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Rafaella Narrando:

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Rafaella Narrando:

Eu tava cansada pra caralho, nego isso não é viagem! Trampei que nem louca o dia inteiro pra ir pro pagode no final da noite e ser doida o suficiente pra encher a cara e beber sem pensar nas consequências.

Marcelle: Eu to louca ou o Renan ta te secando faz cota? - ela chegou do meu lado e gritou no meu ouvido. A música tava alta demais, assim que eu gosto - Mulher, não cai nessa tentação que é furada na certa.

Rafaella: Tu sabe que não precisa me falar né? Desde quando eu preciso de traficante Mar? ta louca?

Ela deu risada e me puxou pra dançar. Meus pés estavam doendo mas eu não negaria um funk bolado, ainda mais que estamos em plena sexta.

Kamilla solta solta, dançava que nem ligava pras piranhas encarando ela, o marido olhando com uma cara feia do caralho lá do camarote, terror nenhum pra ela!

Comentei com a Mar que eu precisava ir ao banheiro e fui saindo do meio da muvuca pra fazer meu belo xixi. Era um tal de empurra empurra, levei umas quatro bundadas só no caminho, chega a ficar tonta.

Tinha três meninas na fila, fiquei atrás delas esperando, e quando a porta abriu elas entraram de uma vez.

Puxei meu celular pra ver o horário, vendo que já eram 02:34 da madrugada, suspirei porque daqui a pouco eu já ia ir pra casa, subir essa ladeirona não tem pra ninguém.

Botei ele dentro da saia de novo e fechei meus olhos esperando elas sairem. Até sentir alguém me olhando.

Rafaella: Tu mata alguém de susto assim, cara. Que isso, tá louco?

RV: Fala direito. - ele revirou os olhos e se aproximou - Qual teu nome, maluca? Tu fecha o olho em um baile, tem medo da morte não? Ainda mais estando sozinha?

Rafaella: Não tenho. Eu preciso fazer xixi, e elas estão demorando, só fechei pra reorganizar minha mente.

RV: O nome.

Rafaella: Não tenho!

RV: To perguntando na educação, última forma pra tu!

Rafaella: Pra que tu quer saber, hein? Não me envolvo com traficante não, e tu ainda é o dono daqui, não vai rolar RV.

RV: Tu ta se equivocando demais, perguntei teu nome, não disse que queria casar contigo. Não quer falar não fala, vai tomar no cu pra lá, caralho - ele falou, virou, e foi embora. Bofe ficou puto gente, vê se posso com isso?

A porta do banheiro abriu e eu respirei aliviada, estava quase fazendo xixi aqui mesmo. Elas saíram dando risada e comentando sobre um Negão, revirei os olhos e entrei fechando a porta e fazendo meu xixi.

(...)

"Vem com a tropa que hoje é dia de maldade"

04:00 da manhã e eu ainda insistindo em dançar, uma putaria rolando solta que eu nem te falo. Kamilla já tinha sumido no soco com o marido, a Mar só Deus na causa, sequer apareceu por aqui.. A única que permanecia do meu lado firme e louca era a Luiza, depois de ver que o mavambo tava realmente com outra a garota endoidou. A Bruna? Colada com o boy no camarote, ele não deixava ela sair de jeito algum e eu duvidava que falaríamos com ela ainda hoje.

O mavambo tem um ciúmes dela com a gente, como se fôssemos obrigar ela a se separar dele.. E sinceramente? ela só não se separou porque não quis, porque ela sabe o que pode ter e o que ta deixando de viver pra ficar com um cara que simplesmente não dá nada pra ela, não dá amor, carinho, duvido muito que satisfaça ela do jeito que ela merece porque pelo o que eu já vi do pateta andando com mulher na garupa pra cima e pra baixo não tá nem escrito, decadência pura.

