Capítulo 7 - "It hurts"

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Olhando Minhyung ali, dormindo como um anjo, o coraçãozinho fragilizado de Haechan falhou uma batida, como se a rachadura presente o impedisse até de puxar o ar propriamente.

Se sentia terrível.

Não gostava de estar escondendo algo que lhe afligia. Porque, por mais que sempre tivesse tido um emocional forte, aquilo estava lhe atingindo quase tanto quanto a vez que se viu como um fardo na vida de Minhyung.

Aquela já parecia uma realidade tão distante. Mal podia acreditar que, depois de pensar que teria que sair da vida do canadense, perdido em tristeza, este estendeu-lhe a mão, o puxando para perto. O forçando a ir para a luz. Porque era isso que Mark era para si, pura luz.

E, mesmo depois das milhares de pequenas provas de afeto, ainda estava perdendo o sono, o coração doendo, desde a fatídica fala que martelava sem parar.

Aquilo lhe parecia completamente injusto. Consigo mesmo e, principalmente, com Mark.

E mesmo seu cérebro gritando que deixasse aquilo de lado, seu peito insistia em ficar apertado.

O segundo problema, entretanto, era se sentir tão egoísta tendo aquela dúvida crescendo em si, que nem tinha coragem de botar em palavras o que sentia.

É claro que tinha dito alguma desculpa esfarrapada para os amigos ao afirmar que não iria dizer as palavras mágicas para Mark. Mas é claro que estava blefando.

O verdadeiro motivo bem escondido dentro de si, numa parte que não sabia que podia ser aberta e, quando foi, ele não conseguiu mais ignorar.

Poderia jogar todos os xingamentos do mundo sobre Johnny, alegar que fora ele que tinha plantado essa semente de dúvida em si. Mas ele sabia a verdade.

O nome daquilo era medo.

Insegurança.

Medo de Mark dizer não.

Medo de qualquer motivo que ele poderia dar para não querer admitir ou oficializar o que havia entre eles.

Ah, como aquilo lhe aterrorizava.

Poderia Minhyung não querer se complicar para ter a liberdade de fazer o que quiser no futuro? Estaria apenas seguindo sua vontade e não parado para refletir na chance de se arrepender depois? Ou então tudo aquilo era um teste para ver se dariam certo juntos? Se fosse, o quanto mais ele teria que se esforçar para se mostrar digno?

Ele só queria se sentir digno daquele amor.

Sem medo de se machucar.

Sempre foi tão autoconfiante, então por que?

Por que toda noite pensava e pensava em por que Mark nunca lhe dissera as três palavras?

Ele não teria sido claro o suficiente do quanto queria aquilo? Não teria feito o outro se sentir confiante o suficiente?

Será que nunca conseguira fazer Mark sentir o tamanho do seu amor?

Completamente sem limites.

O amava tanto que chegava a doer.

Cada beijinho doce, cada abraço, cada momento ao lado do mais velho tinha sido aproveitado com tanta alegria e depois guardado com tanto carinho dentro de si. Cada frase de Minhyung, até as mais bobas, tinham um lugar especial em seu coração.

"Haechan é a pessoa mais engraçada que eu já conheci", "Você tá tão bonito hoje", "Essa cor te cai tão bem", "Não é que meu óculos ficou bom em você?", "Fofo!"

Tantas vezes que precisou tentar beijar o mais velho ou lhe demonstrar carinho e foi recusado, até que finalmente pudesse ser retribuído. Tantas vezes depois disso que precisou esconder sorrisos porque Mark estava o tocando em público, lhe mostrando afeto.

O fato de o canadense puxá-lo para seus braços toda vez que um staff não estava presente, sem se importar com os outros membros, os beijinhos de boa noite e as mãos dadas, tudo aquilo havia criado uma esperança tão grande, uma expectativa em si.

Que, contudo, nunca teve uma resposta em forma de palavras.

Mark realmente queria estar consigo e só consigo? Se fosse o caso, por que não falava? Porque Haechan queria.

Queria estar com ele para sempre.

Seu peito doía demais.

Era justo esperar que Mark lhe dissesse isso? Era justo esperar que ele sentisse o mesmo? "É claro que não", repetia para si mesmo.

Por mais difícil que fosse, Donghyuck jamais poderia controlar o sentimento do outro. O problema era que ele sempre falava os seus. Ele era a pessoa que não tinha medo de se expressar, ele era aquele nunca guardava seus pensamentos. Mas Mark não era assim, e não era certo esperar que ele se tornasse assim de repente, só para agradá-lo.

O pensamento fez sua garganta fechar.

Ele era ridículo mesmo. Por sequer considerar cobrá-lo de fazer isso.

Observou o rostinho em sono ao seu lado mais uma vez, descendo o olhar para o braço que o envolvia com tanta ternura.

Como cobrar mais do que isso? Como ele ainda podia deixar essa insegurança crescer tanto? Como ousava ainda ter pensamentos negativos?

Estava ficando cansado.

Nesses momentos sabia que era duplamente importante olhar para a realidade. Se concentrar apenas na verdade. E não nas projeções pessimistas de sua mente.

Sentiu uma lágrima lhe molhar a pele.

Sua realidade estava bem ali.

Bem ao seu lado, serena e completa.

Mark podia não atender a essa sua expectativa, mas como poderia? Expectativas não são realidades. E Mark era só uma pessoa real. Com sentimentos reais.

O problema que parecia lhe sufocar devagar foi virando apenas isso: um problema. E ele podia escolher como lidar com ele.

Tinha Mark ao seu lado, afinal de contas.

Deu um sorriso preguiçoso pensando no que o canadense lhe diria se pudesse ouvir seus pensamentos agora. Provavelmente não gostaria nem um pouco.

E aquilo o acalmou. Só de imaginar a expressão do maior ao reagir, exageradamente como sempre, tirou-lhe o peso insuportável que o impedia de respirar.

E se deu mentalmente a lição de moral que achou que receberia, sorrindo feito idiota enquanto limpava as lágrimas que tinham lhe molhado as bochechas.

Respirou fundo, absorvendo toda a energia boa do canadense ao seu lado e expirou, deixando todas as suas preocupações saírem por ali.

Lidaria com isso de seu próprio jeitinho, sem se transformar nessa versão triste de si, que era apenas uma sombra de sua verdadeira personalidade.

Faria do jeitinho Haechan.

Respirando fundo e se aconchegando no maior, agradeceu por estar ali.

E fez mais uma respiração, tranquila e confortável.

Olhou para o namorado em seguida e riu baixinho pelo biquinho fofo do mais velho, dando-lhe um selinho leve.

"Eu te amo" - disse num sopro, quase como se as palavras tivessem aproveitado sua respiração desatenta para escapar sem a devida permissão.




















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Então gente, lembra que a última fic teve altos e baixos? Então né... Eu hein, parece até a vida

E deu pra ver por que não quis lançar ontem? Eu mesma fiquei  numa vibe super... qual é palavra certa? Vulnerável?  Então não queria que vocês fossem dormir assim, por isso trouxe junto o nosso próximo cap, pra gente lembrar que assim como quando tá nublado acima das nuvens ainda tem o sol, nosso Fullsun também vai voltar a brilhar ~<3



Por que não fala pra mim?Onde histórias criam vida. Descubra agora