Jimin P.O.V
Mais uma noite. Mais uma premiação. Mais premios ganhos. Tudo que poderia me fazer ser a pessoa mais grata da face da terra. Porém, eu não me sentia assim hoje. Não presenciando a cena à minha frente.
Ela estava presente. Depois de meses sem ligações, mensagens, ou até mesmp a droga de um sinal de fumaça. Ela estava aqui. Na minha frente. Nosso término ainda era recente para mim. E doía vê-la em cada rosto na rua, em todos os sonhos que eu tinha. Eu não tinha seguido em fente. Ainda não. Mas ela... Pelo que eu podia ver, tinha conseguido muito fácil. Tão fácil, que me fez questionar o quão substituível eu era.
Mais um suspiro escapa por meus lábios, e eu bebo outro gole de champanhe. Desviei os olhos dos dois por uns segundos, mas pareciam imãs. Meus olhos sempre eram atraídos para ela e ele. Ambos abraçados e conversando.Ela desviou o olhar dele e seus olhos pousaram em mim. O ar saiu de meus pulmões e meu coração acelerou. Seus olhos logo voltaram para ele, que tinha os braços ao redor dela, e ela gargalhou, provavelmente de alguma piada que ele tinha dito. Falsa. Eu podia ver que era uma gargalhada falsa. Eu tinha tudo dela memorizado. Acho que a piada não era tão engraçada afinal.
Desviei meu olhar novamente, encarando a taça em minha mão, que de repente parecia ser interessantíssima. Meus pensamentos voaram para a nossa última discussão.>>>> flashback on <<<<
- Eu não acredito que você está mesmo indo embora. - disse alterado. A mesma me encarou gargalhando sarcástica.
- Esse é o seu problema Park. Não entende, não acredita em N coisas. - ela me respondeu.
- O que isso quer dizer ? - questionei.
- Eu não tenho tempo para sentar e desenhar pra você agora. Eu tenho que ir. Lisa está me esperando lá fora. - apontou ela. Suspirei.
- Você não pode fazer isso... Tivemos uma discussão, e nem cinco minutos depois, você está desistindo de tudo e pulando fora ? - disse. Ela me encarava. - E quanto a mim ? Ao amor que sinto por você ? Não significam nada, para você ir embora assim ? - questionei ela.
- Você realmente não entende, não é Jimin ? - ela disse soltando um suspiro cansado. A encarei confuso. - Eu tenho que ir. - ela disse descendo as escadas rapidamente, e batendo a porta da frente.>>>> flashback off <<<<
Fechei meus olhos contando até cinco, tendo a impressão de há ter visto tudo aquilo. Como se fosse um filme. Um filme que você não gosta do final. Abri meus olhos novamente, e voltei a encará-los. As mãos dele contra a pele dela. Eu quem costumava fazer aquilo. Aquele lugar era meu. Ela costumava ser minha terra natal. Agora não era mais mais. Bebi outro gole de champanhe. O que eu tenho para defender agora ? Nada. Ela era minha terra natal. Mas agora, eu estava exilado, vendo ela partir. Droga, já tinha mesmo visto esse filme antes.
Seu P.O.V
Eu podia sentir o olhar dele sobre nós. Queimando como fogo. Podia vê-lo nos encarando. Me encarando. Encarando Jackson. Como se ele fosse apenas um substituto dele. Como se a qualquer momento, ele fosse sair de onde estava, e vir até aqui para brigar. Como se fosse trocar socos por mim.
Jackson tinha os braços em minha cintura, enquanto conversávamos e trocávamos olhares. Desviei o olhar de Jackson, e constatei o que eu já sabia. Jimin estava nos encarando. Meu coração acelerou e minhas pernas ficaram bambas. O efeito que ele tinha sobre mim era inexplicável.
Voltei a olhar para Jackson que tinha contado uma piada. Era uma piada sem nenhuma graça, eu tinha que ser franca. Mas mesmo assim, eu gargalhei.
Me lembrei das brigas, das noites fora, da distância e meu peito doeu. Segunda, terceira e centésima chance. Eu tinha feito de absolutamente tudo o que eu podia por nós dois. Nosso relacionamento era instável. Como se estivesse sempre se balançando em galhos quebradiços. Eu tinha tentado negar isso por muito tempo. Eu não queria ter que admitir a verdade. E por mais que a mentira doesse mais, pelo menos, eu o tinha.
Entretanto, tinha se tornado insustentável. Eu tive que deixar ir. Depois de toda luta, persistência e insistência, eu o deixei ir. Nos deixei ir. Eu tinha tentado seguir em frente. Eu merecia ser feliz com alguém. Eu estava tentando. Mas o olhar que eu estava recebendo de Jimin, não ajudava em nada. Aquele olhar só piorava a situação.De repente, já não me sentia tão bem quanto como tinha saído de casa. Eu já tinha visto isso antes. Como um daqueles filmes ruins que você odeia o final. Eu não era mais problema dele. Quem eu estava ofendendo agora ? Ofendendo sim, porque ele parecia ofendido. O que eu não entendia.
Ele era minha coroa, mas agora que estava exilada vendo ele partir.
Eu realmente já tinha visto esse filme antes. O lugar parecia cheio demais, e eu não conseguia mais ficar lá dentro.
Era isso. Estava saindo pela porta dos fundos.Jimin P.O.V
Eu a vi cochichar no ouvido dele, e sair dali o mais rápido possível. Me levantei e segui atrás dela o mais rápido que conseguia. Era a cara dela sair assim. Acho que esse era o jeito dela de enfrentar tudo.
Mordi os lábios para impedir que as lágrimas acumuladas em meus olhos caíssem. Eu não poderia mais chorar por ela. Todo esse tempo.
Eu sabia que sempre tínhamos andado por uma linha muito frágil. Pensar nisso me machucava.
Cheguei do lado de fora, e a encontrei encostada na parede, encarando o céu. Me aproximei tocando o ombro dela lentamente.- Todo esse tempo... - comecei. - Você nem me ouviu. - disse. Ela negou.
- Você nem me ouviu. - retrucou. Suspirei fechando os olhos.
- Você nunca deu sinais de alerta. - apontei. Ela sorriu sem humor.
- Eu dei tantos sinais. - ela disse. Então tudo fez sentido. A feição cansada dela. A voz trêmula. Os olhos cheios de lágrimas. Mordi meus lábios a encarando perplexo.
- Todo esse tempo... - disse com a voz trêmula. - Nunca aprendi a ler sua mente... - sussurrei, mais pedindo uma confirmação do que afirmando.
- Você nunca aprendeu a ler a minha mente. - ela confirmou. Uma lágrima escorreu.
- Nunca consegui mudar as coisas... - um soluço escapou de meus lábios.
- Você nunca mudou as coisas. - ela retrucou novamente.
- Você... Nunca deu sinais de alerta. - apontei mais uma vez. Pra mim, eram invisíveis. Sempre foram e sempre serão.
- Oh Jimin... Eu dei tantos sinais... Tantos sinais... - ela disse tocando minha bochecha e limpando minhas lágrimas. - Você nem mesmo viu os sinais. - disse sorrindo fraco.
- Você nunca deu sinais de alerta... -