- O que faz aqui?
Christopher: Preciso falar com você. - Dei a passagem para que ele entrasse, não adiantaria fechar a porta, eu o conhecia bem para saber do que ele era capaz.
- Diga, não tenho muito tempo.
Christopher: Porque não me disse que estava grávida? - Eu ri com ironia.
- E qual iria ser a diferença entre você saber ou não? Olha, se a preocupação é por dinheiro, eu não preciso, pode ficar tranquilo.
Christopher: Não é por isso, Dul. Você deveria ter me dito, eu tinha o direito de saber, é meu filho.
- Você nunca quis ter um filho meu, porque isso agora? Qual é o novo joguinho de vocês?
Christopher: Não tem jogo nenhum, Dul, eu sinto a sua falta, estou dizendo a verdade. Esses últimos meses eu tenho andado como um louco tentando te procurar e sem achar nenhum rastro seu.
- Olha, você evoluiu como ator, fez aulas de teatro? - Disse me sentando a mesa e continuando a tomar café.
Christopher: Eu sei que te tratei mal, mas eu apenas percebi que te amava quando te perdi. Dulce aquela casa não é a mesma sem você, nada é o mesmo. Eu sei que eu errei e não foi pouco com você e eu reconheço, mas eu estou arrependido, por favor me perdoa.
- Te perdoar? Está de brincadeira comigo não é? O que você fez comigo não tem perdão. - Me levantei e derrepente senti uma tontura. - E eu não acredito em nada do que diz.
Christopher: Eu estou dizendo a verdade, Dul.
- Sinto muito, mas eu não acredito.
Christopher: Dulce, escuta, pelo menos volta pro México, sim? Para que eu possa ficar cuidar do meu filho, acompanha-lo de perto.
- Eu não vou voltar para o México.
Christopher: Dul, eu te peço, pelo bebê, por favor, eu quero ficar perto dele. - Respirei fundo, estava me sentindo um pouco mal - Dul, você está bem? - Disse aproximando de mim.
- Não encosta. Estou bem, obrigada. - Ele se aproximou.
Christopher: Posso pelo menos tocar na sua barriga? - Pensei por alguns minutos.
- Pode. - Respondi por impulso. Ele se aproximou e tocou em minha barriga, logo senti o meu pequeno Heitor se mexer, era como se soubesse que era o seu pai que estava ali.
Christopher: Ele está mexendo, dá para ouvir o seu coração. Já sabe qual é o sexo?
- Sim, é um menino. - Vi em seus olhos a emoção, ou talvez estivesse atuando de uma forma muito natural.
Christopher: Já escolheu o nome?
- Heitor. - Respondi seca.
Christopher: Heitor... é um bonito nome. Meu filho... - Disse com um sorriso no rosto. Comecei a sentir uma dor muito forte na barriga, e senti um liquido descer por minhas pernas, a bolsa havia estourado.
Christopher: Dulce, o que está acontecendo?
- Me leva para o hospital, nosso filho vai nascer. - Christopher me ajudou e chamou um taxi e fomos rumo ao hospital. Eu estava nervosa, sem saber o que fazer mesmo depois de tantos livros lidos e matérias na internet.
Assim que eu cheguei me colocaram na maca e me levaram para a sala de parto e Christopher me acompanhou, eu não queria que ele estivesse ali, mas ele era o pai, e tinha o seu direito. Foram muitas horas de esforço e ele segurou a minha mão enquanto as enfermeiras diziam para que eu empurrasse e que ele já estava quase saindo.
Quando ouvi o seu choro, uma grande felicidade invadiu o meu coração, o meu pequeno Heitor já estava nesse mundo.
- Quer cortar o cordão? - Perguntou a enfermeira para Christopher.
Christopher: Sim. - Logo Heitor estava em meus braços, eu chorava apenas de poder abraça-lo e te-lo aqui comigo, o meu filho tão esperado.
- Heitor, sou eu, sua mãe. Eu vou te proteger e te amar muito meu amor. - Disse segurando a sua pequena mãozinha.
Christopher: É tão pequenininho. - Disse maravilhado tocando o rostinho de Heitor.
- Doutora, ele está saudável não é? Mesmo tendo nascido de sete meses.
- Sim, vamos apenas deixa-lo em observação por algumas horas para ter certeza de que ele está totalmente bem.
- Muito obrigada doutora.
- Imagina, não tem o que agradecer. Mas agora vou ter que leva-lo, em algumas horas poderá te-lo denovo em seus braços. - Disse chamando a enfermeira.
- Deixa ele aqui só mais um pouquinho. - Disse.
Christopher: Só mais alguns minutos.
- Sinto muito, mas tenho que leva-lo. Não se preocupem, ele estará em boas mãos e será bem cuidado. - Relutei porém ela o levou e me pediu que descansasse, realmente estava cansada, mas a emoção não me deixava ficar quieta e dormir.
Acordei depois de algumas horas e ele ainda estava lá, não entendia o porque daquilo tudo. Tentei me mexer e ele se aproximou.
Christopher: Dul, ele está bem, descansa.
- Que horas são?
Christopher: Uma hora da tarde. Você dormiu muito pouco, descansa.
- Não tenho sono.
Christopher: Tenta relaxar um pouco.
- Não consigo. Porque você não foi embora?
Christopher: Não vou deixar você e o meu filho aqui sozinhos.
- Não vai aguentar ficar aqui todo o dia.
Christopher: Não tem problema, eu não vou sair daqui enquanto vocês não sairem juntos comigo.
- Christopher, já disse que não vou voltar para o México.
Christopher: Conversamos sobre isso depois. Descansa Dulce, para de ser teimosa.
Christopher passou o dia no hospital e apenas saiu no outro dia por alguns minutos e depois voltou, ele estava cansado, dava pra se ver as olheiras em seu rosto, porém apenas saiu de lá junto comigo e Heitor, dois dias depois, já que tinha que permanecer pelo menos 48 horas no hospital.
Eu permanecia relutante com a idéia de voltar para o México e aliás, a morar com Christopher novamente, eu disse que talvez aceitasse a idéia de ir se pudesse viver sozinha com meu filho, porém ele insistia que queria que morassemos juntos mesmo separados e que lá ele teria todos os cuidados necessarios e a casa era suficientemente grande para nós dois. Aquela casa me trazia muitas más lembranças que eu não desejava recordar, essas últimas semanas ele havia se comportado muito bem comigo, era quase como se fosse uma outra pessoa. Ele tratava Heitor com muito carinho e todos os dias ele ia na minha casa e passava horas com o filho, já tentou me convencer de que me amava de verdade, que sentia algo muito forte por mim e que queria fazer as coisas agora de uma forma correta, sem mentiras e nem contratos, mas simplesmente eu não sabia mais como ou quando confiar e acreditar em alguém, muito menos em Christopher.
Agora olhava aquela casa enorme, era tão bonita por fora e tão triste por dentro, não existia alegria, afeto, apenas futilidade e luxúria, isso para mim não valia nada. Ele conseguiu me convencer a voltar, esperamos algumas semanas para que fosse seguro para que Heitor fizesse uma viagem de tantas horas e também para que não pudesse fazer mal nenhum a ele. Entramos e olhei ao meu redor, tudo estava exatamente como antes.
Helena: Ai senhora, que bom que voltou! E esse pequeno?
- Te apresento Heitor, meu.. nosso filho.
Helena: Posso segura-lo?
- Claro que sim. - Ela o pegou com cuidado e o segurou no colo.
Helena: Que bonitinho, é muito parecido com a senhora e com o senhor também.
Christopher: As vezes tenho medo de pega-lo no colo por ser tão pequeno.
Helena: Logo o senhor se acostuma. Querem que eu o leve para o quarto para que descansem?
- Muito obrigada, mas não será necessario, eu o levo. - Peguei Heitor de volta em meus braços.
Helena: Sim senhora, com licença. - Helena saiu e subi as escadas com Heitor.
- Qual é o quarto do Heitor?
Christopher: O terceiro. O seu é ao lado, e eu pedi com que reformassem e colocassem uma porta para que seja mais fácil se caso ele chorar a noite. - Subimos as escadas e ele abriu a porta. - Espero que goste. - Estava tudo decorado, o quarto era em um tom de azul claro com algumas nuvensinhas, bichinhos de pelúcia, bonecos. O berço era branco e o travesseiro e o colchãozinho era decorado com várias listras azul e branco.
- Ficou muito bonito. - Disse ninando Heitor.
