Vivant | «Jikook»

estrela

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- JiminBBPorTi

• 27/12/1953

As estrelas brilham através da janela, parece pontinhos pequenos de tinta. O fundo do quadro pintado de azul escuro, em um tom forte deixa tudo mais intenso. O céu sempre me deixou encantado.

- Lee Sung? - Escutei uma voz, deve ser uma das milhares de empregadas. - O jantar está na mesa.

Assim como pude escutar os passos dela vindo, pude escutar eles indo. Sem pressa, a calmaria dessas pessoas me deixa tonto.

Me levantei da poltrona vermelha que ficar de frente a janelinha e andei pelos corredores, às pressas, diferente dos que estão a minha volta.

Minha família pequena já estava todos na mesa, meus pais, e cinco irmãos. Realmente pequena. Com muito sarcasmo.

O jantar foi silencioso como todos os momentos que temos juntos, claro que tem algumas exceção. Por exemplo, os gêmeos Lee são próximos apesar de ninguém ver. Meus pais também são próximos e os outros também tem seus grupinhos na família. Bom, eu sou excluído.

Eu não tenho amor na família, pelo menos é o que eles mostram. Mas a Choi Ahra mostrou que sou digno de amor, como qualquer um que está sentado nessa mesa.

Choi Ahra, com seu jeitinho doce e aparência angelical me conquistou. No dia que vi ela pela primeira vez, seu vestido amarelo estava manchado por uma bebida. Uma prima passava enquanto deixou cair de propósito a bebida nela, logo em seguida fingindo que foi sem querer. Porém isso não deixou a pequena com raiva, na verdade ela só sorriu e disse que estava tudo bem.

Na segunda, ela estava com uma calça jeans e uma blusa listrada. Por incrível que pareça ela parecia ter crescido um pouco em menos de um mês.

Ela percebeu minhas encaradas e veio conversar comigo, Ara tomou toda a iniciativa de aproximar de mim. Acho que nunca aprendi a manter uma conversar com seres humanos.

E por esse motivo que fiquei surpreso, depois que conversamos muito, eu tomei a iniciativa de convidá-la a sair.

- O que acha da gente se encontrar qualquer dia fora do ambiente familiar?

- Acho uma boa ideia, me emprestar seu celular - Ela pede, eu entrego com certa dúvida e está tão na cara o motivo dela está pedindo meu celular. Me dão um desconto. Eu estava socializando com uma pessoa que não é de casa e nem da família. Eu estava um bobo e sem raciocinar direito.

Aliás, eu continuo um bobo por ela.

Ela devolveu meu telefone quando ela ligou para o próprio número. Ahra falou que se eu não tomasse coragem pra ligar, ela mesmo faria.

Fiquei pensando se deveria ligar, vai saber, ela poderia ter mudado de ideia? Sou chato, meus irmãos seriam uma companhia melhor. Qualquer um seria melhor do que eu.

Naquela madrugada, ela me ligou. Foi a primeira de vários dias que passamos a noite conversando, sem dormir, ela foi a melhor parceira de crime.

Nosso primeiro encontro foi perfeito, nosso beijo é mágico e nossa primeira vez fazendo amor foi especial. Do lado da minha Ara eu podia ser eu mesmo sem achar que estou fazendo errado.

Com Ahra eu via estrela sem precisar da noite.

Estou sentado na cama, pensando mais uma vez nela, passamos uma semana juntos. Não fazia nem vinte e quatro horas que que vimos e eu sentia muita saudades e tristeza.

Eu sabia o que eu iria fazer deixaria ela mal.

E eu odeio ter certeza disso.

Peguei meu celular e vi sua notificação, ela mandou uma foto do seu cabelo antes menta e agora um amarelo mostarda. A cor que se tornou nossa.

Aquilo queimava, eu sinto as primeiras lágrimas caindo.

Está linda, minha Laranjinha.
|23:12|

Eu te amo. <3
|23:12|

E aquelas foi minhas últimas mensagens enviadas, eu apaguei a tela e joguei ele na cama indo para o meu banheiro. O banheiro que esteve sempre aqui em noites de pânico, onde eu acreditei que minha vida fosse uma merda, um Zé ninguém. Um verdadeiro zero à esquerda.

- Me desculpa minha amada - Sussurro para a carta que escrevi direcionada só para uma pessoa. A pessoa que eu amo, Choi Ahra.

Depósito a folha de caderno na bancada, sem esquecer de deixar meu último beijinho pra ela. Por ela.

Eu entrei na banheira, não lembro em que momento tive coragem. Se foi quando eu estava chorando por me sentir mal ou quando meu pulso estava coçando. Só sei que fiz, foi fundo e doloroso.

Eu não recomendava aquela dor para ninguém, eu vi minha vida toda passar diante de meus olhos e não conseguir culpar ninguém. Nem mesmo o mundo que eu já culpei tanto.

- Eu queria uma outra oportunidade, com outra família, em outra casa, amigos que faltou nessa vida, uma outra vida pra ter um recomeço. Mas se algum dia eu reencontrar ela, que eu possa agradecer pelos únicos momentos que fui verdadeiramente feliz. Me sinto desapontado, nada acontece como quero. Por favor, só me deixe ser feliz. Por mim, por ela e por todos que realmente me amaram.

Meus olhos se fecharam lentamente, tão lento como o vermelhidão que a água tomava. Sentir uma ardência nos braços pela água no momento que perdia a força. A vida.

No meu último suspiro, eu te chamei, que pena amor, você não estava lá para me impedir como das outras vezes. Mas eu agradeço, por fazer meus vinte e três anos valer a pena. Por ter me amado sem esperar nada em troca, você me amou até quando eu não queria.

A única coisa que me arrependo é não ter te acolhido no meu braço, sussurrando no seu ouvido o quanto você é sublime.

Você me odeia agora?