Quando tudo mudou

Prólogo

Me lembro de tudo claramente. Fomos ao cinema, eu, mamãe e papai. Fazia um tempo que não saía com eles. Tinha seis anos, com meus longos e rebeldes cabelos que não se decidiam entre o loiro e o castanho descendo em cascata, meus olhos castanhos ficavam quase verdes á luz do sol, usava um vestido cor-de-rosa que mamãe botou em mim, com um laço como tiara na cabeça. Minha mãe era muito parecida comigo, apesar do fato de ela ser loira e perfeita, vestia um vestido meio armado preto tomara-que-caia. Papai era ruivo com sardas do tipo magro e alto, rugas de expressão marcavam o canto de seus olhos e boca, indicando que ele sorria muito e com muita frequência, usava uma calça jeans e uma blusa de manga curta preta. Éramos uma família normal indo ao cinema.

Eu tinha uma paixão por músicas clássicas brasileiras, como Caitano Veloso, Tom Jobim, Tim Maia...Estávamos ouvindo um CD do Caitano enquanto passava a música "Leãozinho", uma das minhas favoritas.

Quando chegamos ao cinema, fomos decidir o que assistir, escolhemos Ratatouille, que era sobre ratinhos que falavam e cozinhavam.

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Estava uma noite extremamente agradável, até que resolvemos ir á pizzaria. Pedimos uma pizza tamanho família com quatro sabores: Calabresa, Quatro Queijos, Coração e, é óbvio, Chocolate.

Foi então que chegou um homem com um chapéu preto, terno,e bigode, querendo falar com meus pais. Mamãe mandou eu ir ao banheiro e esperar cinco minutinhos que ela já iria me encontrar lá. Eu como era muito comportada na época, obedeci. Cinco minutos se passaram, dez, quinze, vinte, meia hora até que resolvi espiar o que estava acontecendo. Só consegui ver uma multidão amontoada em volta de nossa mesa. Me meti no meio da multidão para ver o por que dessa gente toda, foi então que vi, a imagem que nonca me esqueci, nem esquecerei, meus pais lado a lado no chão, sem hematomas, nem nada que indicasse que foram espancados, dois médicos acalmavam a multidão dizendo que meus pais estavam bem, só em coma, mas eu não ligava, já estava ao lado deles me derramando em lágrimas e chamando pelos meus pais.