Uma chance de retorno.

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Era talvez um dia como qualquer outro, os aldeões apenas transitavam tranquilamente pelo simples vilarejo. Entretanto, ao longe, mais afastado em uma taberna velha, uma gritaria ensurdecedora, gritos de ódio que se destinavam a um pobre coitado.
La dentro a situação era pior.
- seu fedelho mimado, ousa pisar em terra que não lhe pertence?
- ora porco imundo, se afaste ou lhe quebro a cara, toque em mim e lhe enjaulo até o fim desta tua miserável vida.
- a realeza já lhe repudia seu miserável, vá embora que neste reino nem tua família mais te quer.
O motivo da balburdia, o ex- príncipe Levi, bebum  puxava briga com qualquer coitado que lhe aparecia na frente.  Houvera trazido desonra para si, e assim expulso da corte, fora até a taberna apenas encher a cara, mas encontrava-se prestes a levar uma boa surra.
O homem corpulento e enraivecido avançava devagar, dando tempo para que o bêbado pedir desculpas, mas isto não chegou a acontecer, assim que bem perto,  Levi lhe desfere um soco no estomago, o homem recua e urra de dor, mas logo levanta a face enfurecido, o rosto avermelhado e os olhos dominados pela ira.
- venha logo seu merda, ou então apenas vá embora, meu  tempo é precioso demais para gastar com tipos como você – falou desengonçado e arrastado.
O tal “porco” então se aproxima com passos pesados, o agarra pela gola, e antes que possa dar o soco que provavelmente  lhe arrancaria a cabeça do corpo, alguém grita.
- solte-o senhor, ele não vale o teu esforço – o homem virou para a porta e viu Olavo, príncipe e irmão mais velho de Levi.
Com desgostou largou Levi com tudo no chão, mesmo querendo espanca-lo até sentir sua mão doer, seria burrice ignorar o pedido  da realeza, principalmente do príncipe herdeiro, que logo assumiria o trono.
- ora majestade, lamento, sei que esta praga é teu irmão, mas estava a me torrar a paciência, mil perdões.
- tudo bem, eu sei como é meu irmão, eu que lhe peço desculpas – virou então para o irmão largado no chão – venha comigo... Por favor.
Levi levantou de forma desengonçada e seguiu o irmão ate fora do bar, já meio afastado ele falou:
-  por que se metera? Eu iria acabar com o gorducho, aquele maldito é pura banha.
- por favor, seja educado, e se possível seja mais grato, tens sorte de que eu achei-o antes de apanhar, e tenho certeza que aquele senhor não era o único a querer lhe quebrar a cara.
- apenas fui sincero, e por que me cobra boa postura? Não pertenço mais a realeza, não devo mais nada a ninguém, sou livre e falo oque eu quiser.
- bem, com este teu jeito livre de ser, morreria em dois dias se eu não vivesse caçando-o, pode não ser mais nobre, mas isto não significa que podes agir que nem um bruto, ainda tem toda a educação que nos deram Levi.
- pura besteira – falou Levi despreocupado.
-ora Levi, pelo amor, o que diria nossa mãe se o visse assim? Portando-se que nem um bruto?
-acredito que sequer me olharia na cara, mas não que vá importar agora de fato, afinal ela ainda tem o grande filho, Olavo , para lhe dar orgulho. Sendo bem sincero, eles queriam me expulsar a tempos, só esperavam por uma brecha qualquer, e por infortúnio, fui tolo o bastante para dar-lhes.
-não seja tonto, a dias que nossa mãe não come de preocupação, nosso pai anda mais frustrado do que nunca.
-eles fingem muito bem, de qualquer jeito, por que me caças?
-para ajuda-lo, mas hoje de fato é outro o motivo de minha vinda, papai anda muito doente.
-disto ja sei Olavo, ja se encontrava a beira da morte quando me fui.
-sim, mas agora piorou, ja chamamos todos os médicos no reino, nenhum conseguiu ajuda-lo, entretanto, se ouve de uma tal médica que parece que faz ate milagres.
-e onde entro nesta história?
-nossos pais lhe querem de volta levi, e então lhe darão uma chance para voltar, esta medica não possui local fixo, vive na estrada, papai quer que você a ache e a traga ao reino em segurança.
-então voltarei a corte?
-foi a promessa de nosso pai, eu imploro levi, voce é o mais indicado, tens incríveis habilidades na luta, alem de que é um sortudo daqueles, que logo achará a tal moça.
-e se não trouxe-la a tempo?
-isto nosso pai não me falou, contou apenas para nossa mãe e o conselheiro, mas acredito que irá traze-la.
Levi parou a caminhada e olhou sério para o irmão.
-irei pensar.
-Levi o tempo é curto, e ele não te obedece, cada segundo que perde pensando e menos um segundo para sua busca.
-apenas acho suspeito.
-suspeito? Pelo amor Levi, não confias mais em teu pai,nosso rei? Não confias em mim?acha que viria aqui por nada?
-um dia, apenas, se quiser, amanhã estarei na taberna, la lhe darei a resposta.
-Levi? Não há tempo, nosso pai tende a morrer  se houver demora.
-um dia.
Levi falou e voltou a caminhar, deixando Olavo quieto pensante para trás.
-maldição Levi - sussurrou o irmão frustrado.


Já longe de seu irmão, Levi bufou, não queria mais voltar para o castelo ou para a corte, mas seria cruel de sua parte, largar o pai adoentado, no abismo entre a morte e a vida. Sua mãe tadinha, perderá tanto já, perder o marido irá quebra-la em mil pedaços.
Mas ele seguiu andando e pensando. Andava torto, ainda pelo efeito da bebida, as bochechas coradas, parou e sentiu o vento que bagunçava ainda mais seus cabelos negros.
“ É simples, vou e trago a médica para meu pai, assim que dada sua melhora, me vou sem que me vejam, não voltarei para os malditos, se voltar morrerei, para o inferno esta coroa maldita”
Pensou Levi.
Ele virou em uma casinha e entrou numa rua meio deserta, a luz radiante e calorosa do sol já se havia ido, agora se guiava pelas ruas com a luz da lua, até ouvir algo que lhe intriga.
- finalmente encontrei-o maldito, finalmente sozinho, diga ai seu covarde, quero ver me chamar novamente de porco imundo......

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