A persistente dor matava a insistente esperança. Seu odor suave vindo daquele caderno pouco era efetivo. O cheiro, mesmo tão ativo, pelo físico e literal, era vencido, ficando ali, sedutor e esquecido.
Naquele instante, onde Amal se agitava no colchão, vê que a fome poderia ter sido uma opção, e com certeza seria escolhida, pois é melhor a barriga roncando vazia do que cheia e dolorida. Maldito peixe! Maldita vida saltitante com sua carne apodrecida!
Sabemos, leitor, o que ocorria ali a Amal. Não posso mudar o final e inventar uma desculpa colossal e sem sal, pois tal acontecimento não é, mas poderia ser real.
A esperança de um mundo melhor e da reconstrução acima de cacos molhados... A humanidade criará esperanças. Verá beleza na natureza, no luar. Enganará crianças. Mas o que viverá de verdade é a mais profunda tristeza. E disso não podemos fugir. Nem com remédios, anestésicos ou com pena de si. O soturno está aí, e havemos de vivê-lo, cultuando o belo, uma recompensa ao olhar que não merecemos, enquanto não o simulamos agora, recusando o presente para hoje do que um dia tivemos.
Os Humanos do Sol continuarão a existir, pois não passam de ilusão, e esta é eterna. Um tanto moderna, mas que sempre existiu. A Rainha Amanda não precisou morrer nesse passageiro final. Como sempre no mundinho contente, algo apareceu e parou o sacrifício, e o pouco de realidade que ali existia teve tempo para tornar-se por completo ausente.
A jornada do Reino de Luar continuará a enganar outras mentes na Terra destruída. O final daqui foi para Amal, o primeiro a nesta saga ter sua partida.
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Cacos d'água (COMPLETO)
Conto'O rei acaba de ir para sempre, deixando sua filha, a princesa Amanda, com uma tarefa urgente. Ela sucede buscando ter um poder escondido em mão, para conseguir ao povo do Sol a salvação. Pois, no mais profundo núcleo da estrela mais aparente, as mi...