Christopher: Que bom que gostou. - Coloquei-o no berço e fechei o mosquiteiro, ele havia dormido. - Não coloquei nenhuna foto, se caso tiver alguma e quiser colocar. - Disse baixinho, saimos do quarto e eu fechei a porta.
- Eu fiz um ensaio de gravidez em Madrid. Depois pretendo colocar alguma foto aqui.
Christopher: Posso ve-lo?
- Depois, quem sabe. Com licença vou descansar um pouco. - Disse seca e entrei no quarto ao lado. Estava cansada, vi que minhas malas já estavam em meu quarto e então fui direto tomar um banho, me olhei no espelho e ainda estava meio gordinha, mesmo depois de quatro semanas a barriga da gravidez ainda permanecia. Preparei meu banho e me relaxei na banheira e acabei dormindo por algum tempo, depois que sai, vesti uma blusa mais larguinha, um short e me olhei no espelho, meu cabelo estava um pouco mais fino e menos cheio que antes, tive um pouco de queda pela gravidez e não sei, não gostava do que via, sentia a necessidade de uma mudança.
- Quem sabe pintar esse cabelo de vermelho? É poderia ser... - Deixei a escova e me deitei na cama adormecendo logo em seguida.
Dormi por bastante tempo e despertei-me olhando a hora, já era uma hora da tarde. Mal pensei e sai correndo indo até o quarto de Heitor para ver se tudo estava bem, mas me surpreendi, Christopher já estava lá sentado o observando.
- Tá tudo bem? - Disse ainda meio sonolenta.
Christopher: Sim, ele acordou faz algum tempo, porém dormiu novamente.
- Ai que susto. - Me sentei na poltrona - Porque não me acordou?
Christopher: Você estava cansada, não dormiu toda a noite e como eu estava mais descansado não quis te acordar.
- Dá próxima vez pode me chamar. - Disse séria. - Ele deveria estar com fome. - Me levantei arrumando o mosquiteiro.
Christopher: Acho que não, ele apenas acordou por um minuto e depois voltou a dormir.
- Não entendo. E como você percebeu como ele estava acordado?
Christopher: Eu não consegui dormir, então vim para cá.
- Entendi. Pode deixar, eu fico com ele.
Christopher: Primeiro vai comer algo, não pode ficar de estômago vazio. Eu fico aqui.
- Tudo bem, já volto. - Sai do quarto e desci as escadas indo até a cozinha.
Helena: Deseja algo senhora?
- Umas frutas picadas, um suco e duas torradas, por favor. - Disse me sentando na bancada da cozinha.
Helena: A senhora não muda, nunca pula o café da manhã.
- Nunca. Posso almoçar na hora do jantar, mas nunca pular o café da manhã. - Ela riu.
Helena: Posso perguntar algo senhora?
- Pode sim Helena.
Helena: Você e o patrão estão juntos novamente? - Eu ri.
- Nós nunca estivemos juntos, Helena. Você mais que todo mundo sabe o que aconteceu comigo todos esses anos, entre nós dois nunca houve nada que não passasse de um teatro para os jornalistas.
Helena: Mas acho que agora o patrão está mudado.
- Quase impossivel que o Christopher que conheci tenha mudado.
Helena: Depois que a senhora foi embora ele deixou aquela mulher, ela insistia em vir aqui, mas ele sempre a desprezava, ele ficou louco atrás de você, principalmente quando suspeitou que a senhora estivesse grávida. Ele tem um quadro com uma foto de vocês dois, várias vezes eu o via triste olhando para aquele quadro e dizendo o nome da senhora, eu mesma me surpreendi, porém ele mudou senhora, mudou por amor.
- Christopher não ama mais ninguem do que a si mesmo. E sobre o quadro, o mundo dá voltas não é mesmo, está provando do seu próprio veneno. - Ela colocou o suco, as frutas e as torradas na mesa.
Helena: De verdade não o ama mais senhora? Não há nenhuma chance de que vocês se reconciliem?
- Não, Helena. Desde o começo isso estava destinado ao fracasso, só eu que não via.
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Quédate Lejos de Mí
FanfictionO dia de seu casamento para uma mulher é um dos dias mais felizes de sua vida. Se casar com alguem que faz o seu coração bater mais forte, que sente seu corpo estremecer em apenas ve-lo mesmo que seja de longe, que com apenas um abraço sinta como se...