A Academia Blair é um lugar excêntrico.
Oculto sorrateiro atrás do bosque de clima denso com árvores altas de folhas acinzentadas e troncos descascados, intitulado por vários como Bosque do Desespero, há um palácio que esbanja luxuosidade, com muros que se erguem grandiosos até quase serem capazes de alcançar o que ainda consigo enxergar do céu, agora colorido com a mistura dos tons mais amenos de laranja e amarelo.
Hoje, esse lugar extravagante e dono de mistérios tenebrosos que fariam mesmo os valentes Ed e Lorraine Warren borrarem as calças, vira minha moradia.
Ainda que a academia não seja lar de fantasmas. Mas, na verdade, de enigmas inimagináveis, e soluções inexistentes.
No início da floresta, em uma contraposição assustadora com o presente local em que encontro, o céu estava terrivelmente pintado com uma soturna nuance alvacenta e azul; a coloração de azul mais sombria e carregada que eu já havia visto em dezesseis anos de vida.
A temperatura desconfortavelmente pesada, com rajadas de ventos tão fortes que me impediram de caminhar livremente, agora é uma brisa branda e agradável. Seus efeitos evidentes em meus fios esvoaçantes e o frescor suave em contato com meu rosto são as únicas coisas que demonstram firmemente sua fraca, quase despercebida, presença.
O verde doloroso da grama abaixo dos meus pés e os arbutos cobertos de flores vermelhas, em companhia com as cerejeiras brancas que estão ao lado do caminho que precisa ser atravessado até o alcance do palácio, são tão diferentes daquelas árvores apavorantes e melancólicas do Bosque do Desespero, as que sussurram durante a noite inteira.
A academia, em comparação com todas as coisas belas daqui, é a mais esplêndida.
Parece ser uma construção relativamente antiga, com paredes brancas, que por vezes alternam entre um azul-marinho, decoradas com grandes janelas de vidro polido, dispostas a uma distância razoavelmente pequena da outra; e enormes colunas jônicas, da arquitetura grega. Seus portões, finalmente, só não são maiores que os muros que a guarda.
Após a minha breve e surpreendente análise, eu aperto nervosamente a alça da minha mochila, que abriga as poucas roupas que escolhi trazer do orfanato, decidido a não levar tantas coisas que poderiam me lembrar constantemente da minha trágica, porém curta, estadia lá.
Olhando para cima, em uma das janelas, posso ver a silhueta de um garoto, que afasta as cortinas e me encara de volta. Daqui não posso ver seus traços com nitidez, então tudo o que faço é continuar parado, fingindo admirar a academia, quando, na verdade, me pergunto silenciosamente quem é o menino no alto.
— Não pise na grama — uma voz feminina, que eu rapidamente identifico por conta do constante entusiasmo que carrega e o delicado, ainda que em advertência, tom familiar, surge de repente, atrás de mim. — Você a machuca.
Eu olho para trás, encontrando a mesma mulher que me visitou no orfanato na semana passada, com a mesma cor de cabelo terrivelmente amarela, vestida em suas roupas antiquadas e com o sorriso grande que nunca vi sair de seu rosto.
Seus olhos grandes e lilás entregam, desde quando a vi pela primeira vez, que ela decerto não pertence a este lugar. Igualmente perceptíveis são seus outros traços estrangeiros, como a cor mais bronzeada de sua pele, ou o penteado de cachos delicados e curtos, raramente visto em mulheres tipicamente coreanas.
Em seguida, eu olho para meus tênis surrados esmagando a plantação, e simplesmente dou de ombros, indiferente.
— É apenas... grama — contesto.
— Mas ela sente dor, Jungkook, mesmo sendo só grama — ela replica, ainda sorridente como se suas palavras não carregassem a seriedade que estou reconhecendo. — Você não sente a dor, mas isso não significa que ela não existe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Academia Blair || jjk + pjm
FanfictionAs habilidades sobrenaturais de Jungkook são incompreensíveis para qualquer ser humano comum, que não possui nenhuma competência além das convencionais. É somente ao completar dezesseis anos que as freiras, do orfanato onde viveu durante consideráve...