Rafaella: Nega, cansei! - parei de dançar puxando ela pra falar, o som tava alto demais e não dava sinal algum de que iria parar alguma hora, tava o puro fervo, ainda era sábado de manhã e eu não tava afim de passar o dia na cama com ressaca. - Vou pra casa, quer ir comigo? Tu dorme lá de boa, depois a gente toma um café e vê qual é a boa.

Ela olhou pra mim balançando a cabeça em forma negativa.

Luiza: vou curtir aqui, mana. Nunca posso sair, hoje vou me esbaldar, ainda mais porque to sozinha.

Assenti.

Rafaella: Se cuida aí então, tá? - dei um beijo na testa dela. - Qualquer coisa to em casa.

Ela piscou pra mim e voltou a dançar, eu apenas dei risada e fui tentando abrir caminho pra saída, muvuca filhas, um horror! Um monte de mona me olhando torto e um monte de macho me encarando sem vergonha alguma. Joguei os cabelos pra trás assim que sai de lá. Suando, pingando! Sinceramente, odeio ficar em lugar apertado. Gasto muito nos meus cremes e perfumes LiLy pra ficar cheirosa e chegar aqui pra sofrer dessa forma.

Fui subindo a rua firme e forte, não tava bebada o suficiente pra ficar tonta, mas tava cansada e meus saltos estavam me matando. Então tirei nem ligando pra quem estivesse vendo, prezava meus pés, amava andar e queria continuar assim.

De longe vi uma silhueta bem conhecida, muito aliás, pois essa mesma silhueta tinha falado comigo algumas horas atrás, e ele sequer olhou pra mim na hora que eu estava passando, fumando o cigarro como se estivesse fazendo um das coisas mais importantes da sua vida, encostado na moto com aquela marra que só o RV tinha. Eu não nego, ele era uma delícia, o cara não precisava falar nada com aquela voz gostosa e rouca dele, mas eu tinha a certeza que de encharcava qualquer calcinha. Dei risada dos meus pensamentos, até porque meu lema era nada de bandidos, ainda mais o cabeça.

Parei de andar assim que escutei a voz dele.

RV: Do que tu tá rindo? Tem algum palhaço aqui por acaso? - ele disse soprando a fumaça.

Revirei meus olhos dando conta de que eu tava dando risada sozinha na frente dele.

Rafaella: Tem sim, meu bem. - Continuei andando.

RV: Oh garota? - parei de andar, encarando ele. - Sobe.

Rafaella: Sobe a onde, filho? Não sou suas marmitas não, to indo pra casa, se liga aí.

Voltei a dar meus passos mas parei quando senti uma mão firme no meu braço me impedindo de seguir.

RV: Eu mandei tu subir na moto.

Rafaella: Solta. Agora! - Ele me encarou, me puxando na direção daquele negócio gigante preto que parecia um cavalo.

RV: Tô tentando te dar uma moral te levando pra tua casa, tu não vai casar comigo, se orienta aí e aproveita que eu to chapado o suficiente pra te oferecer uma carona e cala a boca. - Ele deu uma última tragada e jogou o cigarro longe, me soltando e subindo na moto me encarando em seguida, como se me incentivasse a subir e parasse de frescura.

Respirei fundo e subi, agarrando ele. Meu Deus, que delícia. Aquela barriguinha por cima da blusa da Lacoste ainda dava pra sentir os gominhos, me visualizei lambendo e passando a língua por aquela barriga enquanto me xingava inutilmente lembrando de quem eu era e de que bandidos jamais. Não sei o que acontecia comigo no momento, mas rezava para que essas divagações fossem passageiras e que a quentura por dentro das minhas pernas deixasse de existir e que ele não me olhasse mais da maneira que ele estava olhando pelo espelho retrovisor uma vez ou outra, como se encarasse a minha alma, e não a Rafaella que no calor da bebida e de um baseado, suspirava de tesão por um bandido, dono de uma favela e um dos caras mais filho da puta que existia.

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