13.

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{ comando da televisão para as amigas novelas ; só porque sou linda ; demasiado drama e teatro para mim ; amigo, contenta-te com a garrafa de água }

Ashton Irwin.

Os meus amigos já me haviam chamado a atenção, por diversas vezes, mas as suas súplicas eram-me impossíveis de concretizar. Os meus dedos pareciam ter a necessidade de teclar, os meus olhos ambicionavam a todo o custo focarem o meu telemóvel e o meu sorriso não aparentava querer abandonar-me. Tentava que a morena me dissesse se hoje se encontrava a trabalhar no café ou não mas a rapariga dos olhos claros, irritante como sempre, vira na minha curiosidade um divertimento e acabara por criar um cativante enredo não conseguindo ser nada esclarecedora. Caso Scarlett hoje não estivesse a trabalhar, eu escusava de ir com os meus amigos ao café, indo assim direto para casa. Já não estava com ela há cerca de dois dias, por isso, queria ver se aproveitava hoje para a ver.

- Ashton, como é? É para hoje ou quê? - Thomas questiona cruzando os braços. Tivera que lhes pedir para esperarem mas os três rapazes não aparentavam estar lá muito satisfeitos com a minha proposta. Por sorte, lá acabaram por ficar e por se entreter com os jogos dos seus telemóveis.

Para evitar ser alvo de chacota dissera-lhes que havia mandado uma mensagem à minha avó para saber se ela precisava de alguma coisa, daí todo este atraso. Supostamente, eu só estou a aguardar uma confirmação proveniente da senhora de cabelos brancos que, coitada, a única coisa eletrónica que sabe mexer é o comando da televisão e é para à noite colocar nas suas amigas e tão fiéis companheiras, as telenovelas.

❝Então tu só vens ao café se eu cá estiver, é isso?❞

- Scarlett, 16h35

❝Sem querer subir muito o teu enormíssimo ego, sim.❞

- 16h35

❝Eu já te disse que podes vir. Quantos mais clientes, mais dinheiro para mim ao final do mês.❞

- Scarlett, 16h36

❝Eu sei que isso não funciona assim, sua aldrabona.❞

- 16h37

❝Funciona, sim. Comigo funciona porque eu sou linda.❞

- Scarlett, 16h39

Fora quando Ethan me dera um pequeno empurrão que me apercebera que o sorriso estúpido passara para algo ainda mais néscio, uma risada embaraçosa. O meu rosto, agora pouco ou nada relaxado, vira-se para os meus amigos que jogavam entretidos no telemóvel e que, ao mesmo tempo, procuravam encobrir o cómico da situação.

- Se quiseres assumir que estás a falar com a miúda, está à vontade. - Thomas diz, divertindo os companheiros que, com os olhos postos no telemóvel e com a atenção colocada em mim, tentavam manter a sua serenidade. Com isto, o rapaz de cabelo escuro acaba por mostrar que a minha mentira estava longe de ser credível.

- Eu não estou a falar com ela, ok? Eu estou apenas à espera que a minha avó me responda. - Eu respondo, nunca desistindo da posição em que antes me colocara. Sempre me ensinaram que para se fortalecer uma mentira é preciso nunca abandonar a ideia inicial. Na verdade, aprendera em filosofia e não era uma mentira mas sim um argumento. Chamemos-lhe de pormenores fúteis.

Com toda esta situação, lembro-me de que ainda não respondera à rapariga. Já cinco minutos se havia passado desde a sua última mensagens e não havia sinais de uma insistência. Engulo em seco, por estar a fazer os meus amigos aguardarem tanto tempo, e envio-lhe mais uma mensagem, determinado a acabar com o seu jogo.

Inconsciência  》 irwinOnde histórias criam vida. Descubra agora