Lucy

O vazio

Uma chamada é feita no banheiro

???: Alô?

-Alô?

???: Eu tenho uma notícia para a senhorita.

-E que tipo de notícia seria?

???: Bom, não é uma boa notícia...

-Bom, por favor me diga.

???: Certo certo, é sobre o seu namorado.

-Mathew?

???: Isso, bom, uma pessoa, uma pessoa importante quer vê-lo morto.

-C-como?

???: Foi isso mesmo que a senhorita ouviu, mas eu tenho uma proposta que a senhorita irá gostar.

-... Que seria?

???: A senhorita pode trocar de lugar com o seu namorado, se sacrificar para que ele não morra.

-O-o que?! Isso é loucura! Por que? Por que querem ele morto? E se o querem tanto assim o que te faz pensar que se eu for no lugar dele a pessoa irá ficar satisfeita?! Não acha que isso não será o suficiente?

???: Se acalme senhorita, a senhorita tem um bom ponto, mas eu consigo dar um jeito nisso... Não vai ser difícil - A pessoa dá uma risadinha- Se você se sacrificar por ele você terá morrido por uma causa nobre, você terá salvado seu amado e também não precisará mais fugir das perguntas desconfortantes do mesmo, você sairia ganhando, não acha?

-Que?! Mas que doideira é essa? E como você sabe de tanta coisa sobre mim e meu namorado? Você tem algum problema?!

???: Pense no assunto senhorita, só um aviso, provavelmente de hoje ele não passa, então pense bem, você vai querer salva-lo ou irá querer ver ele morrendo por uma caçadora de recompensas? De qualquer forma nós estaremos te observando, quando tomar sua decisão nós saberemos, caso seja a do sacrifício por favor se dirija ao lado de fora do quarto, alguém estará te esperando. Obrigada pela compreensão.

Chamada encerrada

Fim do sonho

Acordo confusa e um pouco apreensiva, olho ao redor e me vejo em um local totalmente branco. No local só tem eu, meu celular e minha cama, de resto é um local totalmente vazio e branco.

-Mas o que?

O local me parece estranhamente familiar, tenho a sensação de já ter estado aqui antes... Mas... Que porra de lugar é esse? Eu comecei a andar um pouco, mas tudo que eu via ao meu redor era a imensidão branca. Ao me lembrar que meu celular estava comigo eu o peguei e tentei mandar alguma mensagem para a minha mãe, mas... Todos os meus contatos estavam apagados, eu também não tinha sinal, a única coisa que me restou foi a galeria do meu celular, mas era questão de tempo até ela acabar.
Após um tempo, não me lembro quanto, eu fiquei sem nada, não sentia fome, sono ou vontade de ir ao banheiro, o que era bom, mas a sensação de estar sozinha no vazio me deixava sufocada, com o tempo eu já não conseguia mais aturar a mim mesma, eu já estava começando a endoidar. Ninguém, nada, esse silêncio me matava, a sensação de vazio me torturava, a todo o momento eu esperava que alguém aparecesse e me tirasse daquele lugar, devem ter passado dias, meses ou até mesmo anos para até que enfim eu conseguisse me libertar daquela estranha prisão. Mas um dia... Um dia eu consegui me libertar.

Eu estive vagando com a minha única companhia, meu celular, já descarregado, até que de repente eu vejo algo, eram meio que glitchs em um lugar, eu me aproximei cuidadosamente deles, mas então, quando eu cheguei mais perto eles se separaram, como se de alguma forma eu os afastasse. Quanto mais eu me aproximava mais eles iam para longe, então eu me vi no meio de uma cidade, no meio de uma rua deserta na imensidão da noite, com apenas alguns postes de luz por perto, eu nem pude acreditar, eu pensei que estava delirando e que finalmente eu havia me rendido para a loucura, me dei uma beliscada e um tapa em minha própria cara e então pude perceber que o que estava acontecendo era totalmente real. Comecei então a andar pela cidade a procura de algo ou alguém que pudesse me ajudar.
Então eu vi uma velhinha, que estava a vagar enquanto cuidava de alguns gatos de rua, não me vi com outra alternativa... Virei uma gata e fui andando até a senhorinha, ao chegar perto de mesma eu comecei a miar e me esfregar em sua perna, não demorou muito tempo até que ela me levasse para a sua casa e começasse a me criar com os seus outros gatos.
De manhã eu consegui um emprego e de tarde eu voltava para a casa da senhorinha, foi assim durante muito tempo, até eu ter dinheiro o suficiente pra me sustentar, depois disso eu nunca mais vi ela. Mas acho que foi bom assim, depois que eu saí da casa dela e comecei a viver sozinha eu conheci uma das pessoas mais importantes da minha vida... E eu sou grata a isso. Mas eu ainda tenho pesadelos com aquele espaço em branco, pelo menos essa pessoa tá me ajudando a superar isso, obrigada pela ajuda, Seiji ❤️