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Comecei a pensar no que me poderia ter levado àquele lugar. Entretanto as horas passavam, e eu continuava presa naquela cadeira. O meu corpo estava cansado e dorido de tanto tentar pedir ajuda ou desamarrar-me. A minha cabeça estava pesada e os meus olhos não se mantinham abertos por muito tempo. Simplesmente não sabia há quanto tempo estava ali fechada. Quando dei por mim, já não me aguentava acordada. Sentia-me suja, imunda nas minha partes baixas. "Será que ele me terá violado?", pensava eu para mim própria. Presumi que fosse um homem, pois hás vezes sentia um cheiro a perfume masculino, particularmente forte e único. Não sabia o que mais fazer. Cheguei ao meu ponto de rutura. Desisti de me tentar soltar e só fiquei ali, de cabeça baixa e condenada ao inesperado.

(..)

Acordei de repente, com alguém a abrir a fechadura daquela porta espessa de metal. Através da luz que irradiava de debaixo da porta, vi uma sombra, do que pareciam ser os sapatos de um homem. Estava pronta para tudo. Comecei a ouvir vozes, à medida que a porta se abria.

-Não a mates, precisamos dela viva. - disse um homem, com uma voz muito grossa e num tom muito sério. Naquele momento percebi que este rapto era uma coisa muito mais séria e que existia muita coisa envolvida.

Voltei a fechar os olhos e comecei a chorar. As lágrimas rolavam pela minha face, e caiam nas minhas calças. Comecei a pensar se o legado da minha família não seria o motivo de me terem levado para ali.

Senti alguém a aproximar-se, mas não reagi, na esperança de que tivessem misericórdia do meu estado. Os seus passos eram pesados, como se arrastasse os pés pelo chão

-Vejo que já conseguiste baixar o lenço que te amarrei...

Olhei para a minha frente e vi um rapaz, apenas um pouco mais velho que eu. Era alto e de cabelos um pouco longos e ondulados. Tinha tudo para ser um rapaz normal. As suas roupas estavam rasgadas.

Quando levantei o rosto ele aproximou-se. Puxou os meus cabelos ondulados e húmidos do suor com força, erguendo a minha cabeça no ar e fazendo-me olhar nos seus olhos. Cuspi para a sua cara e ele afastou-se. Ficou alguns segundos parados, como se a observar-me. Sentia a adrenalina e a raiva nos seus olhos. De repente, ele bateu-me, deu-me uma forte estalada na cara. Senti o sangue a escorrer pela minha bochecha direita. Agi por impulso. Àquela altura do campeonato, já não tinha medo de nada.

Resgate em New YorkWhere stories live. Discover now