2 | Homeless boy

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Liam chegou meia hora atrasado, como ele dizia 'elegantemente atrasado´.

Louis entrou no Ferrari de Liam, que não dava nada nas vistas - sentiram a ironia? - e sentiu um doce aroma de frutos vermelhos invadir-lhe as narinas enquanto se ageitava pelo banco de couro.

"Isso é..." - aproximou o rosto do casaco de Liam inspirando - "Chanel?"

"É sim," - assentiu preçunsoso - "Adivinha quem foi ás compras?"

Louis revirou os olhos, por vezes Liam realmente conseguia ser materialista, e isso o irritava profundamente. Afinal, nem tudo era acerca de dinheiro.

"Para quê usar um perfume caro se vais aos subúrbios?"

"Para não me confundirem com um mendigo"

Colocou a chave na ignição e deu o arranque do carro. Louis não pôde evitar revirar os olhos novamente.

"Nunca te iriam confundir com este carro"

"Como se o teu Lamborghini fosse menos escandaloso"

"Ah, vai te foder Payne" - mostrou o dedo médio para o rapaz.

Liam apenas gargalhou ao ver com a sua visão periférica Louis a fazer beicinho como uma criança de cinco anos, por vezes o homem perguntava onde estavam os bons 24 anos de Louis.

"Aw, que adorável Louis!" - gargalhou e contendo a vontade de ir e apertar as bochechas rechonchudas do rapaz.

"Adorável o cú" - rusmungou afundando-se mais no banco.

"Bem, isso concerteza foi menos adorável"

-x-

Liam estacionou o seu Ferrari em uma rua iluminada apenas pela luz fraca de um cadeeiro, o cenário parecia ser o mais próprício para um assalto e por isso apenas informou o outro que não abdicaria dos seus bancos de couro para ir com mendigos mal-cheirosos. Louis apenas deu de ombros e saiu do carro, claro que daria um sermão a Payne mais tarde.

Seguiu pelas ruas escassamente iluminadas com um bolsão aos ombros, avistou ao longe senhores de meia-idade deitados pelo chão, os seus rostos tinham visíveis marcas de guerra e Louis não pôde evitar sentir compaixão. Aproximou-se de cada um deles distribuindo cobertores e comida, os seus sorrisos perante a solieriedade do rapaz eram enormes, os abraços de agradecimento que recebia era o suficente para ele, apenas saber que tinha ajudado alguém aquecia de alguma forma o seu coração.

O rapaz franziu a testa ao observar um vulto ao fim da rua.

Mesmo ao longe conseguia distinguir que era um rapaz, por sinal um adolescente. Estava deitado entre a parede e o chão de cimento, apenas com um casaco fino sobre os braços e roupas velhas e rasgadas cobriam o seu corpo, escondia a sua cabeça entre as pernas em busca de algum calor, os seus cabelos encaracolados ressaltavam á vista pela quantidade de caracóis que aquela cabeça continha, provavelmente não era cortado (nem lavado) á muito tempo e mesmo deitado o rapaz parecia ser maior que Louis - o que não era muito difícil tendo em conta que ele era realmente baixo. 

Louis aproximou-se lentamente e tocou levemente o ombro do rapaz, que paralisou ao seu toque.

"Se és um daqueles voluntários de merda que veio fingir que se importa aviso já que não quero o caralho da tua pena" - falou ainda sem levantar o rosto.

Abriu a boca em espanto, nunca ninguém havia recusado a sua ajuda, muito menos sem ao menos lhe verem a cara ou saberem a razão.

"Não sou um voluntário" 

Give Me Love || Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora