Inglaterra, 7 de Maio, 1922
A paz não é exatamente como todo mundo diz, não é pra sempre, paz é um momento, algumas horas, e as vezes poucos minutos.
No fim, todos nós estamos em guerra, lutando por algo, seja pela vontade, ou pela ganância, pelo medo, e até mesmo pela sobrevivência.
Eu morava em Londres, em um orfanato, nunca conheci meus pais, minha vida toda foi aqui, gostava de considerar todos como a minha família. Tentava ser obediente, mas meu melhor amigo, John sempre mudava meus planos, me convencendo de fugir do orfanato e darmos uma volta pela cidade.
Um dia, fugimos de lá para ir em uma loja de doces q havia aberto a pouco tempo e estava fazendo muito sucesso.
A cidade estava tão agitada agora, pessoas caminhando por todos os lados, e nos céus, carros voando em uma rua invisível, e mais acima deles aviões e Zeppelins.Com o fim da grande guerra começaram a usar a tecnologia pra construir novas coisas agora, além dos mechas de batalha, tanques-esferas, e dos soldados mecânicos.
Nós chegamos na loja e compramos todos os tipos de doces, e em seguida fomos em um parque que sempre íamos quando fugimos do orfanato. Próximo de lá, vivia uma senhora que sempre todo dia, na mesma hora colocava música alta para tocar, hoje era "After You've Gone" da Jessy Carolina.
Um avião de guerra passou pelos céus, agora eles estavam sendo usados pra transportes, foi aí que tive a última conversa tranquila com Jhon:
- Quando você sair do orfanato e for maior de idade, em que vai trabalhar? Me perguntou enquanto olhava o avião sobre o céu.
- Nunca parei pra pensar nisso.- Respondi coçando a cabeça - e você?
- Eu vou virar um soldado! Disse ele todo animado e confiante.
- Mas a guerra acabou já faz 3 anos, John. Respondi ele enquanto olhava o avião também
- Não significa que estamos totalmente seguros, tudo é possível.
Jhon sempre amou essas coisas da guerra, nunca entendi o que ele achava de tão intrigante em um cenário com pessoas atirando nas outras.
- Talvez quando você crescer se torne em um ladrão como o seu pai. Disse ele em tom de brincadeira.
- Sem essa, além do mais isso é só um boato, e dúvido que seja verdade.
Meus pais eram um mistério, ninguém em Londres sabia quem eles eram, e os poucos que sabiam, se recusavam a dizer. Mas de repente surgiu um boato no orfanato que meu pai era de um ladrão, eu nunca acreditei, mas se for realmente verdade... Fico feliz em pensar que nunca o conheci.
Nós mudamos de assunto e ficamos conversando por horas, até que de repente ouvimos um som vindo de um beco próximo de onde estávamos. Olhamos para lá e John perguntou:
- Você ouviu isso?
- Deve ser só um mendigo procurando algo. Respondi sem dar muita importância para o barulho.
- Não... Eu acho que não. Respondeu John se levantando e indo até aquele beco.
Eu levantei as pressas e fui até ele segurando seu braço:
- Ei ei, onde você pensa que tá indo?
- Eu quero ver o que está acontecendo ali, é o que um policial faria oras. Respondeu ele tirando minha mão do seu braço e indo até o corredor escuro.
Se tinha algo que eu odiava naquele garoto, era o "senso heróico" que ele tinha, não importava o problema, ele sempre se oferecia pra ajudar os outros, sempre usando o mesmo discurso de "É isso que um soldado faria", talvez era por isso que ele era tão popular no orfanato.
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Cadeia Alimentar
Historical FictionUm universo decopunk/dieselpunk que conta a história de como um dos maiores mafiosos do mundo chegou ao topo. Obs: Essa história é um "Spin-off" da historia original "Arte da Máfia" da minha amiga A.H.K_Cookie.