Não era uma cena incomum, Bokuto e Kuroo na sala. Era o lugar favorito dos dois, afinal. Seja maratonando filmes de ação ou animações, ou jogando video game. Mas a cena dos dois dançando Just Dance foi totalmente nova para Akaashi.
— O que tá acontecendo aqui? — perguntou. Os dois olharam para ele, suados e sorrindo, o corpo quase tendo uma overdose de euforia.
— A gente tava no tédio e achou uma playlist de Just dance no youtube — respondeu Bokuto, concentrado entre responder Akaashi e acompanhar os passos que eram mostrados na TV.
— Dança com a gente, olhos de anjos, é divertido — chamou Kuroo, enquanto balançava o braço direito e a perna esquerda, ao mesmo tempo.
— Hm... não valeu. Prefiro ficar como espectador. — Disse, sentando no sofá.
— Você que sabe — responderam os dois, em unissono.
Akaashi realmente preferia ficar como espectador. Ali, do sofá, ele tinha a visão perfeita dos dois namorados. Mesmo que de costas. Em momentos em que as coreografias exigiam que eles rodassem, seus olhos se encontravam; Bokuto sorria para ele, e o Kuroo sempre piscava um dos olhos.
Uma nova música começou. Bokuto ofegou, cansado, como um sedentário. Kuroo estava a todo vapor. Como se tivesse nascido para aquilo.
— Vamo, Bo — bateu nas costas de Bokuto, o incentivando.
Akaashi conhecia aquela música. Impossível não fazê-lo, tocou na rádio o ano todo. Então, quando os primeiros servos começou a tocar, não teve como não cantar junto.
— Olha que cara de pau/ Agora quer dar moral/ Quer ciscar no meu quintal/ Com esse papo de casal/ Só depois do carnaval.
Aquela música era covardia, em vários sentidos. Era terrivelmente dançável, ele estava começando a se arrepender de não ter se juntado a eles quando teve a chance. Mas, graças a isso, teve a oportunidade de presenciar Kuroo rebolando em primeira mão.
Com os versos iniciais sem a batida. Kuroo passava as mãos pelo corpo, descendo-as até o joelho, voltando-as com elas desenhando seus quadris. Quadris esses que ele remexia com maestria.
Com a chegada do refrão, Akaashi teve seu equilíbrio mental levado embora. Kuroo seguia a coreografia perfeitamente. A mão direita no alto, levando o quadril junto, a esquerda no mesmo compasso, junto com o rebolado. Até que acontecia a parte que Akaashi listou como sua favorita, onde ficava das pontas dos pés, a bunda inclinada para cima, chacoalhando-a.
Enquanto Lexa cantava sobre o popotão descendo, tá querendo, tá sofrendo. Não teve como Akaashi não se identificar.
Com as mãos fechadas em oração, ou prestes a dar uma de alquimista, Kuroo rebolava, acompanhando a batida. As reboladas sendo interrompidas apenas pelo passo de levantar uma da perna e os dois braços. A mão na cabeça, enquanto o quadril voltava a mexer.
A música retomou. Akaashi olhou para o lado, para Bokuto que tentava acompanhar a dança também, de uma maneira mais preguiçosa e desajeitada. Ele puxou Bokuto pelo pulso.
— O que foi, Kaashi?
— Olha — ele apontou para Kuroo, enquanto puxava Bokuto para o sofá com a outra mão. Assim como ele, Bokuto acabou hipnotizado.
A parte final da música chegou. Kuroo esticou os braços ao lado do corpo, as mãos indo para um lado enquanto o corpo ia para o outro. Um, dois, três. Seguindo de um pulinho, pernas abertas, a mão direita batendo no ar no mesmo ritmo que sua bunda. Ele repetiu o passo, agora mais rápido.
Akaashi precisou fechar a boca de Bokuto, que estava com o queixo caído.
Quando a música acabou, e Kuroo, cansado e ofegante, parou de dançar, Bokuto e Akaashi quase soltaram uma lamúria. Kuroo se virou na direção deles.
— Por que você parou, Bo?
— Hã? Ah, é, hm, eu to cansado, Bro.
Kuroo fez uma careta, ainda tentando controlar sua respiração.
— Acho que vou parar um pouco também.
— Não! — exclamou Bokuto e Akaashi ao mesmo tempo. Kuroo arqueou as sobrancelhas.
— Digo — Akaashi limpou a garganta — Você agora que começou de verdade, não deixa teu corpo esfriar.
— Apesar de que eu acho que tem fogo pra dar e vender nesse corpo — sussurrou Bokuto, apenas para Akaashi escutar.
— Céus, nem me fale.
— O quê? — Kuroo inclinou a cabeça.
— Nada — disse Bokuto, ele apontou para a TV. — Olha, começou outra! Você não adora essa música?
Kuroo olhou para TV, onde os primeiros passos de ''Sua Cara'' já começaram. Ele voltou saltitante para seu palco.
— Coloca do começo! — pediu.
— Pode deixar — disse Bokuto — Olha aquela rebolada, meu pai eterno — ele suspirou, se jogando dramaticamente para cima de Akaashi. — Aquela bunda é nossa, né?
— Ainda bem que é nossa — disse Akaashi. — Sinceramente, jogar isso foi a melhor ideia que vocês tiveram em anos.
— Sou obrigado a concordar.