09 | Narração

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Memórias de Yoongi.

Ano desconhecido.

Eu era apenas uma criança quando tudo aconteceu.

Digamos, que era jovem demais para não saber definir entre o certo e o errado. Então, talvez, aquelas cenas dele ceifando a vida daquele homem em minha frente não tenha sido muita coisa. Ou, eu era apenas um jovem garoto com a mente tão perturbada, que sequer soube definir o que seria aquilo.

Eu fui amado por ela, independente de não ter crescido sob seus cuidados. Independentemente de todas as situações que aconteceram, que levaram até o sumiço dela.

Eu nunca soube onde minha mãe estava, nunca soube os motivos que levaram ao sumiço dela e ao meu abandono maternal.

Mas, não era algo que me fez tanta falta, já que ele compensava as noites de choro, com treinos árduos e sem sentido para minha pequenina cabeça inocente.

Meu pai nunca foi o tipo de homem adorável, nem mesmo paciente. Em sua cabeça só existiam duas coisas: Dinheiro e poder. E sempre foi disso que ele gostou, e se não fosse, as noites com as prostitutas da pequena vila bastavam para amaciar seu ego fodido.

Não era algo que me surpreendia, visto que quando cresci, as coisas se tornaram piores.

Meu pai me treinava para coisas que eu não sabia o que eram. O meu destino era incerto sendo filho dele, e eu não poderia escolher os rumos de minha própria vida. Mas, eu sempre soube que quando ele morresse, quem sabe oportunidades como estas não fossem possíveis.

Eu cresci afastado das outras crianças. Perdendo a razão e até mesmo a consciência diante dos treinamentos absurdos que ele me colocava para fazer. Ele testava os meus limites, assim como me colocava para me auto testar.

Eu sabia suas motivações até determinada base, depois, tudo se tornava como sempre foi desde o início.

A minha mente regredia e eu fingia não ver as coisas que ele fazia. Tentava viver de acordo com o que a vida poderia me proporcionar. Eu tentava ver o lado bom de todas as coisas ruins que aconteciam comigo, em um período pequeno de anos.

Eu até conseguia, porém, a saudade de uma presença que eu nunca tive, sempre me pegava de jeito. E todas as vezes que isso acontecia, era a ele que eu recorria.

Eu não sabia se ele sentia falta dela como eu sentia, porém, nunca me importei. Já que meu pai era e sempre seria fechado demais para abrir seus sentimentos para as pessoas. Eu nunca saberia se ele os tinha, ele os levaria com ele para o túmulo. E claramente, era isso que ele pretendia passar para mim.

Sentimentos são perigosos, ainda mais para pessoas como nós. Era isso que ele dizia, todas as vezes que me ouvia chorar. Digamos que naquela noite, eu entendi o significado de suas palavras.

Ele nunca foi uma pessoa boa, mas, tinha seus preceitos. Ele já havia sido maltratado demais pela vida. E por toda ela, nunca aprendeu sequer viu um significado de bondade. Ele se acostumou sendo o que sempre foi e morreu sendo o que era.

Eu aprendi com ele, todas as coisas, para que não pudesse repetir. Mas, as formas tortuosas que ele começou com seus ensinamentos, até os dias de hoje deixaram sequelas permanentes na minha mente adulta.

Sendo criança, eu não entendia suas atitudes. Mas, sendo adulto, eu sobrevivo e vivo com elas, a cada dia.

E no dia de sua morte, tudo que um dia foi dele, passou para as minhas mãos. E foi ali, que eu soube que estava perdido. 

𝐁𝐀𝐃 𝐁𝐎𝐘, 𝐦𝐲𝐠.Onde histórias criam vida. Descubra agora