavra do líder. Burt a abraçou, como forma de carinho, tentando fazer diminuir a dor que ela sentia dentro de si.

- Não acredito que os homens sejam capazes de tanta crueldade. – confessou ela.

- Infelizmente são capazes de coisas piores...

- E o mais difícil é ver que meu pai está entre estes homens que julgo sem coração.

- Erone não é um homem mau, Daily... Isso que você está sentindo vai passar. A cena foi forte para muitos... Mas o tempo apagará. Vamos voltar.

Daily retornou com o amigo para o lugar em que estavam anteriormente. Erone já estava sentado no chão, junto com os outros guerreiros. Já tivera seu momento de glória... Agora era inferior ao líder, como todos os outros Kasenkinos. Por isso ela se perguntava o motivo de ele ter feito aquilo? O que ganhava em troca? Dos Kasenkinos ela sabia que nada. Então fizera por orgulho próprio? Ou por simples vontade de trazer a cabeça daquele homem para longe de seu povo...

Ahau voltou a falar:

- Mais uma conquista do povo Kasenkino. – disse ele olhando satisfeito para as últimas chamas que queimavam o que sobrara do rei Pollo.

Daily olhava para todos atentos e em sua maioria com rostos parecendo felizes. Como os Kasenkinos não conseguiam ter um pingo de compaixão? Ela se sentia estranha naquele lugar e em seus pensamentos. Nunca se questionara tanto quanto naquele momento. Ela precisava conversar com alguém que a entendesse... Olhou para Burt, mas ele estava atento às palavras de Ahau, completamente envolvido naquela cena. Ela sabia que naquele momento precisava de Moa. Só ele a entenderia. Ela tentou ficar atenta ao que Ahau dizia:

- E outra coisa que quero dizer é que o reino vai querer se vingar. Sem contar os Naiguã, que apesar de bons comerciantes também ficam espreitando nossas terras. São um povo que não podemos confiar de forma alguma. Então a partir de amanhã, iniciaremos a construção deu um muro gigantesco de pedras. A muralha será construída por todos: homens, mulheres e crianças. Ninguém mais entrará em nossas terras. Cercaremos nosso espaço na floresta e no rio. A cabana do velho Moa ficará de fora, pois ele não pertence mais ao nosso povo. Depois de cada pedra no lugar, uma em cima da outra, a muralha será tão imensa que jamais alguém se atreverá a nos atacar novamente. Ninguém mais entrará em nosso povoado e também ninguém sairá. Passaremos a produzir tudo que precisamos. Será o sonho antigo do nosso povo realizado.

Ele fez uma pausa, visivelmente cansado. Respirou um pouco e continuou:

- E para finalizar, comunico que estou oficialmente procurando uma esposa.

Aquilo gerou polêmica e todos começaram a falar ao mesmo tempo, surpresos com o que Ahau acabara de dizer. Ele deu um grito e todos se calaram imediatamente.

A Saga dos Kasenkinos (disponível até 15/07/2023)Onde histórias criam vida. Descubra agora